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PVA constrói eletrônico ácido e pulsante sem perder as raízes

Apostando em som soturno e eletrônico, trio londrino PVA não se deixa levar pela própria grandiosidade adaptando sua essência

A criação do trio PVA segue uma história bastante comum e banal. Dois dos seus membros, Josh Baxter e Ella Harris, se conheceram em 2017 durante uma festa e decidiram seguir em frente como um projeto após perceberem que tinham gostos musicais parecidos. Pouco mais de um ano depois, foi a vez do baterista Louis Satchell integrar oficialmente a formação. A história do nome escolhido também não tem nada tão curioso, eles simplesmente precisavam de um nome oficial para tocar e, desesperados, seguiram a recomendação dos amigos que indicaram o nome que usam até então.

Sem precisar de nenhuma história mirabolante, o começo singelo da banda foi adaptando caminhos através de conexões. Desde abrir shows para outros artistas como black midi, Shame e Goat Girl até serem remixados pelo produtor queridinho do eletrônico alternativo, Mura Masa, o que rendeu até uma indicação ao Grammy de melhor gravação remixada, com a música “Talks”.

O disco mais recente, “Blush” de 2022, apresenta um registro com um pé muito forte no eletrônico, ao mesmo tempo em que adapta o gênero de forma ácida sem perder as raízes da cena de onde surgiu. Segundo a vocalista Ella Harris, até na capa já é possível ter uma ideia do conceito do disco. Enquanto uma mão puxa para um lado e a modelo vai para outro, pode-se facilmente fazer uma alusão ao som que emana do trabalho: um que consegue seguir caminhos distintos e distantes de forma orgânica.

Outra boa impressão que ele causa é de algo que consegue deixar uma sensação de que estamos ouvindo um toque futurista em camadas de grunge, industrial e techno. Os vocais são peculiares, mas as batidas parecem entrelaçar a voz para criar portais que conseguem modular a bestialidade do que é apresentado tanto para o canto mais contido quanto para um bastante nervoso.

Na primeira canção, é possível compreender tudo o que PVA quer transmitir com sua música. “Untethered” consegue incorporar a cada segundo o que virá nas próximas dez canções restantes. Com um instrumental pesado e que não dá descanso algum para quem ouve, a energia pulsante é certeira em ditar para quem está conhecendo o trio o que está por vir.

Outras que facilmente se destacam como as melhores do projeto são “Bunker” e “Bad Dad“. A primeira apresenta um registro bastante soturno na voz de Josh Baxter, que parece evocar um ritual para as pistas de dança. Já a segunda parece um encaixe perfeito para uma cena de perseguição na trilha sonora de algo dirigido por David Fincher.

O trio consegue manter sua grandiosidade sem perder a estética e sonoridade de um ato que aproveita e valoriza muito a cena de onde surgiu. A musicalidade vinda de artistas do sul de Londres está cada vez mais conquistando festivais e fãs, transformando o local em um celeiro para novas adições para playlists alternativas. PVA consegue equilibrar sem abandonar a essência que os tornam tão interessantes, mas seus membros não se limitam a ser apenas um ato contido.

Suas apresentações têm shows de luzes, fôlego para dar e vender e uma bateria intensa que não se faz tímida ao lado dos sintetizadores. A futura vinda ao Brasil para a edição de 2023 do Balaclava Fest é também um ótimo momento para que o público descubra um trio que dialoga muito bem com os admiradores de festas paulistas que atravessam a noite.

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PVA é uma das atrações confirmadas na edição de 2023 do festival nacional Balaclava Fest, que acontece em 19 de novembro, no Tokio Marine Hall.

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