Festival Sarará faz de Belo Horizonte sua casa com uma edição colorida honrando a pluralidade

Sem dúvidas, a edição do Sarará de 2022 entrou para a história dos festivais da cidade, que segue despontando no cenário cultural nacional

No último sábado, 27 de agosto, o calor abraçou a Esplanada do Mineirão que esperava ansiosamente pela sequência de shows do line-up do Festival Sarará. Com um nome cada vez mais relevante, o festival lotou o espaço com 40 mil pessoas que brilhavam em diversidade e animação.

Os artistas convidados já davam o tom do evento: multicultural e inclusivo — como o próprio nome do evento sugere. Nas 12 horas de Sarará, aproximadamente 70 artistas tomaram os diversos palcos espalhados por toda a Esplanada. Pabllo Vittar, Urias, Emicida, Gloria Groove e Karol Conka eram alguns dos nomes mais aguardados, mas houve animação que preenchesse todos os espaços e todos os estilos.

Em sua nona edição — a maior já realizada —, o Sarará inovou com a montagem de três palcos inéditos: Paredão Sarará, 101Ø e MacacoLab. O primeiro, idealizado para enaltecer a sonoridade das periferias do Brasil, recebeu artistas como MC Dricka, Rebecca, Batekoo, Classics, Baile Room e ÀTTØØXXÁ. Por sua vez, o palco 101Ø foi ponto de encontro dos entusiastas do techno, e reuniu ALEX C, APSU, Barbara com Femmenino, CAFEZIN (101Ø), Original Sundays e vários outros.

O palco MacacoLab sediou parcerias de peso entre o casting do selo A Macaco — produtora do festival — e outros artistas, como Paige + Pejota, Chris, Iza Sabino e Zulu, Nath Rodrigues + Céu, Quebrada Queer + N.I.N.A, Mc Marechal + MC Martina, Major RD + FROID – com direito aos embalos do DJ Xeréu nos intervalos. Sucesso absoluto, diga-se de passagem.

Zeca Pagodinho também fez parte do brilho do evento, que ainda homenageou Elza Soares com um show especial e emocionante – uma vez que a cantora estava escalada como uma das principais artistas, antes de seu falecimento.

Mas é claro que um festival mineiro, ou melhor, belorizontino, faria mais pela cultura da cidade do que ‘apenas’ agitar sua população. Artistas da cidade e da região metropolitana também fizeram parte da festa, compondo seus palcos e espalhando a arte. Efe Godoy, artista plástica mineira que tem despontado no Brasil enfeitou um dos copos personalizados exclusivos do evento. Outras festas que agitam a cidade como 1010, Baile Room e Lá da Favelinha tiveram seus momentos em palcos do festival, levando ainda mais pluralidade para os pagantes.

Com um coro de arrepiar que emocionou Pabllo Vittar, o público presente ainda dançou com as melodias sensuais de Marina Sena, vibrou ao aconchego sonoro de Gilsons e fez o chão tremer com o agito de BaianaSystem, que reuniu Margareth Menezes e Black Alien no último show dos palcos principais.

A proposta da inclusão não ficou limitada ao line-up: os telões dos palcos principais (Amstel e Jameson) contaram com transmissão simultânea de intérpretes em Libras, que atuaram durante todas as apresentações.

O Sarará também merece destaque em termos de organização. Todas as apresentações tiveram início no horário marcado — e, convenhamos, pontualidade é uma conquista louvável para um festival de tamanho porte. Foi esse rigor que permitiu que o público conferisse um line-up tão extenso e aproveitasse ao máximo as 12 horas de festival. Também foi acertada a decisão de montar os dois palcos principais (Amstel e Jameson) de forma quase geminada, poupando o público de longas caminhadas pela Esplanada a cada nova atração.

Ao longo de todo o estádio, foram instalados diversos pontos com banheiros, a fim de evitar as filas — ponto para a organização. No mesmo sentido, terminais de alimentação e comida contaram inclusive com vendedores volantes, aumentando a comodidade de quem estava presente naquela tarde de sábado. A Esplanada também foi guarnecida de tendas e almofadas, garantindo que o público ficasse confortável durante o evento.

Um ponto a se aperfeiçoar: devido ao layout pensado para a área do evento, o público da “pista comum” — que foi montada mais distante dos palcos principais, atrás da “pista premium” — recebeu menos som e, naturalmente, teve sua experiência um tanto prejudicada. Foram montados telões na área geral, mas nada comparável à intensidade sonora de quem estava bem à frente do palco.

Sem dúvidas, a edição entrou para a história dos festivais da cidade, que segue despontando no cenário cultural nacional. Honrando a cena local e convidando artistas de peso, o Sarará conseguiu não apenas homenagear a cultura belorizontina, como presentear as 40 mil pessoas com um festival de extrema qualidade, reunindo atrações para todos os gostos e provando que unir a pluralidade com respeito e harmonia é possível. Ansiosos para os próximos!

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