Crítica | Pequenos Grandes Heróis resgata uma dose leve e nostálgica de aventura

O que realmente faz a diferença em ‘Pequenos Grandes Heróis’ é a carga nostálgica que muitos adultos vão se identificar.

Uma dose incrível de nostalgia! Dirigido por Robert Rodriguez, ‘We Can Be Heroes’ (ou Pequenos Grandes Heróis em português) se passa cerca de quase três décadas depois servindo como uma sequência autônoma de ‘As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3-D’. Aqui, acompanhamos a aventura da próxima geração dos Heroics, ou seja, os filhos de Lavagirl, Sharkboy, Fenômeno e todos os outros.

Robert Rodriguez se supera a cada novo projeto, entregando uma obra que parece sempre conversar com a sua anterior mesmo se tratando de temáticas tão diferentes. É curioso pensar que Sin City e até Um Drink no Inferno tenham saído da mesma mente de quem criou Pequenos Espiões e o assunto principal dessa review. A identidade do diretor trouxe ao filme o toque de estranheza que o acompanha durante toda sua carreira, e isso é incrível.

Após 15 anos do ‘primeiro filme’ da saga, o surpreendentemente ‘Pequenos Grandes Heróis’ chega para conversar com seu público infantil na mesma pegada estranha e bobinha (no ótimo sentido). Na nova aposta da Netflix, acompanhamos nova geração de Heroics no combate à uma ameaça alienígena que quer tomar a cidade. Com a reunião dos heróis adultos para esse combate e a captura imediata deles já de cara, ficou a cargo das crianças de fazerem todo o trabalho. Porém, nenhum deles sabe exatamente como fazer isso, ou qual é o seu poder nessa nova equipe.

Com um elenco repleto de nomes incríveis como Pedro Pascal (por deus!), Priyanka Chopra, Christian Slater e Boyd Holbrook, o que menos fica evidência aqui é a atuação deles, que mais observam seus filhotes brilharem do que realmente tomam o protagonismo. O que é ótimo! Entre os dilemas de crises de poderes, quem lidera o que, como fazer e o que fazer, o grupo de mini-heróis precisa lidar com suas diferenças e crescer para que possam agir como uma equipe unida. Algo que todo filme nesse estilo já tem, mas a gente vai relevar.

A premissa é aquela coisa que todo mundo conhece: eles se odeiam, mas daí se amam, de repente são uma equipe incrível e o dia acaba feliz. Mas o que realmente faz a diferença em ‘Pequenos Grandes Heróis’ é a carga nostálgica que muitos adultos vão se identificar. Repleto de defeitinhos, diálogos piegas e nada de muito difícil de entender, o filme dialoga bastante com seu público alvo, as crianças (sim, é pra criança ok?). A Netflix tem ciência de todas as suas limitações nesse sentido, e aposta na sutileza e simplicidade para mandar a mensagem. Em tempos de Marvel, DC, Vingadores e efeitos mega produzidos, aqui temos sim destaque para CGI e efeitinhos, mas nada que não conhecíamos de Sharkboy & Lavagirl ou Pequenos Espiões, só que melhorados.

A atuação dos atores mirins é um deleite a parte, em destaque para a incrível Guppy (Vivien Blair), filha de Sharkboy & Lavagirl (aliás, sentimos falta do Taylor Lautner aqui, já que a Taylor Dooley se fez muito bem presente). Já Missy, vivida por Yaya Gosselin, deu um show a parte ao mostrar que união é um grande poder e todo mundo é dotado disso, basta buscar dentro de si.

Vale mencionar à incrível interpretação da música ‘Heroes’, do rei David Bowie, em diversos momentos do filme, fazendo uma ligação clichê, ainda sim válida, com todo o tema do filme, o enredo, personagens e a mensagem principal.

Mesmo com um orçamento claramente baixo, Rodriguez entrega um enredo redondinho que dá conta do recado. A aposta em cenas de combate ótimas e cenários que dão vida à história, mostra que se ater ao arroz com ovo sempre tem o seu devido valor, ainda mais com um tom tão estranho que é o universo desse filme.

Te faz rir, se emocionar, torcer pelos mocinhos e vibrar com as vitórias. Tudo que muitos viveram com Sharkboy & Lavagirl há 15 anos atrás pode ser revivido aqui de forma nostálgica e gostosa. É um filme bem sessão da tarde mas que tem plena consciência disso, se aproveitando do fato e colocando ainda mais pra jogo suas qualidades do que defeitos. Para os saudosistas, um prato cheio de memórias e aventuras, para os novos visitantes, um convite à uma experiência leve e divertida.

Assista We Can Be Heroes (Pequenos Grandes Heróis) na Netflix.

Nota do autor: 80/100

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