Magia e persuasão tornam-se algo em comum com Caroline Polachek

Com somente um álbum no currículo, por enquanto, Caroline Polachek capta a magia do que é a música com extrema autoridade

O que Caroline Polachek faz ao unir música e misticismo (visualmente e também pelas entrelinhas de seus trabalhos) soa inestimável ao escutar ao vivo. A cantora carrega uma carga vocal ao entonar suas obras com muito apreço, força e prioritariamente, quase exatamente igual as versões de estúdio. 

Se fosse somente por isso, a cantora já seria dona de uma persona surreal para a indústria musical. Porém, ela vai além e coloca a nossa disposição canções que ultrapassam sentimentos e principalmente, vibrações.

Não é difícil listar “Billions” como uma de suas melhores peças do mágico repertório. E dá para ir ainda mais longe. Essa é uma das melhores canções já feitas recentemente, onde atinge as cores de algo que a simplória Kate Bush faria nos dias de hoje mesclado ao volume que só Polachek atingiria.

Vendo suas peças novas (indo além da citada, a bop “Bunny Is A Rider” e o cover explêndido de “Breathless”) e analisando o que ela fez com seu único álbum, o Pang, de 2019 (que chegou dois anos após o fim de sua banda, Charlift), a evolução foi limpa e inegalvemente intrínseca.

Polachek traça a mais pura linha de magia com suas obras

“So Hot You’re Hurting My Feelings”, que serviu para fazer com que a cantora decole a mais alguns ouvidos, construiu uma aura de tempo impressionante em seu cerne. De súbito, se antes a faixa já cativava, hoje ela faz isso ao dobro. Eventualmente ela sempre exerceu o papel de uma obra forte. 

Mas dentro do que Polachek ofereceu até o momento com suas composições, a sua música de mais sucesso é somente uma pequena parcela de talento. O maior trunfo de tudo é possível encontrar dentro do disco debut, lotado de uma visão holística.

A espetacular extensão de 10 minutos de “The Gate” soa como uma viagem pelo microcosmos. E “Hey Big Eyes” é como pousar na órbita. E fora das próprias composições, em parcerias sua presença é fora do comum. Em “La Vita Nuova”, de Christine and the queens, por exemplo, se compra a ideia da canção desde o momento zero, mas assim que Polachek entra, a única opção é dar-se por rendido.

Em suma, atravessar pelo compilado de todas as músicas (que são poucas, totalizando menos de 2 horas) de Caroline Polachek é um verdadeiro deleite, o que se perde é apenas o tempo em não ter embarcado na imensidão de sinestesias antes.

Caroline Polachek toca no domingo, 06 de novembro, na primeira edição do festival Primavera Sound no Brasil, que acontece em São Paulo. Mesmo dia dos headliners Travis Scott e Lorde.

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