Com clima diferente do chuvoso que recebeu Mariah Carey em São Paulo para o show solo de dois dias antes, a Cidade do Rock estava bem quente na noite de domingo que encerraria a edição de 40 anos do Rock In Rio. Uma multidão, ávida pelos hits, pelos vocais angelicais — e por um show menos desastroso que o de Akon que acabávamos de presenciar — cercava o Palco Sunset.
Quando apareceu com um vestido estampando a bandeira do Brasil e muito brilho, Mariah já chegava demonstrando não estar para brincadeira: a apresentação seria especial. “Obsessed” foi a faixa escolhida para começar os trabalhos, e logo após, um carinhoso e sorridente “Boa noite Rock in Rio, te amo” veio de Mariah, que emendou a paixão com a faixa “Heartbreaker”. E assim, entre sorrisos e hit, a apresentação seguiu.
Com quase quarenta anos de carreira e hits que atravessam as décadas e as gerações, era de se imaginar que o show de uma artista desse porte emocionaria o público presente, mas indo contra várias polêmicas sobre playback, postura de diva esnobe e mesquinha, a Mariah do palco era exatamente o que a consagrou: o talento, a beleza e o carisma de uma lenda viva.
Enquanto “Touch My Body” trazia a animação, “Can’t Let Go” (de 1991) revivia a nostalgia das antigas na galera e trouxe o primeiro super high note da diva, que emendou a canção com a também super clássica “I’ll Be There”. Quase sem pausas, os hits eram convocados pela banda e levavam a plateia ao delírio, incrédulos com a viagem que ia e voltava no tempo e nas lembranças que carregavam aquelas canções como trilha sonora.
“Always Be My Baby”, “My All” e “Emotions” seguiram o repertório e vieram quase em seus arranjos originais, mostrando que o catálogo da artista é atemporal e consistente. Sem poupar nos whistle notes, Mariah exibiu com orgulho sua voz saudável e sua alegria em se apresentar para uma plateia tão entusiasmada.
“Hero” foi a última música da sequência arrebatadora antes da diva fazer uma pausa e trocar de roupa, voltando para o palco com um vestido rosa de borboleta e com uma nova sequência hipnotizante: “Fantasy” (1995), “It’s Like That” (2005) e “Say Somethin” (2009). Talvez a essa altura pudesse parecer que todos os hits da cantora já haviam encontrado seu caminho no setlist, mas “Shake it Off”, “Don’t Forget About Us” e a apoteótica “We Belong Together” ainda viriam na sequência — essa última, inclusive, levando o público ao delírio na tão icônica ponte, que foi cantada toda ao vivo e com maestria.
Para fechar a apresentação, “I Wanna Know What Love Is” foi a escolhida, em homenagem ao público brasileiro que deixou a canção no topo das rádios por 27 semanas. Alcançando notas altíssimas e nos presenteando com mais de seus famosos whistles, a cantora finalizou a belíssima apresentação e declarou, em português, mais um “te amo Brasil”.
Mariah Carey foi a responsável por nos entregar um dos shows mais icônicos e memoráveis do festival: com a quantidade de hits condensados no curto tempo de apresentação (pouco mais de 1h), com seu carisma em pose de diva e seu talento estonteante e atemporal. Será que ainda é cedo para querer ver mais de Mimi no Brasil?