Esse artigo contém possíveis spoilers e teorias sobre o 01×05 de WandaVision
Assista o episódio no Disney+ antes de ler.
Se em seu 4ª episódio WandaVision trouxe respostas sobre coisas que confundiam a cabeça do espectador nos 3 capítulos iniciais. No 5º, ela chuta o balde novamente e surpreende a todos com uma quantidade excessiva de informações e conexões.
Intitulado “Em um episódio muito especial”, o 5º episódio da série se passa em meados dos anos 80/90 e tem como referência o sitcom ‘Três é Demais’ – estrelado pelas irmãs mais novas de Elizabeth Olsen. Com um ar familiar e leve da vida de Wanda e Visão (agora pais de gêmeos), o episódio começa com a carga de humor rotineira que tem agradado muito os fãs. Porém, se nos primeiros capítulos tínhamos mais humor e pequenas injeções de suspense, neste, os questionamentos não demoram quase nada para acontecer, deixando as brincadeiras e risadas em segundo plano.
Em muitos momentos Wanda Maximoff parece estar perdendo o controle sobre aquilo que criou (se é que um dia o teve de fato), não conseguindo nem mesmo controlar seus filhos recém-nascidos. As crianças não dormem e só param de chorar com a intervenção de Agnes (Kathyrn Hahn), que mais uma vez, parece ter certa consciência sobre tudo o que ocorre ali. Além disso, até mesmo Visão já não segue sendo facilmente controlado por Maximoff.
No episódio temos finalmente um embate direto entre a Feiticeira Escarlate e a S.W.O.R.D. Se ao confrontar o diretor da agência, Tyler Hayward (Josh Stamberg), Wanda se mostra completamente ciente do que tem feito, e claro, quer continuar a fazê-lo. Diante dos questionamentos de Visão porém, ela apresenta dúvidas sobre seu verdadeiro controle sobre a HEX ou Anomalia Maximoff (como é batizada a realidade moldada pela heroína).
Outro ponto muito importante do mid-season da série é situar a história no tempo, nele ficamos cientes de que tudo que está acontecendo só se passa 9 dias depois que as pessoas foram trazidas de volta do blip (estalar de dedos de Thanos) e que este foi o tempo suficiente para Wanda “surtar”, pegar as partes do corpo de Visão e criar a HEX.
Leia nossa review dos primeiros episódios de WandaVision
Referências e ligações
O episódio reúne referências que se entrelaçam claramente com os filmes do MCU. Diálogos, comerciais (estes sendo os easter eggs mais evidentes da série) e frases pontuais são a chave que guia o espectador atento aos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil, Homem-Aranha: Longe de Casa, Vingadores: Era Ultron e Vingadores: Ultimato.
Em muitos momentos há diálogos que integram Guerra Civil à narrativa e isso se reforça quando o comercial do sitcom de Wanda vai ao ar. O produto escolhido aqui são as toalhas de papel Lagos, clara referência ao nome da cidade em que Wanda, na tentativa de conter uma explosão, matou dezenas de inocentes e assim deu margem para a criação do Tratado de Sokovia – que regulava o trabalho dos indivíduos com poderes em organizações privadas e indicava que heróis fora de controle podem ser considerados “terroristas”.
Já falando em Homem-Aranha: Longe de Casa, é neste filme que as pessoas começam a retornar do blip – principal relação com a história de Monica o 4º episódio. Porém, nas cenas pós-créditos, dele, temos um momento em que o verdadeiro Nick Fury (que está no espaço) se levanta de uma cadeira e do seu lado vemos um quadro que indica um desenho de um hexágono. Teria sido este um indicativo de que o HEX já estava rolando? Isso quer dizer que o próximo filme do Home-Aranha pode envolver ou citar o que Wanda tem feito de alguma forma?
Além das clássicas menções a Thanos, também existe uma citação a Capitã Marvel, desta vez, diante de Monica Rambeau (Teyonah Parris), que não só é filha da melhor amiga de Carol Danvers, como também é a personagem que usou o mesmo codinome durante um tempo.
Há ainda as referências às HQs, a abertura do episódio retrata uma pintura de Visão e sua família e curiosamente é relacionada a capa da revista em quadrinhos Visão #1. Além disso o cãozinho Faísca, também não é uma brincadeira do acaso para estabelecer a família tradicional americana, já que nas histórias Visão criou um cachorro androide verde de mesmo nome. Também nas histórias em quadrinhos, os poderes de Wanda começam a ser chamados de hexes – “to hex” em inglês tem relação com azarar ou enfeitiçar – e é justamente de HEX que Darcy Lewis (Kat Dennings) chama a anomalia da Feiticeira.
Teorias e conspirações
Este talvez tenha sido o episódio que mais levantou conspirações dos fãs, as teorias vão desde a tentativa de apontar o vilão da série até a introdução de diversos personagens novos na nova fase do MCU. Sobre o vilão, muitos estão convencidos da participação de Mephisto ou de um de seus “servos” Master Pandemonium, em tudo o que tem ocorrido com Wanda, principalmente por conta do arco que envolve os filhos da heroína. Neste episódio inclusive, os meninos se mostram como personagens não controlados pela Feiticeira e aliado à descoberta de que Wanda tem apenas moldado a realidade como deseja (e não criado algo falso), isso pode significar que eles já são personagens reais e não fruto de uma ilusão como se pensava anteriormente.
Agnes é uma incógnita e já foi apontada como vilã também, as teorias indicam que a personagem pode ser Agatha Harkness, uma bruxa dos quadrinhos da Marvel, que foi mentora de Wanda. Este fato ganha ainda mais força com o trailer que mostra a personagem fantasiada de bruxa no Halloween (e Wanda fantasiada de Feiticeira Escarlate). Aliás, no episódio é bem incisivo o questionamento do porquê Maximoff não tem um codinome. Se antes isso esbarrava nos direitos autorais de X-Men, agora que a Disney comprou a FOX, pode indicar que Agnes é mesmo Agatha e está ensinando Wanda a expandir seus poderes – ela insiste que Wanda conseguiria trazer o cãozinho Faísca de volta à vida, por exemplo (mas como teria certeza disso?) – para se tornar de fato a Feiticeira Escarlate, alcunha que fez de Wanda uma “vilã” na Marvel por um tempo.
Há ainda as conspirações sobre possíveis novos personagens, foram citados nomes como o Visão Branco (uma versão do personagem que foi desmontado por vilões e remontado depois para integrar novamente os Vingadores, mas agora com uma cor branca); Os X-Men, podem ser introduzidos no universo do MCU também, dada à história base para série (Dinastia M) que mostra, entre outras coisas, que Wanda está criando pessoas com poderes mutantes por conta de tudo causa com seus poderes – e reforçada por uma determinada aparição no episódio 5 da série.
A heroína Fóton é praticamente uma certeza nisso tudo, já que Mônica Rambeau já nos foi apresentada e curiosamente neste episódio, teve alterações que deixaram seus exames em branco. Talvez a Marvel tenha decidido aproveitar WandaVision como forma de introduzir a personagem no MCU.
Uma execução brilhante e um multiverso de possibilidades
Embora o carro chefe do lançamento da Disney+ no Brasil tenha sido The Mandalorian (leia nossa crítica sobre as 2 primeiras temporadas), é com WandaVision que a plataforma se populariza. Se a 1ª ainda é parte de um universo mais voltado para fãs e entusiastas, a 2ª é muito mais popular graças aos filmes, que conquistaram público além dos fãs de histórias em quadrinhos.
Para contrariar as críticas de cinema e o conceito de que filmes de heróis estavam enjoando e se tornando algo cansativo, a Marvel está se reinventando de forma brilhante na abertura de sua 4ª fase nas telas. Se no início tivemos longas metragens que abriram um portas para esse universo, agora temos séries, pesadas no aspecto de produção, que vão maximizar este universo e expandi-lo ao patamar de multi. São multi-possibilidades de abordagem e ao que tudo indica a Marvel vai usar o máximo que puder delas.
Na fase anterior do MCU, a série Agents of S.H.I.E.L.D foi algo que serviu apenas como diversão e pincelou com easter eggs fracos uma relação com os filmes da produtora. Agora, com heróis já consagrados, ela aposta no caminho contrário, são as séries destes mesmos heróis que vão abrir espaço para os filmes e serão essenciais para o entendimento desse monstruoso universo.
WandaVision sem dúvidas já é um marco na construção da nova fase do MCU e já mostrou sua potência em apenas 5 episódios. Imaginem só o que poderá fazer até o 9º? A série é uma grande produção, que em certos aspectos escolheu uma roupagem simples – homenagear sitcoms clássicos – para introduzir uma expansão que pode consagrar até mesmo os heróis desconhecidos do grande público e tornar a Marvel umas das maiores franquias do mundo não só cinematograficamente.