Quando a “The Norman Fucking Rockwell!! Tour” aconteceu, em 2019, muita era a antecipação pelos shows do tão aclamado álbum de mesmo nome. Com cerca de 20 datas entre os Estados Unidos e a Europa, Lana Del Rey seguiu um padrão parecido com o da turnê “LA to the Moon”, mas dessa vez com pequenas mudanças e novidades na setlist a cada show, adição de convidados especiais e afins.
Parecia a chance perfeita para mais um show da cantora no Brasil — que inclusive estava confirmada no line-up do Lollapalooza pela América Latina —, mas uma complicação nas cordas vocais levou ao cancelamento de várias datas pela Europa, e a pandemia do COVID-19 causou o cancelamento do show por aqui. A última apresentação da cantora, em 2018, aconteceu no palco do mesmo festival, e consagrou Lana como uma das melhores artistas a tocar no Lollapalooza, com uma multidão ensandecida e uma conexão entre público e artista poucas vezes vista ali.
De lá pra cá muitas coisas mudaram: desde duas novas edições do festival sem a cantora, até três novos álbuns lançados pela artista no período — e que não receberam shows de divulgação. “Chemtrails Over The Country Club” sucedeu o aclamado “NRF” em março de 2021, tendo uma recepção tímida frente a sua pegada mais acústica e intimista. Meses depois, em outubro do mesmo ano, “Blue Banisters” seguiu os trabalhos: ainda apostando na pegada mais intimista, mas trazendo algumas faixas vazadas anteriormente e aguardadas pelos fãs, como “Thunder”, “Cherry Blossom” e “Living Legend”.
Mesmo assim, sua estrutura remanescente do período pandêmico e da sonoridade intimista e experimental do trabalho anterior pareceu uma transição: não era idêntico ao anterior (especialmente pelo “reaproveitamento” das faixas citadas anteriores), mas também não soava como algo novo, a não ser pelas letras mais confessionais em que Lana parecia abordar suas relações familiares com mais vulnerabilidade, como na aclamada “Wildflower Wildfire”.
Agora, com o álbum mais recente, “Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd”, a cantora abriu ainda mais seu diário familiar para bordar suas composições e contou com novos produtores, como RIOPY e SYML na construção do novo álbum, que apresenta uma sonoridade mais cinemática, batidas trap e a tradicional melancolia que consagrou a artista, com todos os ingredientes pela qual é conhecida e uma honestidade revigorante ainda maior.
Esse último, também consagrado pela crítica, será o responsável por colocar Lana na estrada novamente, tendo o Brasil como primeiro país a receber a cantora. O MITA Festival — que tem um line-up quase espelho em suas duas edições —, recebe a cantora em seu palco a ser montado no Rio de Janeiro e em São Paulo, no último final de semana de maio e primeiro de junho, respectivamente.
É seguro dizer que a artista é um dos maiores nomes do line e seu show é um dos mais aguardados, não apenas pelo magnetismo de sua presença e relação cativante com seus fãs, mas porque desde a turnê de 2019 a cantora não se apresentou em palco algum. Temos agora três álbuns com canções inéditas no “ao vivo”, e embora a setlist seja uma surpresa, imaginamos o desafio da artista em montá-la com tamanho material a apresentar.
Com base em sua apresentação no Lollapalooza de 2018, sabemos que os shows serão emocionante e marcarão mais duas noites históricas no coração dos fãs e admiradores da artista que reinventou a sonoridade da indústria e se consagrou como uma das maiores artistas da atualidade.