Tame Impala presenteia fãs com show alucinante e energético no Lollapalooza Brasil 2023

Mesmo de muleta, Kevin Parker entrega espetáculo vibrante no último show da Slow Rush Tour

Quando um artista quer fazer um show e estar com seus fãs, são poucos os empecilhos que realmente conseguem mantê-lo longe dos palcos. Foi o que provou Kevin Parker, vocalista do Tame Impala, nos últimos shows da turnê Slow Rush. A reta final das apresentações, marcadas para o México e América Latina, quase ficou marcada por mais um cancelamento: às vésperas de acontecerem, uma fratura no quadril assustou o cantor e os fãs que aguardavam ansiosos.

Mesmo assim, assumindo o compromisso arriscado — mas honrável —, Kevin manteve as datas e cumpriu as apresentações mesmo de muleta, o que arrancou gritos ainda mais felizes dos fãs.

No sábado de Lollapalooza, a banda era uma das headliners do evento e provavelmente a mais aguardada do dia. A multidão que cercou o palco Chevrolet pareceu não se importar muito com o pequeno atraso, justificável perante o esforço do artista em estar ali. E quinze minutos após o combinado, começava o último show da turnê, que marcou sua despedida no palco de São Paulo.

Após um vídeo psicodélico — que já dava o tom do que seguiria na apresentação —, em que uma médica nos apresentava a droga “Rushium” antes de se desfazer em uma alucinação, a banda entrou no palco para apresentar a primeira faixa da noite, “One More Year”. “Borderline”, do álbum mais recente, e “Nangs”, do aclamado “Currents” seguiram para manter a energia. Enquanto os telões eram uma explosão de cores derretidas e excêntricas, um espetáculo de luzes e lasers iluminava o céu do Autódromo e impressionava os espectadores.

Quem queria ver a banda, precisava pegar a grade. Os telões apenas transmitiam imagens distorcidas, cheias de cores e efeitos para intensificar a “viagem”. Em diversos momentos, até a intérprete de libras se desfazia no efeito alucinógeno das cores e filtros no telão.

Crédito: Tame Impala/Kevin Parker por Flashbang / Lollapalooza Brasil 2023

Embora extremamente afiados e excelentes em seus arranjos e solos, a primeira metade do show ficou mais marcada pelo espetáculo visual, uma vez que os maiores hits da banda ficaram para a segunda metade do show. “Let it Happen”, nona faixa da apresentação e música de abertura do “Currents” foi o ponto de virada: embalando a platéia ensandecida, dali viriam apenas os hits mais aclamados da carreira da banda: “Feels Like I Only Go Backwards”, “Alter Ego” e “Eventually” vieram no embalo e marcaram uma pequena pausa em que toda a banda sai do palco.

Cinco minutos depois, ainda em suas muletas, Kevin traz a banda de volta para o bis aguardadíssimo: “The Less I Know The Better”, uma das mais conhecidas da banda coloriu mais uma vez o festival enquanto alguns fãs brincavam e se arriscavam na coreografia que ficou famosa nos últimos meses, após viralizar no TikTok com uma dancinha do novo ícone Xurrasco. E se essa já pareceu alegrar o suficiente, “New Person, Same Old Mistakes” levou os presentes ao delírio.

A música, deliciosa por si só, ganhou um cover na voz de Rihanna (presente no álbum da cantora, Anti, de 2016), elevando sua popularidade. A música, que trouxe consigo outra explosão de cores, efeitos e vozes que cantavam todas as palavras, também fez voar pelo céu do Lollapalooza uma nuvem de confete que foram dispersados num momento chave da canção. Depois dessa catarse e entrega, Kevin se despediu, gentil e carismático do público presente. Agradeceu o carinho, a presença e a energia dos fãs no último show, e reiterou a alegria por estar de volta à São Paulo.

Encerrando o show e a turnê com chave de ouro, sorridente e quase tímido, o cantor se enroscou nas muletas mais uma vez para sair do palco, entre um aceno e outro, deixando que a energia de suas músicas e a entrega de toda a banda ecoassem no sistema de todos que presenciaram tamanho espetáculo — e deu certo. Ainda estamos vibrando nos sintetizadores e psicodelia de Tame, ansiosos pelo próximo encontro.

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