Weyes Blood diverge entre sensibilidade e o experimental

Uma das atrações mais esperadas da primeira edição do C6 Fest, Weyes Blood tem músicas dolorosamente experimentais e emotivas

É difícil fazer músicas que assumam a importante personalidade de nos fazer ficar concentrado ou em estado sublime. Observando como bastante da vida está em completa distorção pelo uso contínuo de ritmos mais explosivos (isso definitivamente não é uma reclamação), a gente consegue citar um nome muito importante que exerce sensibilidade e calmaria como suas principais características.

Muito do que descreve a metodologia em fazer músicas de Natalie Mering, ou Weyes Blood, é essa. Como ela coloca em prática engenhosos soft pop que nos fazem entrar de cabeça num tipo de transe é a sua maior eficácia.

Ela participou da trilha “Angels In America” (da HBO) e escreveu três canções do EP, fragmentos etéreos e cheio de retalhos que alastram uma insana composição que mostra as primeiras partes de seu âmago. Também em 2011, chega seu 1º álbum, “The Outside Room”, longo e totalmente experimental, com sensações traduzidas em instrumentações e voz dark.

Atualmente, a encontramos em um estágio em que esses trabalhos representam uma notável evolução. Revelando como Weyes conseguiu explorar novas odes e atenuar circunstâncias diversas de maneira refinada, resultando em composições mais palatáveis e universalmente apreciadas. Na verdade, não era necessário muito, apenas uma idealização diferente de mundo.

Essas alterações, principalmente de soturnidade, surgem em “Front Row Seat to Earth”, que conta com cancões ainda densas, mas encorpadas em gradações folk onde as claras inspirações em Lana Del Rey e Angel Olsen soam agravadas.

Porém, é justamente o vem a seguir que molda como Weyes Blood passaria a ser vista. “Titanic Rising” surge em 2019 com uma capa brutal mostrando a artista fazendo um mergulho em seu antigo quarto. As formas visuais do projeto são encantadoras; créditos a Brett Stanley pelos cliques inimagináveis.

Weyes Blood consegue instigar quebrando o presente físico

Ele, sim, é a peça chave para cair de cabeça na água que a cantora promete em suas fases. Cheio de melodias marcantes, o goth rock aparece aqui e ali entre veias condensadas de modo magnífico em novas roupagens opulentas e conversantes com o ouvinte. Vale a pena ir por “Andromeda“; a faixa título que, com menos de 2 minutos, lhe faz alcançar o cosmos. Além disso, “Movies” também se destaca. No entanto, toda a tracklist compila um resultado excepcional e, sem dúvida, errante.

Até esse 4º álbum e, um pouco antes, notavelmente, muito da música que Weyes Blood colocava na pista a emancipava como alguém tão alheia do mundo externo da música que suas construções de universos se assemelhavam, por assim dizer, a encarar constelações de perto. Essa experiência única nos faz ouvir e, acima de tudo, sentir o que precisa ser sentido,.

Chegamos então em “And in the Darkness, Hearts Aglow“. Lançado em novembro de 2022, é surreal como o álbum é o futuro mais brilhante que Weyes poderia colocar em Terra. As 10 faixas são expoentes e excepcionais. Sem tirar nem por, ele torna-se seu registro mais bem elaborado.

Grapevine“, “God Turn Me Into a Flower” e “Twin Flame” são unicamente músicas que podem soar no ao vivo, excludentes do mundo lá fora. A maioria da força que a estadunidense decide colocar em seus discos têm exatamente tal poderio: de nos fazer abster de qualquer realidade. Essa é uma tarefa árdua para um artista, mas Weyes Blood consegue efetuar com a mínima complexidade.

Weyes Blood se apresenta no dia 21 de maio, domingo, último dia do C6 Fest em São Paulo. Ingressos já disponíveis.

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