Crítica | Ego Kill Talent, “The Dance Between Extremes”

Depois de alguns EPs, o álbum The Dance Between Extremes chegou completo e sem decepcionar

Quatro anos depois do lançamento de seu álbum de estreia, a banda brasileira de rock Ego Kill Talent retorna com mais um trabalho sólido. Assim como o debut “Ego Kill Talent”, “The Dance Between Extremes” foi lançado em três partes. Esse era o planejamento inicial do grupo formado por Jean Dolabella, Jonathan Dorr, Niper Boaventura, Raphael Miranda e Theo Van der Loo – o que eles não contavam é que o lançamento ocorreria durante uma pandemia.

Assim como contado pelo guitarrista e baixista Theo Van der Loo em entrevista ao ESCUTAI, o objetivo da Ego Kill Talent era lançar “The Dance Between Extremes” ao longo das três turnês que fariam – uma inclusive pelo Brasil, ao lado das bandas Metallica e Greta Van Fleet. A situação caótica global postergou o lançamento da tríade de EPs para 2021, momento em que a banda acreditava já estar de volta aos palcos. Apesar de ainda não estar fazendo shows, o grupo presenteia os fãs com um disco absoluto e de extrema qualidade.

Leia nossa entrevista com a banda sobre o álbum

Em seu segundo álbum, a Ego Kill Talent aparenta apostar na mesma fórmula sonora de seu disco homônimo. Essa similaridade não é nada decepcionante: “The Dance Between Extremes” mantém a identidade musical da banda, ao mesmo tempo em que aposta em um rock melódico mais agressivo e igualmente envolvente. O álbum não é, em si, surpreendente – mesmo assim, é um trabalho grandioso e digno de ser escutado em altíssimo volume.

Parte da grandiosidade da banda emerge dos trabalhos audiovisuais, liderados por Jonathan. O vocalista do grupo foi o responsável por criar um universo narrativo composto por personagens esféricas e intensas. O clipe de “The Call” introduz Tommy: um ciclista profissional que, após um acidente, deixa de praticar o esporte. Sua filha, Grace, aparece em “Deliverance”, clipe que cria uma ponte entre as narrativas. E as histórias não param por aí: segundo Theo Van der Loo, a Ego Kill Talent estuda novos caminhos de expansão para esse universo – que não está presente apenas nos videoclipes, mas também nas playlists criadas pela banda.

Algumas influências da banda para “The Dance Between Extremes” perpassam nomes como Lenny Kravitz, Sia e Tom Petty – essas inspirações são perceptíveis em faixas como “Diamonds and Landmines”, “Sins and Saints” e “Our Song”. Apesar de não ser uma inspiração declarada para o disco, é notável a presença da banda Foo Fighters na sonoridade da Ego Kill Talent: o som pesado, cheio de guitarras e com profundidade sonora, e até mesmo um certo gosto por baladas, fazem com que algum paralelo seja traçado entre as duas bandas, por mais que tenham grandes diferenças entre si. Além disso, todo o último disco foi gravado no estúdio do grupo liderado por Dave Grohl, o Studio 606 – isso faz da Ego Kill Talent a primeira (e, até o momento, a única) banda a gravar um álbum inteiro por lá.

O nome do disco faz jus aos polos alcançados com as sensações causadas pelo segundo trabalho da banda ao ouvinte: a energia de “The Dance Between Extremes” é bem distribuída, inclusive entre a ordem das faixas, de modo que os picos de energia não são tão chocantes. É possível passear por diferentes intensidades sonoras e sensíveis de forma tranquila, agitada e simultânea – como em uma antítese. Definitivamente, este é um álbum para gritos, danças, sessões de descabelamento e, claro, esperas pelas apresentações ao vivo da Ego Kill Talent.

Nota da autora: 81/100

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