Crítica | Pabllo Vittar, “Batidão Tropical Vol. 2”

Embora menos denso que o primeiro projeto, o volume 2 do “Batidão Tropical consegue manter a proposta original com fineza

O segundo volume do “Batidão Tropical“, de Pabllo Vittar, serve tamanha diversão que até as faixas bloqueadas (um tipo de comportamento estranho de um artista assumir) assumem o papel de fazer o ouvinte sacar algumas risadas, mas, ao mesmo tempo, parece um desaforo; talvez essa seja a única perda do novo álbum.

Como um grande giro por um tipo de Brasil musical que fez parte de uma parcela gigantesca do leque de muitos fãs da artista, as músicas do sexto álbum da cantora se intermedeiam com bastante sagacidade. E é puramente nessa construção entre uma música e outra que a gente sente o calor técnico e, ao mesmo tempo, a vibração do porquê esse projeto existir.

Toda a gama de tecnologia sonora que torna o som brasileiro em algo extremamente nostálgico para os já acostumados ouvintes de um dos maiores gêneros nacionais é explicitamente uma das melhores atitudes que Pabllo já colocou na pista com a ajuda de Mafalda, Zebu e Gorky.

Quando se trata de reprogramar os sucessos que marcaram a infância de grande parte da comunidade, instalamos o som no maior volume possível. “Rubi” é insaciável, uma fera delirante, e compra qualquer ouvinte com o ritmo acelerado na medida certa; “São Amores” e “Nas Ondas do Rádio” caminham para serem umas das mais notáveis da carreira da artista.

O respiro entre uma peça e outra, mesmo que sejam de bandas e momentos diferentes, é o que faz mais sentido para a construção do vocabulário inteiro do registro. Todas as misturas são tão bem encaixadas que parece como uma fórmula efervescente que se dissolve na água e então ocupa todo o espaço.

Pabllo mantém o calor do primeiro volume em uma continuação resistente

As novas ondas elétricas de sintetizadores para o tecno brega, a inserção de instrumentos e os vocais vividos, ganham, com uma percussão sonora vivida e lapsos de história musical muito bem realocados (afinal, o que gera vida aqui são referências), uma cor que possivelmente nunca existiria se não fosse unicamente por Vittar.

Não Desligue o Telefone” assume então o papel de batizar todos esses caminhos. É ela que faz o ouvinte voltar a entender onde ele está. Aqui, o PC music engloba uma música viciante e repleta de aparelhos lunáticos, mas completamente bêbados de uma dose excelente de refinamento.

Tudo dentro do “Batidão Tropical Vol. 2” parece esquentar um plano que apenas a artista poderia ter entregue. Em níveis de densidade, o segundo volume do projeto não proporciona totalmente a mesma experiência notória do primeiro, mas definitivamente não coloca a perder o que a proposta busca intencionar.

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