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Percy Jackson e os Olimpianos | Episódios 1 e 2 da série trazem o melhor da saga literária

Primeiras impressões dos 2 primeiros episódios de Percy Jackson e os Olimpianos, lançados antecipadamente pela Disney+.

A espera finalmente acabou e Percy Jackson e os Olimpianos chegou ao Disney+. Série estava prevista para estrear nesta quarta-feira, mas chegou “de surpresa” às 23h de terça-feira, dia e horário, que inclusive, serão fixos agora.

Não é novidade para ninguém o quanto a versão para o formato televisivo da saga era esperada pelos fãs, muito pelo amor deles pela saga, mas também pelo desejo de uma adaptação que fizesse jus ao universo criado pelo escritor.

Conheça o universo literário de Rick Riordan

Vale adiantar que o maior trunfo de Percy Jackson é a participação mais ativa do autor da obra Rick Riordan (tanto que pode ser que ele esteja em algum dos episódios) na produção. Sem dúvidas a atuação de Riordan junto aos roteiristas e a equipe de produção é o que nos trás quase a sensação de estar lendo a história de Percy novamente.

É extremamente prazeroso perceber a delicadeza e trabalho da equipe para tornar a experiência da série algo muito próximo dos livros, mas caso você tenha perdido algo, separamos uma lista com alguns grandes momentos desses 2 primeiros episódios.

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Se você não assistiu ainda, a partir daqui contém spoilers!

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Easter Eggs em Percy Jackson

  • A Crônica dos Kane (saga egípcia de Rick Riordan)

Por volta do minuto 6:48” do primeiro episódio, Percy (Walker Scobell) conversa com Groover (Aryan Simhadri) e o sátiro cita a possibilidade do semideus marcar uma conversa com o Sr. Kane – o que pode ser uma menção especial a Julius Kane, pai dos protagonistas de ‘As Crônicas dos Kane’, uma das sagas de livros de Riordan.

Vale lembrar ainda que, em setembro de 2020, Riordan publicou em seu blog que fechou negociações com a Netflix para produção dos filmes da saga dos deuses egípcios.

Em 2022, pelo X (antigo Twitter), a produtora e esposa de Rick reforçou que ele e a equipe estão trabalhando arduamente na produção do roteiro para as obras – o que fez com que ele desse uma pausa em ‘O Sol e a Estrela’, livro focado em outro personagem muito amado pelos fãs desse universo.

  • O “deus” maior na história

Se por algum motivo você pensou em Zeus, está enganado. Estamos falando dele mesmo, do autor. Assim que sofre o incidente com uma colega da escola e a Sra, Dodds (Megan Mullally), Percy é levado ao gabinete do diretor e é lá que o próprio Rick Riordan se encontra sentado junto do diretor e de Sr. Brunner/Quíron (Glynn Turman).

  • Olívia Rodrigo

Apesar de ser uma música absurdamente triste e talvez pesada para ser colocada na trilha de uma série infantojuvenil, a música ‘logical’ de Olivia Rodrigo está presente na série e cai como uma luva na cena para expressar os sentimentos de Sally Jackson (Virginia Kull), mãe do protagonista, por Poseidon (Toby Stephens).

“And I fell for you like water
Falls from the February sky
But now the current’s stronger
No, I couldn’t get out if I tried”

logical – Olivia Rodrigo
  • Criaturas

Um pégaso negro aparece no alto de um prédio em um dos flashbacks das visões de Percy durante a infância. Curiosamente, ele pode ser uma menção a BlackJack (ou até o próprio), a criatura é resgatada por Percy no segundo livro da saga ‘O Mar de Monstros‘.

Em outra memória é possível ver da janela um dos autômatos de Hefesto, um tipo de animal robótico feito pelo deus da tecnologia e metalurgia. Eles também só começam a ser introduzidos na história no segundo volume.

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Adaptações nos episódios

Todos sabem que para transportar o universo de livros e games para as telas, é preciso realizar adaptações para que tudo faça sentido para quem não conhece a história de forma profunda e por questão de gastos, mas isso não diminui em nada a qualidade no caso de Percy Jackson e os Olimpianos.

Confira algumas das adaptações notáveis nesses dois primeiros episódios da série:

  • Groover

O sátiro e melhor amigo de Percy está extremamente fiel em aparência e principalmente na personalidade, é cativante. A única diferença é que na adaptação, ele não usa muletas como forma de apoio e para disfarçar suas pernas de bode (elas apenas ficam escondidas sob as caças e os sapatos mesmo.

  • Sra. Dodds e a batalha

A mudança que talvez mais tenha afetado os fãs foi o confronto entre Percy e sua professora – que na verdade é um mostro chamado Fúria. A luta em si não acontece e a criatura é derrotada de forma acidental e rápida.

A escolha pode ter sido feita para dar mais emoção a revelação da Contracorrente – espada do herói.

  • Gabe

O padrasto de Percy, interpretado por Timm Sharp, ganhou uma versão mais “panaca” e menos abusiva na produção. No livro Gabe é quase agressivo, enquanto na série ele é mais paspalhão e reclamão. Uma escolha que pode ter sido feita pensando na plataforma e na idade de alguns espectadores.

  • Sally Jackson

Casada com um homem grosseiro, no livro, Sally é completamente submissa, aceita e praticamente obedece a tudo o que Gabe manda em prol da proteção do filho – o padrasto é tão desprezível que sua aura ruim ajuda a esconder até o filho de Poseidon.

Na adaptação, Sally é quase empoderada, ela lida com Gabe como uma mulher casada há tempos com um chato e usa dos gostos dele para fazê-lo não encher o saco de forma inteligente.

  • A névoa

A série deixa claro que a névoa confunde os humanos e que faz com que eles não enxerguem de maneira nenhuma as coisas do mundo mitológico ou que as vejam de outra forma.

No livro, ao chegar no limite do acampamento, Sally veste o casaco do filho para atrair o Minotauro, mas ela de fato não o vê o que torna a fuga mais difícil e a faz ser capturada.

Na adaptação a mãe do semideus consegue enxergá-lo e inclusive usa a blusa do garoto como um manto de toreiro para distraí-lo.

  • Ausência de personagem

Essa ausência não é novidade, uma vez que nem mesmo nos filmes adaptados de 2010 e 2013. O gigante de 100 olhos, Argus, não aparece na série e no caso dela especificamente a justificativa foi orçamento dos efeitos.

Argus é segurança do Acampamento Meio-Sangue e ajuda Percy e seus amigos em diversas ocasiões nos livros – sendo ele, inclusive, que leva o trio para sua primeira missão.

  • Luke

No livro, Luke é passa um ar de praticamente “grande irmão” de todos no acampamento. Ele é acima de tudo cuidadoso com todos, respeitado, heroico e protetor.

Para fortalecer esse sentimento no espectador e tornar o jovem mais próximo ainda de Percy, a série optou por deixar nas mãos do personagem, vivido Charlie Bushnell, algumas explicações que no livro são oferecidas por outros personagens. Algumas delas inclusive, estão presentes apenas no livro extra “Os Diários do Semideus“.

Essas são só algumas das diferenças presentes no início da produção, mas não se engane em pensar que elas enfraquecem a série. Muitas delas deixam Percy Jackson e os Olimpianos ainda mais atraente e ajudam a criar um sentimento mais prazeroso ao assistir os episódios.

Melhores momentos e grandes acertos da série Percy Jackson

Além das modificações, a série ganha toques muito interessantes e momentos que fazem o coração dos fãs saltitarem, uma prova enorme da importância do envolvimento de Riordan na equipe.

Confira alguns dos grandes acertos da produção nos episódios iniciais:

  • Você se apaixonou por Deus…

Em alívio cômico e uma ótima cena para composição da descrença de Percy é o momento em que sua mãe conta que se apaixonou por um Deus. O garoto inclusive demonstra uma referência de criação cristã, perguntando se a mãe se apaixonou por Jesus.

  • Black outs

Apesar de parecerem estranhos, algumas partes em que a tela escurece para haver uma transição da cena são exatamente semelhantes as que ocorrem no fim dos capítulos do livro. Um exemplo disso é a cena de Quíron dizendo “não há nenhuma Sra. Dodds”.

  • Swish, Swish, Percy

Uma das cenas cômicas da série não só é ótima, como demonstra perfeitamente uma das principais características da obra literária de Rick Riordan:

Percy Jackson fazendo a coreografia de Russell Got Barz, o menino da mochila, que ficou famoso no Vine em meados de 2016 e foi chamado para dançá-la com Katy Perry no clipe de ‘Swish, Swish’ da cantora.

Um simples passo de dança retrata algo muito presente no universo de Riordan, que é a modernidade e atualidade cultural. Um dos pontos mais empolgantes da leitura é perceber como os elementos da cultura pop são adaptados ao mundo mitológico e como muitos deles são disfarces para que os deuses, monstros e criaturas mitológicas estejam entre os humanos.

  • A glória

É notável como a equipe de produção da série entende o que está fazendo e principalmente, com a ajuda de Riordan, entende a profundidade e entrelinhas dos personagens.

Ao abordar o desejo pela ‘glória’ por parte dos semideuses e como ela é a única coisa que importa aos deuses, o personagem de Luke molda a motivação dos demais e dá uma camada para cada um. Uma maneira genial de aproximar o espectador dos personagens pelo intertexto.

A antipatia de Clarisse (Dior Goodjohn) pelo protagonista vem do seu sangue enquanto filha de Ares, da descrença de que ele possa ter alcançado a glória em matar um Minotauro logo em sua primeira chance. Não é bullying com um recém-chegado ou inveja, apenas o incômodo de que ele possa ter trapaceado para conseguir algo que ela almeja.

Annabeth busca sabe do que é capaz, sabe que pode lutar e entende o seu potencial, mas precisa alcançar a glória para provar isso a si mesma.

Já Luke alcançou a glória, ele é respeitado e amado por todos, mas não é só isso que ele sente. Ao expor a missão de resgate a Annabeth, ele entrega como se sente. A glória não foi suficiente para apagar a dor do que ocorreu com Thalia.

E por fim, Percy, o jovem meio-sangue entende que a glória é a forma de chamar a atenção do pai. Não é pelo nome ou a honra que isso traz para ele, mas para entender como o cara que o meteu nessa confusão não se importa com nada.

Diferente de boa parte dos semideuses, o orgulho de Percy não é o de ser filho de um deus, mas sim ser o filho de Sally Jackson e ele precisa esfregar isso na cara do pai.

  • “Você baba enquanto dorme”

Uma curiosidade interessante que surgiu no lançamento da série, muitos fãs se empolgaram com a cena do segundo episódio em que Annabeth diz esta frase a Percy, como se essa ela fosse exatamente idêntica ao que a semideusa diz no livro, mas isso na verdade é um efeito Mandela*.

Entre as diversas perguntas que a filha de Atena faz no livro, a primeira é na verdade sobre o solstício de verão e está relacionada a profecia que motiva o desejo da menina em sair em uma missão.

*Efeito Mandela: é uma memória falsa coletiva que dá uma impressão absurda de ser real.

Primeiras impressões

De modo geral, Percy Jackson e os Olimpianos conseguiu entregar aos fãs algo muito semelhante aos sentimentos sentidos na primeira leitura do livro.

O elenco conseguiu transmitir de forma carismática e muito proprietária a energia e essência de cada personagem, com destaque especial para o trio principal. Walker Scobell é Percy perfeito, com as nuances de humor, aspirações, questionamentos e ações que só o filho de Poseidon faria.

Leah Jeffries entrega no olhar e na linguagem corporal toda inteligência e vivacidade de Annabeth, sem deixar de lado seu espírito heroico e astuto.

E Aryan Simhadri é sem dúvidas o coração em forma de sátiro que Groover precisa ser. É nítido como ele carrega a fidelidade, lealdade e devoção que só o melhor amigo de Percy tem.

Se não bastasse o acerto do elenco, a série ainda consegue emular a atmosfera que só o texto de Rick Riordan trás, a mescla entre a magia antiga e mitológica grega com a atualidade pop do mundo contemporâneo.

A produção pode ter derrapado levemente em apressar algumas coisas e fazer cortes de cena que aos olhos podem parecer meio estranhos, mas que ainda sim funcionam e entregam o que ela deseja, deixando um gosto de quero logo os demais episódios.

Percy Jackson e os Olimpianos cumpriu suas primeiras promessas nestes 2 primeiros episódios e conseguiu entregar o máximo de fidelidade dos livros, coesão e entendimento da história.

Em menos de 2 horas os episódios resumiram 9 capítulos do livro (episódio 1, capítulos de 1 a 4 e episódio 2, capítulos 5 ao 9) e deixaram menos preocupado o coração dos fãs que não tinham ideia de como 8 episódios poderiam resumir ‘Percy Jackson e o Ladrão de Raios’.

8 episódios esses que já tem nomes definidos, inspirados nos livros para dar ainda mais fidelidade à série:

  • 1×01: “I Accidentally Vaporize My Pre-Algebra Teacher” (Sem Querer, Transformo Em Pó Minha Professora de Iniciação à Álgebra)
  • 1×02: “I Become Supreme Lord of the Bathroom” (Minha Transformação Em Senhor Supremo Do Banheiro)
  • 1×03: “We Visit the Garden Gnome Emporium” (Nossa Visita ao Empório De Anões de Jardim)
  • 1×04: “I Plunge to My Death” (Meu Mergulho Para a Morte)
  • 1×05: “A God Buys Us Cheeseburgers” (Um Deus Compra Cheeseburgers Para Nós)
  • 1×06: “We Take a Zebra do Vegas” (A Ida De Uma Zebra Para Las Vegas)
  • 1×07: “We Find Out the Truth, Sort Of” (De Certa Forma, Descobrimos a Verdade)
  • 1×08: “The Prophecy Comes True” (A Profecia Se Cumpre)

Assista ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ no Disney+ todas às terças, 23h.

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