Crítica | Ben Platt, “Reverie”

Ben Platt lança segundo álbum de estúdio com canções mais pop, sem perder o apelo dramático característico de seu trabalho como canto.

Ben Platt é um nome conhecido no cenário artístico, principalmente para quem é fã ávido da Broadway. O ator e cantor, se tornou reconhecido, principalmente, por seu trabalho impecável no musical ‘Dear, Evan Hansen’ (2015) – cujo papel, ele irá reprisar na adaptação do musical para as telas de cinema.

De lá pra cá, Platt não só seguiu sua carreira nas telas – em filmes como Pitch Perfect e séries como Will and Grace e The Politician –, mas também trabalhou sua musicalidade. Em 2019, o cantor lançou seu primeiro álbum, intitulado ‘Sing To Me Instead’, um projeto cheio de nuances emocionais e músicas que falam abertamente de sua vida e amores, o projeto rendeu inclusive um show, disponível na Netflix.

Agora, em 2021, como reflexo da pandemia e das mudanças da quarente, ele está de volta com o emocional, mas dançante ‘Reverie’.

Reverie é essencialmente Ben Platt…

O 2º álbum do cantor carrega muito da assinatura emocional de Ben Platt, mesclando novos ritmos à nostalgia e dramaticidade do cantor. Dividido em 3 atos por canções de interlúdio – king of the world, pt. 1, 2 e 3 – o projeto apresenta 13 faixas, que segundo o artista, foram criadas em um momento de reflexão da quarentena.

Em entrevista para a Clash Magazine, o artista afirmou que ao ter contato novamente com seu quarto da infância durante a pandemia, pode se reconectar com seu “eu” adolescente, reviver momentos nostálgicos e se lembrar de onde veio.

“Eu estava voltando ao meu eu adolescente, sentindo nostalgia e me lembrando de onde vi.”

Ben Platt, Clash Magazine (2021)

Platt, contou ainda que sua maturidade pessoal e seu relacionamento amoroso à distância, foram combustíveis na inspiração para criar as músicas novas. O cantor namora o também ator, Noah Gavin há um ano e meio e escreveu ‘Happy To Be Sad’, um dos singles do projeto, inspirado no namorado.

…mas também é parte de uma nova aventura.   

O jovem Ben foi cercado de referências musicais do pop dos anos 80 e em seu segundo trabalho, isso fica claramente perceptível. Faixas como ‘come back’ e ‘I wanna love you but I don’t’, apresentam nuances próximas ao estilo musical de George Michael, por exemplo. A própria capa e ensaio fotográfico do projeto, mesmo sendo simples, trazem um retrato muito clássico da vibe oitentista presente nele.

Diferente do 1º projeto, aqui, Ben Platt resolve se aventurar e experimentar uma roupagem mais pop, contagiante e dançante em algumas canções. Há algo de novo e fresco para o estilo do cantor, em músicas como ‘leave my mind’ e ‘dance with you’. É como se de alguma maneira, o artista começasse a se conectar um pouco mais com o cenário da música pop e com um estilo até mais radiofônico, sem deixar de lado seus fundamentos adquiridos na Broadway.

Assim como em seu debut álbum, é possível enxergar nas canções o background de ator de musicais tão característico, boa parte das músicas, poderiam tranquilamente compor as trilhas sonoras de filmes ou séries ambientadas da década de 80, compondo cenas dos clássicos bailes do high school americano.

A experiência de ouvir ‘Reverie’ é formada pela teatralidade e dramaticidade já característica de Ben Platt – com canções que são intimas, emocionais e sonoramente orquestradas –, mas também de algo que começa a separá-lo um pouco do ator e conectá-lo com a música de uma forma diferente e mais próxima do universo comercial.

Nota do autor: 80/100

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