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Crítica | Nathy Peluso, “Calambre”

Jazz, trap, hip hop, soul, R&B: “Calambre”. disco de estreia de Nathy Peluso, traz diversos elementos musicais para o nicho latinoamericano.

A tradução de “Calambre”, nome do primeiro álbum de estúdio da cantora argentina Nathy Peluso, é “choque elétrico”, palavras que resumem, sem precisar de mais explicações, as impressões causadas pela obra. Por mais que, como dito, Calambre não precise de delongas explanativas, esse é o papel de uma crítica – então, portanto, segue aqui uma review do disco.

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que Nathy Peluso é um dos principais nomes da cena trapera – isto é, das faixas trap gravadas em espanhol. Além do mais, por ser argentina, a cantora também coroa a América Latina com sua maestria. Bem como trapera, Peluso também é salsera, reggaetonera e diva: isso porque seu disco permeia diversos gêneros musicais, aos quais a artista se adapta e entrega resultados consistentes de acordo com a proposta de cada um deles. Porém, tamanha versatilidade pode ocasionar em uma questão importante, mas não fundamental, a ser levantada – a consistência de um disco.

Calambre mostra, de fato, as diferentes facetas de Nathy Peluso, facetas essas que incluem boas doses de latinidade. No entanto, neste caso, o mais se tornou menos, o que torna o disco confuso. Não bastasse a grande diferença entre os gêneros, as faixas são dispostas sem levar em conta possibilidades de transições, isto é, colocar faixas de média “intensidade” entre uma composição lenta e outra enérgica. Sendo assim, Calambre conta com faixas incríveis, bem escritas, dançantes e por vezes relaxantes, porém mal escolhidas para serem tocadas sequencialmente. Quem ouvir o disco em serviços de streaming passará por apertos para ouvir Calambre fora de sequência. É melhor colocar as faixas em uma playlist e curtir o trabalho da artista juntamente a sonoridades parecidas. 

O primeiro disco da carreira de Peluso é sexy, envolvente e esperto, de modo que mescla canções e samples em transições entre as faixas. Apesar da inconsistência linear das faixas, o disco recapitula alguns elementos ao longo de sua reprodução. Um ponto importante de todo o Calambre é o próprio choque elétrico causado pelo empoderamento feminino. Mesmo já sendo uma mulher forte, Nathy Peluso não deixa de reafirmar seu poder, seja nas letras, nos clipes ou por meio de sua voz. Este é, inclusive, um dos elementos mais fortes de todo o disco. A artista consegue partir de um grave ressonante para um agudo falsético. 

Nathy Peluso não se resume apenas ao seu trabalho, mas também a quem é. A artista é a própria eletricidade, e a conduz por meio de Calambre em um material condutor, capaz de causar um choque elétrico no ouvinte.

Nota: 76/100

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