Os 15 melhores clipes de 2021 até agora

Separamos nossos clipes favoritos de 2021 (até agora) e que garantiram sua vaga na retrospectiva do ESC

Chegamos ao fim do primeiro semestre de 2021 com enormes candidatos à clipes do ano. Quando pensamos em qualidade, é fácil ir diretamente para o alto orçamento e investimento em visuais luxuosos. Mas na realidade, nada disso importa para dizer que uma obra é boa ou ruim.

Analisando intenções, sentimentalismos, significados e até emoções, os candidatos desta lista de melhores clipes do ano até então variam entre internacionais e nacionais – nacionais estes que estão cada vez mais se destacando na indústria visual com peças desafiadoras, bem feitas e com muita referência bacana.

Entre os gêneros que surgem musicalmente a cada ano, a volta do rock, punk (00), e do eletrônico de épocas (80, 90), compõem a alta gama de referências que estão dominando nossos fones de ouvido. E isso se torna influência não só na sonoridade, como no visual das obras, já que muito do que se cria hoje em dia se baseia fortemente em algum ícone passado, seja ele da sua própria área ou não.

Vem pra listinha:

“Last Day On Earth” da beabadoobee

Direção: Arnaud Bresson

Eduardo

É possível se contagiar com a imersão que a música causa em qualquer momento e até mesmo sem a presença de algo visual, mas é junto do clipe que toda a situação alia-se exponencialmente através de uma direção impecável para provocar no telespectador uma sensação única. Seguindo toda uma estética de colagens, realizada com perfeição, o vídeo, além de ter para si os melhores momentos devido a edição, também possui cenas que repletas de conceitos e atmosferas joviais, formam uma margem de nuances incríveis dentro da canção.

Review do ‘Fake It Flowers’

“Gueto” da IZA

Direção: Felipe Sassi

Eduardo

A artista deitada no chão com a bandeira do Brasil sendo pintada é exclusivamente, um dos melhores frames do ano. E esse momento não se resguarda como o melhor do vídeo, isso porque as coreografias, os vários cenários, as nuances brasileiras, e a direção no ponto, centralizam um clipe didático em muitos sentidos e ainda mais, na hora de representar pelas entrelinhas o que a letra da canção expõe.

“Tchau” de Gaby Amarantos e Jaloo

Direção: João Monteiro

Diego Stedile

Gaby Amarantos e Jaloo estão juntos em uma colaboração pra lá de brasileira. ‘Tchau’ traz uma pitada de referência de cada um dos dois misturada com a nova MPB que se torna cada dia pop. No clipe, um grande mistério se desenrola em um enredo de novela que torna seu visual ainda mais característico e gostoso de assistir. Ambos já haviam trabalhando na faixa ‘QSA’, presente no álbum de Jaloo.

“Friday (Remix)” da Rebecca Black

Direção: Weston Allen

Luis Hora

A melhor coisa que aconteceu na repaginada musical de Rebecca Black foi justamente absorver tudo aquilo que criou um trauma em sua adolescência e transformar em personalidade. O visual do vídeo do remix comemorativo de 10 anos de ‘Friday’ é exatamente o que a música passa: uma salada de desconexões abstratas e que causam uma sensação de confusão mental bizarra. É difícil não ficar com uma pequena dor de cabeça após tanta informação jogada na tela, mas aqui o que pode ser considerado deplorável funciona muito bem… Rebecca abraça de vez aquilo que a fez virar piada, e em vez de deixarem rir de si, acaba fazendo as pessoas rirem com ela. Sua entrada visual no hyper pop se prova satisfatória e deixa um gosto de quero mais, principalmente pela cantora se mostrar tão deslumbrante com looks de látex, unhas gigantes e atitude da artista que sempre esteve ali e só precisava amadurecer.

Review do ‘Rebacca Black Was Here’

Montero (Call Me By Your Name) do Lil Nas X

Direção: Tanu Muino & Lil Nas X

Ricardo Costa Luna

Desde o seu enredo controverso, à toda transgressão que Lil Nas X carrega por permear entre o rap e o universo LGBTQIA+, vemos coisas que só uma diva pop no nível Lady Gaga, Beyoncé e Rihanna conseguiria fazer. Como gay, é incrível ver um outro gay fazendo um grande sucesso sem as amarras da masculinidade frágil. A cena de Lil Nas X no pole dance merece ser guardada na lista dos melhores acontecimentos da história pop, não sendo atoa o viral no TikTok. E fora que uma superprodução dessa não é pra qualquer um, com metáforas que só deixam ainda mais interessantes. Alguma dúvida de que Lil Nas X só entrega obras-primas audiovisuais e com ‘Montero (Call Me By Your Name)’ não foi diferente?

“good 4 u” da Olivia Rodrigo

Direção: Petra Collins

Diego Stedile

Mergulhando em referências sonoras como o pop rock e o flerte do pop punk, Olivia Rodrigo deu o que falar com o lançamento de ‘good 4 u’, faixa presente no ‘SOUR’, seu álbum de estreia. A crescente da música consegue ser muito bem traduzida no clipe que resgata diversas referências do cinema, sobre filmes que alcançaram o status de clássicos muito antes da artista ter nascido. Mesmo beirando o clichê de menina revoltada, Olivia consegue se distanciar esse sentimento com videoclipe bem interpretado e coerente com a proposta de seu primeiro projeto solo.

Review do ‘SOUR’

“Keep Moving” do JUNGLE

Direção: J Lloyd & Charlie Di Placido

Diego Stedile

O JUNGLE sempre entregou clipes com muita coreografia, isso não é novidade. Antecedendo o lançamento do ‘LOVE IN STEREO’, próximo disco do duo, JUNGLE lançou ‘Keep it Moving’, primeira canção com uso de coral e que se aproxima demais do soul. A faixa originalmente tinha muitas versões (segundo os dois) gravadas e algumas das interpretações do som podem ser ouvidas no final, quando a faixa muda para um tema inspirado no faroeste “Morricone”. No clipe, somos levado à uma experiência visual que une movimento e e coreografia, características muito presentes em todos os trabalhos dos dois.

“Solar Power” da Lorde

Direção: Joel Kefali e Ella Yelich-O’Connor

Eduardo

O retorno da Lorde vinha por entre sussuros, que agora gritam e formam cores e sintonias em “Solar Power”. Com 1/3 do vídeo sendo feito em plano sequência, e carregado de detalhes delicados (tons, danças, estética), o clipe dá vida de uma maneira singular para a canção, refletindo ao máximo por meio da sobriedade técnica e matizes suaves, toda a magnificência da faixa. Aqui, os lapsos da energia solar ganham definição visual únicos para representar todo um esplendor em meio ao breve e incrível primeiro sinal da nova fase da cantora e compositora. Os três shots finais são de harmonia imensa quando nos damos conta que a neozalendesa está finalmente de volta.

“White Peacock” da YMA

Direção: Gui Bohn

Letícia Finamore

Embora a maior parte de suas composições sejam cantadas em inglês, a cantora YMA é um grande nome do pop independente nacional. Seus trabalhos são intensamente marcados por sua identidade visual intensamente vermelha. Tudo em YMA é intenso – das letras de suas canções às suas concepções iconográficas. Seu mais recente trabalho, “White Peacock”, é um exemplar de sua capacidade de cativar o ouvinte – e, nesse caso, espectador – a partir de um par de olhos (referência ao nome de seu primeiro disco). O clipe desse single se mostra como uma superprodução, que se supera em diversos níveis pelo fato de ter sido realizada por uma enxuta equipe em tempos pandêmicos. A estranheza causada pelo pavão branco (tradução do nome da música) – desde sua história, contada em um stop motion de ilustrações belíssimas, passando por sua aparição e, por fim, seu renascimento – transformam esse curto clipe em um filme de terror que segue a linha dos lançamentos de tempos mais recentes, como é o caso de “Midsommar”, do diretor Ari Aster, e “Mãe!”, de Darren Aronofsky. O videoclipe de “White Peacock” engloba beleza, inquietude, desespero e alívio, e segue pela linha de YMA de aliciar seus fãs pelo âmbito visual impecável de seus trabalhos, além de, é claro, de sua sonoridade experimental fantástica.

“Creature of Habit” da JoJo

Direção: Alfredo Flores

Thiago Santos

Um estilo mais intimista e focado em elementos do R&B parece ser definitivamente a nova aposta de JoJo. Embora seu útlimo álbum não tenha feito jus ao talento imenso da cantora e as suas habilidade vocais. Em ‘Creature of Habit’ ela tem mais um acerto com um clipe que presa unicamente pela simplicidade, mas aposta nos movimentos de câmera e no uso de alguns acessórios-chave para falar uma pessoa que tem o hábito de sempre estar em um relacionamento, mesmo que ele já não faça bem a ela. Usando espelhos, uma cadeira e um colar, JoJo consegue construir a narrativa visual desta pessoa, presa no hábito de ter alguém, hipnotizada pela ideia de não estar sozinha, amarrada ao outro ou simplesmente dependente da dança a dois. Um clipe que se encaixa muito bem com música, usando de pouco e mostrando o melhor da cantora.

“Competition” da Amber Mark

Direção: Amber Mark & Cara Stricker

Thiago Santos

Amber Mark está praticamente preparada para lançar o seu álbum debut. Com uma sonoridade de R&B muito semelhante a nomes como Chloe & Hale e Solange Knowles, a cantora não poupou esforços em construir um clipe lindo para a faixa ‘Competition’, 3ª faixa lançada este ano, que possivelmente integrará seu novo projeto. Trazendo um visual que também se conecta com obras de Solange e até mesmo de Beyoncé, Mark apresenta um vídeo que preza pela arquitetura, grandes espaços e enquadramentos amplos, junto de um corpo de bailarinos negros muito bem vestidos. ‘Competition’ é sobre a força de se agir junto, sem desejar o mal do outro ou enxergar relações como competição. Uma ótima canção sobre a força de agir em conjunto, algo que fica ainda mais evidente por meio da sincronia visual dos dançarinos em todos os momentos do belo clipe.

Direção: Cat Solen

Heitor Beluco

Após o sucesso estrondoso de seu álbum de estreia, “Whack World”, que conquistou o tão sonhado selo de “Best New Music” da Pitchfork, a rapper está de volta com “Link”. Mantendo a estética lúdica dos seus videoclipes anteriores, Tierra agora precisa de ajuda para se lançar a outros mundos, e conta com a ajuda de seres bem peculiares para tal. A música, um hit que não vai zarpar tão cedo da sua cabeça, possivelmente fará parte do segundo disco da cantora, que deve sair ainda em 2021.

“Live To Survive” da MØ

Direção: Joanna Nordahl

Eduardo

Embora não tenha ficado muito viva nas nossas mentes desde o seu lançamento (talvez ainda seja muito cedo pra alegar isso), o retorno da dinamarquesa estremeceu bastante com o clipe todo produzido em tons vermelhos. O vídeo reproduz com fidelidade o quanto é radical andar sobre duas rodas e eleva a atmosfera dançante da faixa para um outro nível. O momento inicial, e curiosamente o que finda a obra, são os melhores e resultariam fácil em conceitos visuais perfeitos e loucos para a nova fase da artista.

“Nem Um Pouquinho” de Duda Beat e Trevo

Direção: Alaska

Eduardo

Com uma produção estrondosa que bebe de fontes do cyberpunk, “Blade Runner” e até longas clássicos de terror (de novo), Duda Beat junto da equipe do Alaska nos entregaram o vídeo mais impecável da discografia da cantora-compositora. O enredo simples funciona quase que de maneira explosiva devido a soma de resultados espetaculares que a parte técnica da obra esbanja com primor. Como um todo, o vídeo envolve e evoca por todas as suas raízes, poder. Não é só um dos melhores do ano, mas talvez, do ramo nacional.

Review do ‘Te Amo Lá Fora’

“TIME 2” do half·alive

Direção: JA Collective

Eduardo

É na loucura de talvez não fazer sentido algum que o clipe traceja o seu melhor. São cenas unidas para fazer refletir se juntas, contam algo. E mesmo que não conte, isso passa despercebido pela narrativa que aqui é evidenciada puramente pela semiótica e com uma seleção de cenas que resulta em algo visualmente muito bonito. Sem contar os momentos de coreografia, que juntos da canção e a louca condução da direção, funcionam ao extremo sem parecer confuso o suficiente para nos fazer desistir do vídeo.

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