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Crítica | Love, Victor amadurece discussões sem perder a delicadeza em sua 2ª temporada

2ª temporada de ‘Love, Victor’, continua sua jornada se destacando pela forma delicada e envolvente de apresentar um romance gay.

Série voltou para o seu segundo ano com mais maturidade, mas ainda sim, muito próxima de seu arco inicial. Se na 1ª temporada, ‘Love, Victor’ focou na autodescoberta do protagonista, agora, ela se dedica a demonstrar os efeitos desta descoberta na vida da família e dos amigos de Victor, abrindo os horizontes para que ele comece a ser cada vez mais autêntico e seguro de sua identidade.

Se passando apenas alguns meses depois do protagonista se assumir para a família, a série se desenvolve construindo Victor (Michael Cimino) exatamente como o que ele é, um adolescente em fase de amadurecimento, que agora, já sabe quem é e precisa lidar com isso em meio às comunidades que faz parte.

A temporada toda é cheia de conflitos e situações que envolvem os relacionamentos do garoto, com a família, os amigos, novos personagens e em sua relação amorosa, que ganha mais robustez e se abre para os aspectos sexuais e emocionais. Victor se tornou um jovem, que está cada vez mais seguro de quem é, mas ainda se sente “novo” enquanto homem-gay e precisa lidar com o fato de estar namorando Benji (George Sear) que já é assumido a mais tempo e inclusive já teve outro relacionamento.

Mais espaço e desenvolvimento para os personagens secundários

É interessante que no 2º ano da série, mesmo girando em torno do garoto, ela abre respiros maiores para que os outros personagens brilhem com suas histórias paralelas. Acompanhamos a situação de Mia (Rachel Hilson), lindando com todo o drama ligado ao relacionamento que teve com Victor e o fato de que seu ciclo de amigos, agora, é composto apenas por casais.

Felix (Anthony Turpel) – um dos melhores personagens da série desde a estreia –, brilha ainda mais neste segundo ano, ganhando uma narrativa mais tensa e emocional para história, que antes era um pouco mais focada em sua personalidade engraçada e estranha.  O menino agora tem que lidar com mais situações relacionadas à mãe e ao seu relacionamento com Lake (Bebe Wood).

Um dos pontos altos nesta construção individual dos personagens, é a maneira que ‘Love, Victor’ conduz o roteiro para falar da reação dos pais do protagonista. De um lado, temos o pai, Armando (James Martinez) – que nos casos reais relacionados aos filhos homens gays, tem mais dificuldade e infelizmente até mais agressividade com o assunto –, que na série se mostra alguém disposto a buscar ajuda para compreender o filho, respeitá-lo e amá-lo como ele é. De outro, temos a mãe de Victor, Isabel (Ana Ortiz), cujo laços de amizade com o filho, antes muito fortes e sólidos são colocados a prova e levantam discussões extremamente persistentes sobre a reação dos pais e a solidão dos filhos no momento pós-saída do armário.

Sexo, religião e confiança compõe a narrativa de amadurecimento de ‘Love Victor’

A série segue sendo uma produção adolescente, mas mesmo assim, consegue de forma muito leve tocar em assuntos fortes e de extrema importância, de uma forma que gera sim familiaridade sem causar desconforto ou um sentimento ruim ao assistir.

Entre os conflitos centrais do 2º ano, os jovens estão descobrindo o sexo e isso é abordado de forma engraçada e leve, tanto nas relações heterossexuais, quanto na homossexual. O que é um fato quase inédito se falando de produções adolescente leves. Aliás, muitas vezes até mesmo em produções mais robustas e agressivas, as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo ainda é um grande tabu para se explorar na televisão.

Outro ponto muito necessário que a série levanta de forma muito sútil, mas ainda sim certeira, é a relação dos LGBTQIA+ com a religião. A mãe de Victor, professora de canto na igreja e católica praticante se vê em conflito com sua crença e seu amor pelo filho, algo que é potencializado por um padre que reforça os ideais homofóbicos presentes na instituição.

Como citado na crítica da 1ª temporada da série, além de continuar com uma trilha sonora impecável, ela segue fazendo um trabalho excelente em contar uma história gay de forma leve, engraçada e romântica, completamente fora dos moldes das narrativas LGBTQIA+. ‘Love, Victor’ retorna para uma segunda temporada mais madura, evoluída e emotiva, trabalhando o crescimento pessoal dos adolescentes e o dos adultos, sem deixar de ser agradável. A produção conclui seu segunda no de forma tão excitante e curiosa quanto o primeiro, deixando os fãs loucos para o que está por vir.  

‘Love, Victor’ segue prevista para estrear no Brasil pela Star+, serviço complementar da Disney+ previsto para chegar ao Brasil em 31 de agosto deste ano. A série ainda não tem confirmação de renovação, mas se depender da crítica (que segue dando boas notas para o show), dos fãs e da excitação curiosa deixada no final da 2ª temporada, a produção tem grandes chances de retorno.

Nota: 93/100

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