Formado em 2014 na cidade de Byron Bay, a banda Parcels é composta por cinco parcelas (piadinha boba): Louie Swain e Patrick Hetherington, comandando as teclas, Noah Hill, baixista, Anatole Serret, baterista e Jules Crommelin, guitarrista. Todos os integrantes também contribuem com os vocais, como uma espécie de coral. Os próprios membros se descrevem como “uma espécie de mistura entre eletro-pop e disco-soul” – ou seja, é um combinado entre funk, disco e soft rock oitentista.
Pouco depois do início da carreira, os cinco australianos juntaram suas coisas e se mudaram para Berlim, onde encontraram um ambiente fértil para desenvolver a identidade sonora do grupo, que é frequentemente comparada à de bandas para lá de icônicas, como Jamiroquai, Nile Rodgers, Chic, Steely Dan e Daft Punk. Não à toa, o grupo chamou a atenção do duo francês de música eletrônica, que os produziu no single “Overnight”, um dos marcos iniciais da banda no cenário global, lançado em 2017.
Como diria Madonna: get into the groove
O trabalho do Parcels afina harmonias vocais bem trabalhadas, linhas de baixo palpitantes e arranjos elegantes que evocam o groove dos anos 70 – tudo isso sem soar datado. A influência do soft e do yacht rock também se faz presente e cria uma amálgama sonora nostálgica e inovadora ao mesmo tempo. É como se alguém pegasse uma música da década de 1970 ou 80 (depende de qual trabalho da banda estamos falando) e colocasse uma roupagem moderna, quase uma espécie de remix. Falando assim pode parecer enfadonho, mas acredite: é magnético.
A singularidade dos Parcels reside na tentativa de criar um som que é, ao mesmo tempo, familiar e excêntrico. A banda consegue resgatar a essência da música disco e do funk, mas adiciona elementos modernos e originais que a tornam, por essa mélange de referências, atemporal.
O álbum de estreia autointitulado, lançado em 2018, solidificou o estilo Parcélico, trazendo faixas como “Lightenup” e “Tieduprightnow”, que mostram o equilíbrio entre influências clássicas e um approach moderno à produção musical. A partir dele dá para ter uma noção do alicerce sonoro do grupo.
Quem for ao Lollapalooza conferir a apresentação da banda, que rola no dia 30 de março, domingo, vai se deparar com o compromisso do Parcels com apresentações ao vivo de extrema precisão. O grupo busca reproduzir sua música com a mesma fidelidade do estúdio, e esse rigor técnico se reflete na produção de álbuns e performances. Se o que se busca é, acima de boa música, um espetáculo, é a hora de fechar a agenda para conferir o quinteto no fim da tarde.
***
E quem quiser conferir Parcels sem ir ao Lollapalooza (ou estiver ansiando por um repeteco), pode garantir sua entrada no side show da banda. O quinteto se apresenta no dia seguinte, 31 de março, na Audio, em São Paulo.