Dorian Electra distorce e remonta gêneros em seu pop único

Dorian Electra se prepara para seu terceiro disco enquanto não deixa a estética queer de lado, mostrando que sua arte vai além do som.

Dorian Electra faz música pop, e não há dúvidas sobre isso. No entanto, as curvas e paradas percorrem um percurso tão singular entre a criação mental e a sonoridade que faz com que possamos ver o mapa traçado como uma pintura abstrata. De uma inspiração até o resultado final no estúdio, é possível notar que musicalmente há tantas camadas, que designar um local exato para uma artista como elu é impossível. O momento em que a maioria de seus fãs conheceu seu trabalho foi com o incrível debut de 2019; “Flamboyant”.

Já naquele disco era possível entender que as distorções em produções e a facilidade para desmontar e reconstruir sons eram características muito perceptíveis em seu trabalho, e apesar daquele ser o seu momento mais acessível, atualmente há muito do que o público viu há quase cinco anos.

No entanto, como a cabeça de Dorian parece um tornado sonoro, sua evolução não é uma surpresa. O combustível necessário para sua música mistura de tudo: rock, industrial, grunge, dance-pop, eletrônico, noisy, alternativo, experimental(…), e em alguns momentos elu consegue condensar tudo isso em canções rápidas que soam curiosamente tão bem balanceadas quanto tresloucadas.

Em “My Agenda”, a exploração da masculinidade pelo ponto de vista queer e gênero fluido é o maior atrativo de sua narrativa, e o que começou no projeto anterior é maximizado enquanto explora novos ares. Com participações de artistas como Village People, Pussy Riot, Rebecca Black e produções de Sega Bodega passando por Clarence Clarity e umru, o disco é uma fusão tão louca e orgânica que seus vinte e cinco minutos passam voando.

Mas uma coisa que vale ser lembrada é que Dorian Electra só brinca no caminho que percorre até o resultado final, pois musicalmente estamos lidando com alguém que faz refrãos pegajosos e letras que ficam na cabeça tão facilmente quanto qualquer música que vemos dominar as paradas musicais mais comerciais.

Dorian Electra aborda e explora questões de gênero em sua arte, o que é um dos maiores atrativos. Sendo uma pessoa de gênero fluido, é comum identificar em suas músicas narrativas que lidam com feminismo, masculinidade e ser queer. Visualmente, possui um apelo colorido e exagerado, mas não causa espanto em relação a essa forma de expressão, já que sua estética não se liga a um sentido básico como o puro choque. Cada roupa ou penteado parece estar em seu momento perfeito para dar condimento ao caminho que segue como artista.

Apesar de não ser um nome que ecoa tão fortemente, foi capaz de chamar a atenção de artistas como Tove Lo e Lady Gaga para participações em remixes, provando que dentro de um grupo específico de pessoas sua música está sendo notada. Mesmo que o momento difícil que a música sofreu em 2020 devido a uma pandemia tenha atrapalhado seus planos de continuar a turnê,

Dorian se prepara para vir ao Brasil a tempo de apresentar o lançamento do terceiro disco; “Fanfare”. O trabalho irá chegar aos ouvintes antes de sua presença no palco do Primavera Sound São Paulo, e a setlist deve contar com os singles “Freak Mode”, “Sodom & Gomorrah” e “Anon”.

Mas para quem não conhece seu pop tão único, há muito a explorar dentro de sua discografia. Sendo “Flamboyant” a música que melhor expressa todos os aspectos citados e “Ram It Down” e “Man To Man” dois exemplos de sonoridades distintas, mas que combinam melodias de formas distintas de uma forma que só elu sabe fazer.

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Dorian Electra se apresenta na segunda edição do Primavera Sound São Paulo no sábado, 02 de dezembro. Mesmo dia dos headliners The Killers e Pet Shop Boys.

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