Em Tribes of Europa, após um grande apagão, o mundo se encontra em um momento sombrio e distópico em que microestados estão em guerra pela sobrevivência e pelo poder. Em um cenário situado no ano de 2074, conhecemos os Orígines, os Corvos e os Escarlates, três das tribos principais desta guerra pela sobrevivência, em que a tecnologia foi um dos principais motivos da desgraça do mundo.
A primeira destas tribos, vive na floresta e é composta por uma gente simples que vive de sua própria caça, Liv (Henriette Confurius), Kiano (Emilio Sakraya) e Elja (David Ali Rasehd) são filhos dos fundadores dos Orígines, órfãos de mãe, os três auxiliam o pai a cuidar de seu povo na floresta em que vivem. Após a queda de uma nave misteriosa próximo ao local de caça dos três irmãos, tudo muda. Ferido, o piloto da aeronave, que é da tribo dos atlantianos, confia ao jovem Elja um cubo misterioso de seu povo, que contém informações sobre grandes perigos que o mundo irá enfrentar. De olho nessa tecnologia e conhecimento, os Corvos dizimam a vila Orígine e os poucos sobreviventes são levados como escravos. Elja consegue fugir com o cubo em questão, enquanto Kiano é levado como escravo e Liv, deixada para trás por pensarem estar morta, é resgatada pelos Escarlates – um grupo de militares que luta pela proteção do povo de Europa.
Em uma produção que parece se inspirar em obras como Jogos Vorazes, The 100, Divergente e até em Mad Max, acompanhamos o trio de irmãos separados, lutando pela própria sobrevivência e para alcançar seus desejos. Enquanto Kiano, escravo dos Corvos, deseja a liberdade dele e do pai. Liv busca invadir a terra dos destes selavagens para salvar seu povo e família da escravidão e Elja (que pensa ter perdido o pai e os irmãos), deseja cumprir a promessa que fez ao piloto da nave e levar o cubo de volta aos atlantianos.
Ser dos mesmos produtores de Dark gera expectativas que não são atendidas
Os momentos que focam nos princípios e na existência selvagem da tribo dos Corvos, são os mais interessantes e fortes na série. Lord Varvara (Melika Foroutan) é uma das personagens (senão A PERSONAGEM) com mais camadas da série e rouba até mesmo o espaço dos protagonistas. Impiedosa, implacável e imprevisível, ela é fria, mas em alguns momentos mostra vulnerabilidade e sentimentos que os demais corvos omitem possuir.
Liv, que começa narrando a história, tinha tudo para ser uma personagem nos moldes de Katniss Everdeen, mas acaba sendo alguém sem sal e com pouca personalidade. O arco de Elja, poderia ser muito bom na medida que tenta ser divertido, mas também acaba se perdendo na maneira de estruturar a relação entre ele e Moses (Oliver Masucci – o Ulrich de Dark). O desenvolvimento de Kiano talvez seja o mais interessante da série, apresentando um universo de poder, sensualidade e selvageria como forma de entretenimento dos Corvos, o que gera muito sofrimento ao garoto e rende bons momentos na tela.
De modo geral, os poucos episódios da série poderiam ser mais instigantes e gerar mais interesse do público para uma segunda temporada. Contudo, não cumprem muito bem este papel, somente o episódio final cria uma leve vontade de saber o que de fato irá acontecer. A produção foi idealizada para que haja sim uma renovação, termina cheia de pontas soltas, mas pouco atrativas. Ser dos mesmos criadores de um grande sucesso, trouxe uma expectativa a mais para Tribes of Europa e isso acaba não sendo correspondido.
Tribes of Europa possui 6 episódios e foi desenvolvida pelos mesmos produtores da aclamada Dark, contudo, decepciona com um roteiro mais frágil e pouco desenvolvido. Cenas de luta, uso de sangue, sexo e um ar sombrio tentam dar um ritmo mais interessante e agitado para a série, mas mesmo assim ainda não agradam o suficiente. Diferente de Dark, há pouco mistério para prender o espectador e muitas vezes os arcos parecem um pouco bagunçados e sem grandes propósitos.
Assista Tribes of Europa na Netflix.