O hábito de ‘fazer sala’ é comum entre aqueles que recebem visitas em casa, e quando essa experiência é bem-vinda, existem algumas coisas que podem ajudar a criar uma atmosfera agradável para o ambiente. Por que se limitar a apenas conversar e beber no sofá, se é possível fazer isso enquanto coloca algum disco para tocar?.
Definir um álbum ou uma discografia como música para ‘fazer sala’ pode até parecer uma forma estranha de elogiar algo, mas existem alguns artistas que, além de serem uma ótima escolha de trilha sonora para a vida, conseguem criar um clima muito agradável para deixar tocando ao fundo e comentar sobre o que se ouve. Com músicas que passeiam entre o psicodélico, lo-fi, rock e até um pouquinho de R&B, Unknown Mortal Orchestra é uma das melhores escolhas atuais para ouvir quando se tem companhia.
A banda neozelandesa composta por Ruban Nielson, Jacob Portrait e Kody Nielson possui uma sonoridade que parece evocar um momento de nostalgia na mente de quem a ouve, e sua música é como se imaginássemos uma fotografia antiga com áudio. No entanto, a sensação de algo mais antigo ao ouvir UMC não nos transporta para tempos longínquos, mas sim para algo mais próximo do ano de sua criação: 2009. Mesmo tendo quase quinze anos de carreira, o trio de Auckland aparenta ter uma trajetória mais extensa do que isso, justamente pelo impacto que sua musicalidade tem ao criar um cenário imaginário.
O primeiro disco, homônimo ao nome da banda, é menos polido que os trabalhos atuais, mas fica evidente o quanto a evolução no som ocorreu de forma natural e bem estruturada. ‘Ffunny Ffriends‘ possui vocais meio distorcidos e não tão suaves quanto lançamentos recentes, mas desempenhou um ótimo papel como primeira grande introdução para a banda.
Para quem está em busca de coisas novas através de artistas semelhantes, pode-se recomendar de duas formas: dizendo que Grizzly Bear e Ariel Pink poderiam facilmente lançar algumas das coisas feitas pelo trio, ou que se misturassem BADBADNOTGOOD, Tame Impala e King Krule em um liquidificador estranho o resultado também agradaria fãs da banda de Auckland.
Mas se o objetivo é explorar a fundo a discografia composta por seis álbuns, é interessante citar que dois deles, ‘Sex & Food’ e ‘V’, merecem bastante atenção. A fase mais moderna de Unknown Mortal Orchestra é agradável para quem os acompanha desde o começo, e também pode servir como um ponto de partida para quem pretende se aventurar em seus trabalhos. Outro ponto de destaque que vale a pena mencionar é o disco instrumental lançado em 2018: ‘IC-01 Hanoi’.
Assim como outros artistas, com presença confirmada no Brasil para o Balaclava Fest, o Unknown Mortal Orchestra tem uma leva de ouvintes que saberá demonstrar à banda como sua presença é um grande presente. Ao mesmo tempo, suas apresentações ao vivo são seguras e destemidas o bastante para instigar qualquer um a parar um pouco e prestar atenção na sua música.
Um dos melhores elementos do seu som é sua acessibilidade natural para qualquer um, e esse fator não é estrategicamente posicionado para agradar a maior quantidade de pessoas, é simplesmente quem eles são. Baseando-se em suas setlists mais recentes, há chances muito altas de conferir muitas das melhores canções da banda por aqui, já que ‘Weekend Run’, ‘That Life’, ‘Meshuggah’, ‘So Good at Being in Trouble’ e outras músicas são presenças fixas nos shows.
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Unknown Mortal Orchestra é uma das atrações confirmadas na edição de 2023 do festival nacional Balaclava Fest, que acontece em 19 de novembro, no Tokio Marine Hall