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Harry Styles arrebata São Paulo em primeiro show da “Love on Tour”

A apresentação se mostrou imperdível para qualquer fã de música, independente de identidade ou gênero

Em uma noite chuvosa de terça feira, o Allianz Parque já se encontrava lotado mesmo horas antes do início de qualquer show. O motivo era um só: Harry Styles. O britânico finalmente se apresenta ali, anos depois do primeiro anúncio (em 2019) adiado pela pandemia, agora com uma turnê reformulada e mais um álbum na manga.

O título do show funciona: Love On Tour, ou “Amor em Turnê”, em tradução livre, transita bem em qualquer álbum do artista, encaixando agora não apenas o “Fine Line”, que serviria de base para a turnê, mas abraçando também o mais recente “Harry’s House” e até o homônimo de 2017. Como encaixar três álbuns — com tantos hits — em um show? Como não deixar desanimar quase cinquenta mil pessoas presentes, principalmente com grande parte delas sob uma chuva torrencial que não deu trégua? Harry parecia ter as respostas na ponta da língua.

Pontual como os britânicos tendem a ser, o show começou praticamente às 21h em ponto. Para quem vinha sofrendo com a chuva, pareceu um alívio quando o palco se iluminou em tantas cores para anunciar “Music For a Sushi Restaurant”, single mais recente do artista e a escolhida para começar os trabalhos. E Harry surge, envolto por gritos ensandecidos, de trás do palco.

O figurino chamativo — como já é marca do cantor e até mesmo dos fãs, que não pouparam plumas e extravagâncias na plateia molhada — mesclava o clássico com o super moderno, numa calça bege que ornava com um suéter sem mangas cheio de lantejoulas coloridas e brilhantes. Mas nenhuma dessas conseguiu ofuscar o charme do cantor.

Com carisma impressionante, o artista emendou 3 hits logo de cara. Além de “Music For a Sushi Restaurant”, “Golden” e “Adore You” foram as escolhidas para o primeiro ato do show. Em uma pausa para conversar com o público, Harry analisava as fãs de perto, atentamente, preocupado com o estado de saúde de muitas delas que acamparam dias para pegar lugares mais próximos. Em dois momentos do show, o cantor interrompeu a banda para conversar com fãs que, aparentemente, estavam passando mal.

E esse olhar atento não se deu apenas a platéia. Noutro momento, Harry reconheceu a “demora” para os shows, aguardados desde 2019. Após agradecer a paciência dos fãs que esperaram desde então, o cantor brincou com o jogo do Brasil que aconteceu um dia antes, mencionando “os gritos que ouviu na rua”, antes de perguntar ao público: “Será que o Brasil ganhou?”

Na verdade, para os fãs do artista o Brasil não pararia de vencer. Isso porque as interações continuaram, ora com o cantor mencionando a tatuagem que tem dedicada ao nosso país, ora dizendo que, se a platéia estivesse bem na chuva, ele se molharia junto conosco. E não mentiu: Harry Styles não se intimidou pela chuva torrencial e incessante que permeou a apresentação do início ao fim. Não foram poucos os momentos em que o cantor se jogou na passarela, cantando músicas inteiras na chuva, dançando e se apresentando para a platéia que retribuía o carinho.

E foi com um show repleto de hits e de carisma de ambas as partes que a noite seguiu. Em “Lights Up”, as fãs se organizaram para uma surpresa emocionante, em que as arquibancadas se acenderam em verde e amarelo e pulsaram no ritmo da música. As luzes especiais também dançaram em outros momentos, sincronizadas com a banda como se fossem programadas por computador. Não eram!

Após quase duas horas de apresentação, o cantor se despediu mencionando que retorna para a cidade na próxima semana para mais duas apresentações, mas antes tem paradas no Rio de Janeiro e em Curitiba.

Com seu primeiro show no país desde 2017, Harry apresentou um show tão sólido que cativou a todos os presentes. A setlist carregada de hits (que surpreende, levando em consideração que o artista possui apenas três álbuns) guiou um espetáculo energético que nem a chuva foi capaz de abrandar. O carisma do britânico e cuidado com as fãs também trouxeram luz para a apresentação, que teve de tudo: o artista tocando violão e guitarra, soltando a voz, fazendo dancinhas que arrancavam escândalos das fãs mais ávidas e uma sensualidade e magnetismo únicos do cantor.

Harry Styles se provou ser mais que um artista de música passageira: mesmo com músicas viralizadas e no topo das paradas, ele vai muito além disso. Sua identidade artistica se faz presente de forma consistente e impressionante, enquanto flerta com o pop, folk e se solta no rock. Solos de bateria e guitarra impressionaram até os pais das fãs mais novas, e o encerramento com “Kiwi” — música com uma pegada mais rock e agressiva — mostra como o cantor tem domínio sobre qualquer um dos estilos que escolhe.

A apresentação se mostrou imperdível para qualquer fã de música, independente de identidade ou gênero: Harry Styles conquista o coração (e o ouvido) e quem se propõe a se aventurar em sua casa, como sugere o álbum mais recente, ou se dispõe a conhecer sua arte. No melhor estilo “se está na chuva, tem que se molhar”, o cantor ensopou São Paulo com afeto e artisticidade impressionantes, nos deixando impactados por mais apresentações do ícone que deixa claro que merece — e honra — todo o sucesso conquistado. Sabemos que é apenas o começo, e ansiamos pelos próximos passos.

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