Apresentando uma sonoridade mais madura, Lagum lançou seu quarto álbum de estúdio, intitulado “Depois do Fim “, vindo logo após do recente EP “FIM”. O escutai pôde ouvir o projeto antes de ser lançado e contamos aqui nossas principais impressões.
“Depois do Fim “ traz consigo uma nova essência para a Lagum com uma sonoridade completamente diferente de seus antecessores. O novo álbum é um projeto visual que apresenta 14 faixas, incluindo a já lançada “Ponto de Vista”, que também fez parte do EP “Fim”, divulgado em março. As três músicas do EP serviram como uma prévia para a atual fase do grupo, que se mostra mais íntima e pessoal do que nunca, desde o início da carreira.
As letras desse novo projeto abordam temas como relacionamentos, amadurecimento e autoconhecimento, de uma maneira autêntica e realmente tocante. Lagum, aqui, conseguiu transmitir através das músicas a sensação de que o amadurecimento não é algo fácil, mas é necessário e faz parte da vida.
Toda essa carga emocional lírica é registrada em “Depois do Fim” por uma forte carga pessoal e honesta, refletindo as experiências de perda e superação que se correlacionam com uma recente perda da banda, a morte do baterista Tio Wilson. A Lagum busca transmitir mensagens positivas e de força através de suas músicas, mostrando que é possível seguir em frente apesar destes desafios adversos que todos podem se deprar durante a vida, seja qual o auge emocional dela. O projeto exibe uma nítida evolução em termos de composição e profundidade emocional desde o antecessor, “MEMÓRIAS (de onde eu nunca fui)”, de 2021.
“Um mergulho para dentro de si”, é como Pedro Calais define essa nova fase da banda e é exatamente isso que conseguimos enxergar. Lagum se mostrou ser fruto de um processo criativo intenso e cuidadoso transparecendo a cada música nova que escutamos; Pedro Calais (vocalista), Otavio Cardoso Zani (guitarra), Jorge Borges (guitarra) e Francisco Jardim (baixo) se mostram cada vez mais curiosos e dispostos a experimentar novos ritmos e a trazer referências pessoais de cada membro para cada nova composição, sem ainda deixar escapar o que eles querem ser.
Em termos de pontos altos de “Depois do Fim”, sua produção é a que fica em grande destaque, apresentando um salto qualitativo não só em sua montagem, mas também na mixagem que aqui entrega um novo patamar, valorizando ainda mais a qualidade sonora.
“Depois do Fim”, representa um momento significativo na história da Lagum, pois é o primeiro álbum a ser inteiramente produzido sem a participação de Tio Wilson, o que fica evidente pela falta de uma bateria mais marcante nas faixas. Embora o trabalho anterior da banda tenha sido lançado oito meses após a morte do baterista, ele ainda havia participado de parte das composições e gravações.
O vocalista, Pedro Calais, explica que a banda deu tempo ao tempo para lidar com a perda e, com este álbum, não procurou substituir Tio por outro integrante. Em vez disso, eles estão se concentrando em se entenderem como um grupo de quatro indivíduos, e estão se conectando cada vez mais entre si. Calais afirma – em entrevista ao Estadão, que “depois de tanta dor, sofrimento e dificuldades, este é um ‘depois do fim’ feliz para a banda”.
“Depois do Fim” é um álbum sólido e consistente, que mostra evolução em termos de maturidade musical e de produção. Ainda que a falta de certos elementos conhecidos por serem autênticos da Lagum aqui faltem em uma quantidade superficial, isso não torna o projeto algo fora de sua identidade — muito pelo contrário, de alguma forma ela se torna a principal característica ao longo das 14 faixas. A mistura de estilos e a autenticidade das letras são pontos altos do trabalho, que deve agradar tanto aos fãs mais antigos quanto a um novo público da Lagum, que inevitavelmente se consolida cada vez mais como uma das principais referências do pop-rock brasileiro.
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