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Crítica | XYLØ, “Unamerican Beauty”

Entrando em campo com todo seu potencial, o debut álbum de XYLØ é um certificado de amadurecimento

Após uma série de EPs ao longo de sua carreira, XYLØ anuncia seu primeiro full-lenght álbum, Unamerican Beauty. Entregando uma crítica social não apenas ao padrão de beleza, a cantora transforma todo o comportamento americano em um conceito esplêndido para sua estreia.

Caprichando sem medo e abraçando a sonoridade dos anos 90, Paige, nome de nascença de XYLØ, deixa sua marca na indústria com letras promissoras que soam à frente do tempo. Produzido por conta própria ao lado de seu parceiro (e produtor musical) Lee Newell, a atmosfera não-tão-dançante entrega mais de seu satisfatório som que envelhece como um vinho fino à cada trabalho.

Em recente entrevista, a cantora afirmou que durante o processo de criação do álbum evitou ao máximo ouvir outras músicas para que seu som não fosse influenciado por diferentes ritmos. Resultando na impressão de sua personalidade única, Unamerican Beauty tende a ser o produto de um casamento entre dois de seus mais marcantes EPs, The Ganglands of My Heart e Pretty Sad.

Apesar de diversos pontos altos com seu estilo alternativo, o carro chefe “aliens” acaba sendo o lugar mais fraco dessa crítica ao moralismo americano. Mesmo assim, o deslize não impede a qualidade do trabalho de XYLØ em chegar ao seu maior nível. Afinal, o cuidado na produção já pode ser notado a partir do primeiro minuto da faixa título que, por acaso, inicia com algo similar ao que Lana Del Rey serviu em 2012 com o single “Blue Jeans” — esse saudosismo nostágico ao pleito americano narrado de forma agridoce.

Falando nos altos e baixos, “starfucker” e “home video” são destaques que não podem passar batidos. Numa menção ao cineasta Martin Scorsese durante a fervorosa faixa 10, temos a certeza de que XYLØ é um grande exemplo de como abraçar pequenos detalhes. Sua busca pelo conhecimento não só na indústria fonográfica mas também no meio cinematográfico é o que caracteriza Paige Duddy como uma compositora excêntrica e fora da caixa.

Entrando em campo com todo seu potencial, seu debut álbum é um certificado de amadurecimento e uma possível consagração da cantora. Talvez não como uma futura A-list, mas sim como uma personalidade capaz de moldar caráter e ditar tendências por onde passa — cargo importante a ser exercido.

Unamerican Beauty promete te deixar boquiaberto com força em vocais potentes, passeando entre sonoridades já conhecidas e amadas como uma mistura entre Lana Del Rey e MARINA (and the Diamonds).

Nota: 85/100

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