É sublime ver quão longe executar uma história usando a animação pode ser espetacular. Há cada vez mais vozes que precisam proclamar toda essa revolução e fazer com que esse cinema seja visto e levado a sério.
Assistir narrativas dessa forma é não sugerir, mas afirmar que todos envolvidos numa produção assim devem ser categorizadas como valentes devido a todo um rancor desnecessário que permeia esse assunto. Assim sendo, nos damos de cara com resultados esplêndidos e de fazer marejar.
“Perlimps“, de Alê Abreu, (indicado ao Oscar com “O Menino e o Mundo”), se consagra por aderir em seu cerne toda a alma que criar uma animação precisa concentrar. A obra é basicamente uma constatação de que um filme animado é um ato de revolução — essa questão se duplica se formos encarar como o cinema nacional é visto.
Não que o longa queira ser escutado como um tipo de força que vem para alterar passados e servir como um levante de preceitos, mas o fato de apenas existir e realizar com muita sabedoria o mundo criado para a obra, todo o debate de que animação é sim uma potência parece que vem a tona com leveza.
O universo de “Perlimps” parece um pouco complicado de se condensar ao encontrarmos Bruô e Claé em uma aventura que segue os moldes típicos da jornada do herói, mas se faz diferente no porquê esses dois estão juntos e precisam ir atrás da resolução dos problemas de mundo. O risco aparentemente somos nós, tido como gigantes que querem acabar com a Mãe Natureza.
Mundo, som, história e personagens conversam como nada visto antes no nosso cinema
Tudo ao redor dos fofos protagonistas parece ser colocado numa balança que sempre tende a pesar para dois lados: som e imagem. A trama é sim um forte ponto característico que faz de tudo colocado em tela híper autêntico, mas esses dois fatores fazem do projeto algo completamente inabalável.
Usando cores que nem mesmo nos momentos mais escuros deixam de encantar, a técnica 2D é tão bem unificada ao som que o resultado é poético ao ponto de tornar purificante em assistir e santificar que esse é um feito brasileiro — é possível se orgulhar por si só, devido a cada quadro colocado em cena, e por eles serem unicamente nossos.
Os artifícios de “Perlimps” colocados no recipiente, diante de um belo pano de fundo, ressaltam é o quanto a animação se faz bonita, não apenas por suas cores vibrantes, personagens encantadores, atmosfera que lava a alma e músicas que parecem como canções de ninar, mas por respeitar o propósito que acima de tudo a torna verídica.
“Perlimps” chega dia 9 de fevereiro nos cinemas.