Crítica | Com ritmo e carisma, “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” revigora a franquia

Após um quarto filme morno, Indiana Jones retorna às telonas com ainda mais irreverência e vitalidade para a despedida de Harrison Ford
(L-R): Teddy (Ethann Isidore), Indiana Jones (Harrison Ford) and Helena (Phoebe Waller-Bridge) in Lucasfilm’s INDIANA JONES AND THE DIAL OF DESTINY. ©2023 Lucasfilm Ltd. & TM. All Rights Reserved.

Como fazer uma franquia sobreviver ao tempo, às mudanças do mundo e principalmente de seus astros principais? Como fazer um quinto filme de uma série que começou há quarenta anos, e ainda recuperar parte da audiência perdida pelo caminho?

Esses parecem ter sido os desafios iniciais dos roteiristas e produtores que se reuniram para criar um novo Indiana Jones, principalmente agora, sem a direção de Steven Spielberg e com um Harrison Ford prestes a completar seus oitenta e um anos.

Entre as decisões mais acertadas, podemos elogiar principalmente a enorme cena de abertura no “passado”, em que vemos um Indy muito mais novo, graças à tecnologia e efeitos especiais, e a adição de Phoebe Waller-Bridge ao elenco. Se a primeira cena nos causa a sensação deliciosa de estar vendo algo diretamente dos cofres que guardam as melhores emoções dos três primeiros filmes, as aparições de Phoebe conferem à narrativa um frescor e um carisma necessários para a recuperar a admiração do público pela série.

Soando como uma homenagem à trilogia original, o ritmo de A Relíquia do Destino satisfaz e até impressiona, se considerarmos a idade de seu ator principal. Harrison, que fez inclusive questão de aparecer sem camisa na primeira cena em que o filme alcança a “atualidade” narrativa, não quis esconder o passar dos anos e seu lado mais humano. Em momentos de descontração, a idade e limitações físicas do ator surgem como uma vulnerabilidade e realismo necessários: elementos que ajudam a audiência a empatizar, sorrir e admirar um herói mais realista – nesses termos.

Crédito: Lucasfilm/Disney (2023)

A aparição de atores e atrizes da trilogia inicial também emocionam, mesmo sendo já esperadas. O elemento nostálgico não soa tão apelativo como em outros filmes, mas sim um adicional carinhoso – e que a despedida de Harrison merecia.

É incerto dizer se Phoebe assume – dentro do possível –, o papel do padrinho e arqueólogo que foi amado e admirado por tantas décadas, mas é inegável o potencial e, principalmente, o carisma e química de dois excelentes atores em cena. A atriz diverte, instiga, desafia e emociona o espectador, servindo um banquete para qualquer um que se conecta à sua personagem e se aventura acompanhando a trama.

A Relíquia do Destino se consagra assim uma ótima surpresa, um delicioso filme de aventura como há anos não tínhamos no cinema, e uma aula de recuperação de rota, desviada após “O Reino da Caveira de Cristal”, mas que encontra seu lugar necessário. Na despedida de um dos personagens mais icônicos na história do cinema há emoção, diversão, nostalgia e cenas de tirar o fôlego. Afinal, cinema não é exatamente tudo isso?

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