De artista pra fã: Como foi o show do Kraftwerk no C6 Fest São Paulo?

A breve percepção de uma fã sobre o show da banda mais marcante e influente da música eletrônica

O segundo dia de C6 Fest em São Paulo foi uma experiência totalmente inesperada, pois acompanhando o Kraftwerk há 7 anos, não havia indícios de que mesmo com o lançamento do 3-D The Catalogue, em 2017, a turnê chegaria ao Brasil. Então, ter o contato com aqueles que dominaram meus fones foi uma sensação incrível. As expectativas para essa apresentação eram altas, já que na última vez que o grupo se apresentou foi em 2008, abrindo para o Radiohead.

Contudo, é importante frisar: um show do Kraftwerk não é como uma The Eras Tour, da Taylor Swift ou Renaissance Tour, da Beyoncé, não há uma presença de palco ou coreografias elaboradas. Desde 1978, com o lançamento de The Man-Machine, os integrantes mantém a imagem robótica: pouco se sabe sobre detalhes da sua vida, não há interações com o público ou com os integrantes. É como assistir máquinas trabalhando, e isso é o que torna a apresentação tão interessante e mágica.

Ademais, para compensar a pouca movimentação de palco, os telões são lotados por filmagens, que dão a sensação imersiva de contemplar o conceito que cada canção tem, é algo que enche os olhos, pois cada imagem possui características muito distintas entre si — é uma sensação de trocar de canal de TV a cada música.

Quanto ao setlist, o Kraftwerk trouxe uma diversidade de sucessos dos últimos anos, de Computer Love a Planet Of Visions, a escolha foi planejada para ser dançante e para trazer muitos hits aos fãs. É um show inteiramente pensado para  agradar ao seu público cativo. Entretanto, senti falta de Radioactivity, que se encaixaria perfeitamente na apresentação.

Crédito: C6 Fest SP (2023)

Sobre o público: era perceptível que mesmo como uma quantidade grande de pessoas que provavelmente virão a banda surgir nas festas de 40 anos atrás, o público jovem era ainda mais animado e entusiasta. Vários grupos de amigos observando cada mudança sonora que surgia nos equipamentos de Ralf Hütter, ao mesmo tempo que dançavam e pediam por mais uma canção.

Assistir a essa apresentação foi um grande marco em minha vida, pude ver pessoas que sem nem saber, acompanharam minha adolescência, foram parte de trabalhos escolares meus e até citação na minha redação do ENEM. Quando o último integrante se despediu do público, chorei de alegria por ter prestigiado os “robôs” mas talentosos e carismáticos de Alemanha.

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