A passagem da cantora Dua Lipa com a Future Nostalgia Tour por São Paulo se iniciou às 20h35 — com abertura às 19h30, realizada pela DJ argentina Vickilicious — e contou com tudo o que se esperava de um show pop. Foram trocas de figurino, coreografias, dançarinos afiados e uma atração principal que esbanjou carisma, segurança, sensualidade e animação do começo ao fim.
Logo de cara, na abertura do show, somos apresentados a todos os dançarinos da cantora em um vídeo que muito lembrava as séries de TV dos anos 80. Dua, entrou no palco já mostrando para o que veio e enlouquecendo o público brasileiro com coreografias e vocais potentes para ‘Physical’.
Logo em seguida, inglesa levantou seus fãs ainda mais com o hit que a lançou para o mundo, ‘New Rules’ e ainda realizou uma performance de dança com um grada-chuva que fez a Arena Anhembi ovacioná-la. Vale lembrar que no passado, a cantora virou meme por conta de seu jeito de dançar, mas em sua turnê ela fluiu pelo palco com passos assertivos, bem executados e que pareciam de uma simplicidade e facilidade gigantes dada a leveza da performer.
Já nas canções ‘Love Again’, ‘Cool’, Pretty Please’ e ‘Break My Heart’, Dua começou a ficar ainda mais solta no palco ao ser cada vez mais acalorada pelos gritos do público, esbanjando sensualidade, jogando o cabelo e rebolando muito.
O momento de maior emoção do show ficou por conta de ‘Be The One’, faixa de seu álbum homônimo (que completou 5 anos em 2022), momento em que a artista se declarou aos fãs brasileiros e relembrou seu primeiro show no país em 2017, realizado na Áudio — que tem capacidade para cerca de 3.200 pessoas. A cantora agradeceu a presença, o amor e a energia do público, comentando sobre o tempo que precisou esperar por conta da pandemia para conseguir voltar ao país e trazer sua turnê.
Da última vez que estive no Brasil o lugar era pequeno, agora eu olho, olho, olho e a multidão não tem fim […] Vou pedir que vocês agarrem a pessoa ao seu lado e dancem e cantem essa música o mais alto que puderem.”
Dua Lipa durante show da Future Nostalgia Tour 2022 em São Paulo
Sob o coro de ‘Dua, eu te amo’, Dua Lipa ficou visivelmente emocionada, com lágrimas nos olhos ela agradeceu imensamente cada pessoa ali presente e pôs todos para cantar e pular ao som do hino, que é uma das canções mais importantes e ligadas a ela, encerrando o primeiro bloco do evento.
Em pouco tempo, ela sai do palco rapidamente e dois dançarinos adentraram o espaço realizando acrobacias com patins quad, enquanto uma versão de ‘IDGAF’ é tocada num arranjo de bossa nova e entoada por 66 mil pessoas na arena, seguida por uma animação no telão em que Dua trava uma briga com uma lagosta e assim, introduzindo o público a canção ‘We’re Good’. ‘Good In Bed’ e ‘Fever’ foram outro momento de alta sensualidade da artista em que ela dançou de forma sexy e provocante com o pedestal do microfone e executou coreografias sensuais no chão do palco.
A Future Nostalgia Tour foi pensada e trabalhada como uma grande festa, com 12 de dançarinos, muita coreografia e bate cabelo, sendo assim, o show não contou com as baladas da cantora, tendo apenas um momento mais suave e focado nos vocais potentes da artista na canção ‘Boy Will Be Boys’.
Por meio de um medley rápido do ‘Club Future Nostalgia Mix’, a inglesa introduz o penúltimo ato do show com os dançarinos e reaparece para curtir e dançar animadamente com eles enquanto canta os hits ‘Electricity’ e ‘Hallucinate’, momento em que inclusive são jogados balões em forma de beijo para o público. Em uma linda homenagem ao público LGBTQIA+, Dua Lipa se reúne com os dançarinos – que nesta hora pegam bandeiras atiradas pelos fãs – e juntos sentados se abraçam para cantar seu feat com Elton John (que aparece no telão), ‘Cold Heart’, canção que não estava no setlist oficial divulgado pela Eventim.
O bloco final da apresentação e anunciado no telão por um breve vídeo e seguido por um break dance da cantora entre fumaça e luzes amarelas, usando um macacão de glitter dourado. Este também é o bloco mais insano do show, com muitos sintetizadores, jogadas de cabelo frenéticas de uma Dua Lipa extremamente segura de si e do seu domínio no palco.
Este momento marca a real transformação da meiga e doce artista que iniciou o show, em uma estrela pop. Fechando com as canções ‘Future Nostalgia’, ‘Levitating’ e ‘Don’t Start Now’, a inglesa enlouquece os fãs com um catwalk digno de modelo e um ar poderoso que esquenta a plateia – que ainda recebe “luas cheias” gigantes, infladas para ser jogadas de mão em mão enquanto Dua Lipa apresenta sua banda e causa um clamor imenso nos fãs que não param de gritar um só segundo.
A Future Nostalgia Tour é sem sombra de dúvidas um show digno de uma grande artista, cheia de facetas e que mesmo sendo muito jovem, entrega algo que só pode ser classificado como um espetáculo do começo ao fim. Dua Lipa finca seu pé no pódio e deixa de ser uma grande promessa do pop, para se tornar uma grande diva do estilo musical. Se no intervalo de 4 anos entre seu primeiro show no Brasil, ela já conseguiu construir uma apresentação com esse poder e deste porte, imaginem só o que poderá fazer daqui para frente.
Já estamos cheio de nostalgia pelo show, que poderá ser visto mais uma vez no Rock In Rio, neste domingo (11), para encerrar sua passagem pelo Brasil. A apresentação poderá ser vista no Multishow ou pela Globoplay, que liberou o sinal para algumas apresentações.
Future Nostalgia Tour e a estrutura do show no Brasil
O show foi bem estruturado, com um palco simples, mas que dá conta do recado e gerou conexões maiores entre a artista e o público. A estrutura do Anhembi foi bem elaborada, com muitas barracas para alimentação e bebidas e uma quantidade okay de banheiros para o público. A fila também foi um ponto relativamente tranquilo, no caso de quem estava na premium, tudo correu bem e a entrada foi rápida, no caso da pista comum, também não houve grandes reclamações sobre o evento — a entrada inclusive se iniciou minutos antes do horário previsto.
O maior problema de tudo que foi organizado, foi o sistema de vendas — que acabou consistindo em promotores com grandes mochilas passando entre o aglomerado de fãs (e que muitas vezes podiam acabar se machucando e machucando os demais pelo peso do item que carregavam) e a complexibilidade comum em shows, de se ter uma boa recepção de sinal de celular/máquina para pagamento.
Os ingressos causaram um pouco de problema para aqueles que pegaram meia idoso — em alguns casos para tentar a validação pela lei de não discriminação (mas que só se aplica a idosos) e em outros para os que quiseram garantir o ingresso de qualquer jeito para não perder a apresentação da inglesa — esse público teve que pagar a diferença para ter acesso ao local do evento.
O som poderia estar um pouco mais alto em alguns momentos, principalmente antes da entrada da cantora, mas de modo geral isso foi bem corrigido para a apresentação e só houve dificuldade em ouvir Dua Lipa falar por conta dos gritos incessantes e altíssimos de um público encantado.
Além disso, a saída — principalmente do estacionamento — foi bem caótica e demorada, não houve sinalização suficiente para orientar a fila de carros e muitos estavam atravessando em posições opostas, causando um trânsito de carros enviesados em todas as direções.
No mais, o show foi bem preparado, tudo ocorreu com pontualidade e uma organização bem aceitável em um espaço que reuniu muita diversidade, não só de gênero e sexualidade de público, mas também de idades, com famílias, crianças e casais de todos os tipos.