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I May Destroy You | Conheça a nova série da Michaela Coel na HBO

Talvez você conheça Michaela Coel a atriz, roteirista e criadora de Chewing Gum. A série de comédia que teve duas temporadas foi um sucesso da Netflix. A história de Tracey Gordon, criada em uma família religiosa, que aos 24 anos pretende perder a virgindade foi inspirada na própria vida de Michaela, que aos 18 anos se converteu como cristã e passou a dedicar sua vida – na época – à religião.

Conhecer a história de Michaela não é essencial para entender suas obras, mas os acontecimentos em sua vida são extremamente importantes para a construção de suas narrativas. Michaela enquanto mulher negra, filha de imigrantes ganeses, nascida em Londres e criada na classe trabalhadora da capital inglesa, sempre leva sua origem para as histórias que cria. Mesmo que hoje em dia não se considere mais cristã foi participando de um grupo de dança da igreja que ela decidiu sair da faculdade de Ciências Políticas e para fazer Teatro.

“Eu tendo a escrever a partir da realidade, é instintivo”

A ideia de I May Destroy You veio a partir de uma experiência real de abuso sexual. Enquanto escrevia o roteiro da segunda temporada de Chewing Gum, Michaela saiu para uma festa com alguns amigos. Após ela acordar no outro dia, ela só conseguia se lembrar da imagem de um homem “fazendo algo suspeito”.

Na série, Michaela é Arabella e a personagem é uma escritora que fez sucesso no twitter pela forma engraçada em que comenta sobre acontecimentos na vida dos millennials. Agora, ela está prestes a publicar seu segundo livro quando sofre a agressão sexual.

Mesmo sendo um assunto delicado e pesado, o elemento humorístico ainda está lá. Por isso ela é colocada ao mesmo nível de outras criadoras da atualidade como Phoebe Waller-Bridge e Issa Rae. Michaela e Issa colocam o elemento racial em suas tramas mas sempre com aquele lado questionador de “só por eu ser negra eu não tenho que falar somente de racismo, veja: eu faço outras coisas”.

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E essa não é exatamente uma história em que o centro de tudo é descobrir quem fez isso a ela e nem sobre vingança. É uma história que trata de como a personagem tenta se reencontrar quando uma parte de si foi violada. Esse é um dos pontos fortes da série, geralmente vemos personagens vítimas de estupro serem retratadas apenas dessa forma, como vítimas.

Já em I May Destroy You, Arabella têm uma vida, têm amigos, têm defeitos e também lida com os defeitos de quem está próximo a ela. Nos poucos episódios liberados, já podemos perceber que ela está em busca de saber o que aconteceu, não só para voltar a confiar nos outros mas também para voltar a confiar e entender em si mesma.

Outro ponto forte da série são os personagens secundários amigos de Arabella. A amiga aspirante a atriz Terry e o amigo viciado em Grindr, Kwame, além do casal Simon e Kat que estão tentando renovar a relação através de um menage – que logo percebemos que não foi uma boa ideia.

Além de outros elementos que ajudam a construir a trama como: a trilha sonora regada de Rap e R&B, o uso constante de drogas – como se os personagens de Euphoria estivessem na fase adulta –  a belíssima fotografia e relações sexuais – até mesmo no período menstrual.

A série quase não aconteceu!

I May Destroy You já está sendo considerada uma das melhores séries do ano pela crítica especializada. Porém, ao tentar vender a história para a Netflix, a plataforma ofereceu um contrato de 1 milhão mas em contrapartida ela não teria os direitos da própria criação. Essa situação questionável por parte da gigante dos streamings foi ultrapassada ao entrar em contato com a HBO e ter não só seu nome como produtora mas também ter os direitos de sua obra. 

A série já está disponível no HBO GO e já possui 5 episódios lançados.

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