Slowdive orbita entre nostalgia e vai além de sons bonitos

Gerenciando momentos entre o presente e o nostálgico, a banda de rock Slowdive cria distorções com guitarra e voz como nenhuma outra

Sem exercer nenhum comando sob a voz ou as guitarras (ou todas as outras camadas), onde nada é sobreposto sob o outro, tudo é incluído, a banda de rock britânica Slowdive cria o seu som para ser uma pura onda de sentimento entre o momentâneo e o nostálgico.

Essa combinação de sonidos sem muitas regras acontece propositalmente dentro do shoegaze, subgênero do rock alternativo que a banda foi percursora. Aqui, a banda coloca o volume de cada artifício na música com pouco controle, fazendo a sonoridade ir longe.

A banda está no ar desde 1990, colocando no ar camadas sobre camadas de modo destoante, mas em simultâneo com pura coesão, criando com facilidade um novo tipo de gênero, principalmente com a estreia em “Just For A Day”, um disco completamente feito sob a “luz” do escuro. 

Slowdive cria sensibilidade e gera trilhas para momentos não-particulares

Exercendo a prova de que a banda segue um estilo inquietante, em 1993 chega o “Souvlaki“, evocando um certo sair do sol em seu background, o álbum soa diferente do anterior, servindo como principal prova para mostrar a metamorfose da banda britânica; dali saem os maiores hits; “Alison”, a linda “When the Sun Hits” (o baixo “hey, hey” é gostoso de recitar) e “40 Days”.

A partir daí, vem a tona uma mistura entre a distorção de volume, guitarra e vocal grande o suficiente para tornar o rock alternativo da banda em algo etéreo. Isso fica mais lúcido, o desejo pela transformação, com o álbum mais recente: o sensacional “everything is alive”.

Toda a concepção do projeto gira em uma órbita solar, mas estranhamente, ao mesmo tempo, nublada. Onde o pouquíssimo uso de voz é responsável por fazer com que o ouvinte capte que o mundo está girando conforme novas distorções que agora empenhem uma nova função: gerar, não necessariamente, qualquer tipo de penso.

Parece que a melhor hora do dia para escutar o álbum é sob os tons de um sol alaranjado, para folhear um livro calmo ou até parar criar sensibilidade em uma circunstância que beira a mais brutal carga de energia. Entretanto, parece não haver momento certo para a audição e, no fim, Slowdive é mais que uma banda de som bonito.

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Slowdive toca no sábado, 02 de dezembro. Mesmo dia dos headliners The Killers e Pet Shop Boys.

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