PUBLICIDADE

Karol G faz da turnê “Mañana Será Bonito” um evento extraordinário

Cantora colombiana Karol G trouxe espetáculo invejável e memorável em sua passagem pelo Brasil com a turnê “Mañana Será Bonito”.

Quando o anúncio da apresentação solo de Karol G no Brasil foi feito, o primeiro estranhamento foi causado pelo local do show. Aqueles acostumados a assistirem registros online sobre a “Mañana Será Bonito Tour” em estádios, com uma estrutura rica e público em peso, logo pensaram: “como tudo isso será trazido para cá?”. Desde o começo, com o boom de artistas latinos dominando cada vez mais a América do Norte com turnês que nada devem a artistas locais, o investimento no evento proporcionado por Karol G é proporcional ao seu valor.

Com uma direção que conta a história do nascimento da “Bichota” passando por atos em que um surpreende mais que o anterior, era notável o quanto o conceito e apresentação do seu show necessitavam de um local que pudesse oferecer isso. Em momentos de tensão para os fãs, os ingressos acabaram tendo um atraso no início das vendas, mas foi por um bem maior. A partir dali estava determinado que o último show da perna sul-americana da turnê “Mañana Será Bonito” seria executado no Centro Esportivo Tietê, um espaço com capacidade para cerca de 18 mil pessoas.

crédito/reprodução

A opção foi o melhor acerto possível, pois mesmo que a artista esteja acostumada a grandes estádios por aí, é correto entender que aqui, infelizmente, Karol G ainda não é a grande potência que é em outros países. A discussão sobre isso pode ir muito longe, já que o Brasil tem fronteiras pesadas com a maioria dos artistas que cantam em espanhol, principalmente aqueles que têm em suas raízes grandes influências no que fazem fora e dentro dos palcos. Chegado o dia para a apresentação única da colombiana em São Paulo, fotos da montagem do palco já surpreendiam e alegravam aqueles que estavam há meses esperando o grande dia. A estrutura viria exatamente como é, significando que o público brasileiro viveria toda a experiência que “La Bichota” poderia nos oferecer.

No caminho para o show, a impressão é de que estávamos em um momento comercial semelhante ao da passagem da The Eras Tour ou do último show da Celebration Tour no país. Camisetas, bottons, copos, adornos… a cada esquina tudo era vendido. Com um design bastante pesado na cor rosa, cor essa que prevaleceu nos looks do público e com o chapéu rosa fluorescente sendo o item mais legal para compor um visual que remetesse ao show, as pessoas chegavam ao local de todas as formas, sozinhos, em grupo e também em família. Mas uma das melhores percepções é que a apresentação da cantora estava trazendo culturas e pessoas de vários países da América Latina.

Ouvir pessoas conversando em espanhol antes do evento começar era algo comum. Bandeiras da Colômbia, Bolívia, Chile e Brasil amarradas em ombros ou sendo erguidas mostravam que a música de Karol G é algo que vai além, é um exemplo de como a cultura latina é não apenas uma das mais interessantes como também um dos melhores produtos de exportação atual no que diz respeito a artes e música. A abertura do show foi uma festa de reggaeton à parte. Enquanto o DJ tocava de clássicos como ‘Gasolina’ a momentos de coro do público com ‘Taki Taki’ e ‘Me Porto Bonito’ já era possível sentir que todos estavam numa vibe de aquecimento para a atração principal, e mesmo com um atraso de meia hora não havia pessoas fazendo cara feia ou desanimadas. Por fim, quando Karol G sobe ao palco abrindo com ‘TQG’, era notável que estávamos diante de uma artista colossal apresentando uma das melhores e maiores turnês do momento.

Dividido por atos que contam a história da sereia Carolina e sua transformação em ‘Bichota‘, o momento em animação teve narração feita por Pedro Bial e Pabllo Vittar. A história surrealista serviu como interlúdio para cada momento específico do show, que bem divididos também pareciam cada um uma turnê por si só. Munida de uma banda feminina sensacional e um grupo hipnotizante de dançarinos, Karol G ia além do básico de apenas apresentar os artistas de apoio, dando também momentos para que eles brilhassem. Acordeon, tuba, percussão, guitarra… cada instrumento teve momentos chave em músicas específicas, e o momento de coreografia ao som do remix com participação de Karol para “Tá OK” agitou o público.

A artista se mostrava emotiva e também realizada por estar ali, cantando para aquela plateia em específico. Em momentos de conversa ela deixava claro o quanto estava disposta a conquistar o público brasileiro, mas que também parecia ter ideia que isso não era uma tarefa tão fácil. Os três convidados do show foram uma ótima estratégia para mostrar o quanto a participação da nossa nação é algo importante para esse evento. Kevin o Chris e DENNIS subiram ao palco, e o DJ inclusive teve sua hora de brilhar com um pequeno set que foi bem aproveitado por ele, mostrando o que sempre faz, mas com dedicação. Cada ato teve seus destaques, mas foi durante ‘Mi Cama’, ‘Punto G’ e ‘Ocean’ que três exemplos distintos foram uma ótima definição para o quanto a setlist é versátil.

Outro ponto alto foi o clima de festa durante ‘Ojos Ferrari’ e a aguardada participação de Pabllo Vittar durante ‘En La Cara’, a versão oficial em espanhol do hit ‘Sua Cara’. Pabllo surgiu com Karol e um quadriciclo e estava ali fazendo o que gosta de fazer: se divertindo e fazendo o público gritar. A diversão foi tanta que a artista brasileira até machucou a perna durante o combo de saltos, movimentos e pulos que foi feito. Mas nada foi suficiente para parar a drag, que vem se tornando a opção favorita dos maiores artistas internacionais.

A sequência final com o bis de ‘Amargura’ e o remix do DJ holandês Tiësto para ‘Provenza’ despediram a cantora de uma audiência que se mostrava satisfeita com a apresentação, que ainda poderá ser conferida na edição deste ano do Rock In Rio. Em uma escolha perfeita, o festival definiu o retorno de Karol G aos palcos brasileiros, fazendo o tempo de espera ser de apenas alguns meses para quem já está com saudade dela.

crédito/reprodução

Aproveitou-se muito bem todo o palco da “Mañana Será Bonito Tour” no Centro Esportivo Tietê, mostrando que pista comum e pista premium iriam aproveitar o show da mesma forma. O uso da passarela e principalmente da gravação pela própria equipe foram recursos que enriqueceram ainda mais a experiência. Além disso, os três telões providenciaram uma ótima visão para quem queria visualizar a cantora em locais onde a visão não batia, além de acompanhar seus discursos e agradecimentos. A passagem pelo Brasil foi finalizada por Karol G, sabendo que foi vivida pelo por esse público, mesmo que em menor escala, da forma como merece: calorosa.

A cantora tem uma energia de artista de casa, e o carinho era notável quando ela mostrava que praticou mesmo por alguns meses para aprender um pouco de português. A “Mañana Será Bonito Tour” mostrou que tem cacife de sobra para bater de frente com qualquer outra turnê em atividade atualmente, e com o sucesso estrondoso de suas passagens mundiais não é errado dizer que Karol G também é uma das artistas mais vigorosas dos últimos anos.

Total
0
Share