Uma semana após as eleições, em frente ao cenário atual de contestação do resultado das urnas eletrônicas, a banda soteropolitana Maglore se prepara para subir ao palco Elo do festival Primavera Sound. O quarteto tem em sua discografia, diversas canções com cunho político. A exemplificar, o disco “Vamos pra Rua”, lançado em 2013, surgiu em meio às manifestações que eclodiram em junho do mesmo ano. Além disso, o álbum “V”, último trabalho da banda, conta com as faixas “Eles” e “Maio, 1968”. Para bom entendedor, um pingo é letra.
A política em Maglore
Sete dias exatos após a vitória do candidato Luís Inácio Lula da Silva à presidência da república, a Maglore reconhece a importância da arte, mesmo para os governos que apoiam o âmbito cultural:
A gente sempre escreve sobre o tempo em que a gente está vivendo. Como a política está dentro de muitas coisas, a gente acaba revelando a nossa posição, o que a gente pensa. A gente deixou isso muito claro na música “Eles”. Nós, que somos mais velhos, precisamos alertar essa juventude sobre o que a gente viveu, relembrar a eles o passado.
Quanto à faixa mencionada na fala de Teago, o vocalista do grupo afirma que ela estará na setlist da banda em sua apresentação no Primavera Sound. Como a apresentação no festival também abrangerá o público que não conhece a Maglore, o grupo busca revisitar o que já foi orquestrado para outros festivais e acabou dando certo. Mesmo incluindo as faixas mais tocadas nos serviços de streaming, os fãs do quarteto podem esperar performances de canções de todos os discos da carreira da Maglore. Em razão de o show ser mais curto, por se tratar de um festival, Teago complementa: “como a gente já se acostumou a tocar 50 minutos em festivais e, em razão disso, sacrificar bastante o repertório, a gente quase não fala e não deixa nem um minuto de silêncio. É música o tempo inteiro, uma faixa depois da outra”.
Figurino temático
Um complemento ao som da Maglore serão looks combinados. Quem acompanhou a primeira parte da turnê do disco “V”, ou então o lançamento do “Todas as Bandeiras” sabe do que se trata. Os quatro integrantes planejam subir ao palco com calças brancas, à la anos sessenta/setenta, e com blusas azuis e vermelhas, seguindo a paleta de cores do trabalho mais recente da banda. Teago conta que a intenção da Maglore era fazer toda a turnê do “V” com os figurinos combinando, porém a rotina de viagens não permitiu que a logística de lavagem das roupas fosse a mais adequada, ele brinca.
Falando de Primavera Sound à parte da Maglore, alguns shows do festival estão na agenda de Teago. O artista afirma que deseja conferir as performances de Lorde, Father John Misty, Arctic Monkeys e Björk. Quanto à última atração mencionada pelo músico, ele é certeiro em sua afirmação: “não é todo dia que a gente tem a oportunidade de ver um show da Björk, né?”.
Não sai do replay
Em relação ao que não sai de sua playlist, Teago ri ao dizer que tem escutado muito Daft Punk: “é completamente fora da linha estética da Maglore, mas eu ando comparando os primeiros e últimos discos”. Ao mesmo tempo, no que diz respeito à cena fonográfica brasileira, o músico afirma empolgado que o disco mais recente do grupo Planet Hemp é o melhor de sua carreira. ‘Jardineiros’ me pegou. Eu não imaginava que, depois de tanto tempo em carreira solo, os caras fossem conseguir revisitar a mesma unidade sonora dos tempos iniciais”.
(Auto)recomendação
Antes de terminar nossa entrevista, Teago Oliveira recomenda alguns nomes brasileiros para nossos leitores: Josyara, Rodrigo Alarcon, Lucas Gonçalves (trabalho solo do baixista da Maglore), e ainda faz uma auto recomendação. Isso porque, em dezembro deste ano, Teago retorna com seu trabalho solo. Assim como nosso entrevistado, eu também recomendo o(s) trabalho(s) de Teago Oliveira aos leitores e leitoras do ESCUTAI.