Pensar na comoção estrondosa que Dua Lipa conseguiu levantar atualmente, ainda mais durante o lançamento do badalado e insano Future Nostalgia, nos leva para uma discussão importante: talvez a artista nunca tenha nesse tempo nos entregado um trabalho ruim. Ou seja, todo esse sucesso é mais que valioso, ele é merecido.
E lá em 2017 Dua colocava no mundo o seu sólido debut. O auto-intitulado disco a trouxe aos olhos do globo a princípio com o lançamento do avassalador hit “New Rules“. Que colocava na mesa uma composição belissíma sobre apoio e rompimento envolta de regras a seguir para superar de vez um ex amor. Desde sempre o single é apenas uma das jóias preciosas que encontramos por entre as várias sensações legítimas do pop.
São 17 canções, levando em conta a versão deluxe, que seguem fielmente uma risca de estética sonora — pensada a fio para soar para aquela época como um verdadeiro arremate. A produção é levada em conta para criar um prato cheio para quem curte daquele pop ideal para se escutar e tirar o pé do chão, mas manter o coração em sintonia com as típicas dores que o amor pode provocar, e claro, também, preservar os lados bons.
Nessa técnica, que primordialmente usufrui até a última gota do puro electropop, temos altos que hoje parecem gritar em alto som como peças únicas. Sejam pelos vocais mágicos de Dua ou a confiança que o álbum coloca em sua própria criadora. Ele soa determinado em tudo que decide testar, desde a singularidade da voz de sua dona até as viagens por diferentes forças harmoniosas.
Dua Lipa parece uma estrela do pop anos luz a frente
“Be the One“, canção espetacular que deve entrar na lista de melhores faixas da artista, funciona aqui como o melhor levante para definir o disco. Serve voz, simbologias, batidas, atmosfera e tudo que gira em torno do que pode definir uma música como incrível. “Last Dance” também é outro precioso fragmento desse mundo que Dua constrói com primor. “Begging” tem uma incrível construção de clímax que estoura com muito prazer. E ainda encontramos “New Love“, que exerce alguma das linhas mais autênticas dentro da carreira da artista.
É venerável a potência que Dua decide colocar em plano aqui, como se não houvesse medo do que o futuro pode aguardar, e encarando o Dua Lipa nos dias de hoje, o trabalho de registro fica ainda melhor. Sobretudo não só por podermos ver quem ela era, mas porque desde sempre ele representou iconicamente o lançamento de uma estrela mundial que agora está um patamar imparável.