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Crítica | Pedro Sampaio, “Chama Meu Nome”

Seu primeiro trabalho vem após praticamente cada música que lançou ter ecoado fervorosamente na cabeça de muitas pessoas, e a estratégia era bem simples e direta

No dia do lançamento do seu primeiro disco, Pedro Sampaio deu uma ideia de como foi sua jornada, desde quando tocava em festas adolescentes até chegar em seu status atual: o de estrela pop. Simpatizar com a série de tweets é fácil, já que qualquer história de carreira musical que deu certo é inspiradora, e também é bonito perceber que ele realmente conseguiu chegar onde está. Existe exemplo melhor para incentivar os milhares de adolescentes que tem a pretensão de ser como ele? Não. Porém, obstáculos podem até dizer muito sobre a pessoa que almeja esse tipo de fama, mas isso não significa que sua dificuldade possa ser transformada em qualidade.

Seu primeiro trabalho vem após praticamente cada música que lançou ter ecoado fervorosamente na cabeça de muitas pessoas, e a estratégia era bem simples e direta: bastava um beat, uma duração curta e a participação certeira de algum software que melhorasse um pouco a voz do cantor… Já que se dependesse dela em sua forma pura e clara seria bem difícil para qualquer ouvinte aproveitar qualquer cantoria sua.

Pedro Sampaio – Galopa

O problema é; já que ele não pode oferecer dons vocais, resta utilizar sua habilidade como produtor e beatmaker para dar um gás maior a suas canções, o que infelizmente não acontece em Chama Meu Nome. Durante todas suas onze faixas não existe qualquer risco para sair da zona de conforto, e mesmo que sua sonoridade não chegue a ser a mesma em todas as faixas, não há qualquer momento que desperte curiosidade em saber como tal efeito foi atingido ou onde começam e terminam loops. O que soa decepcionante para um artista que gosta tanto de brincar com suas produções e live edits

O projeto chegou a gerar controvérsia dada as possíveis semelhanças com trabalhos de astros internacionais, mas mesmo que essas ‘inspirações’ sejam óbvias sob o olhar das pessoas, isso não chega a ter tanto peso em seu apelo. Dar um visual para esse projeto parece apenas uma tentativa de deixar tudo com uma cara mais pop. E mesmo que chame um pouco de atenção no começo, após alguns segundos já causa indiferença.

Reclamar do teor repetitivo das canções é chover no molhado, porque esperar algo além disso de Pedro Sampaio é se iludir. Não há problema em ele limitar tanto seu trabalho assim, até porque para um artista como ele (e muitos outros nacionais) a aposta em letras fáceis (quase estúpidas) e de fácil absorção é o que faz uma música ficar tão presa na cabeça de alguém.

Pedro Sampaio e Zé Vaqueiro – Vai Embora Não

Um acerto do artista é saber moldar seu estilo a o dos seus convidados. ‘No Chão Novinha’ e ‘Forasteiro’ são bons acertos onde ele se mostra maleável quando não está sozinho. E o ápice fica por conta de ‘Vai Embora Não’, que tem de tudo para cair na boca do povo até ninguém aguentar mais (o que pode acontecer mais cedo do que se imagina). Quando saí muito da sua bolha o resultado acaba sendo horripilante, ‘Surreal’ é tão genérica que parece ter sido criada a fim de homenagear outro artista que já causa conflitos sobre sua qualidade ou não. Ter essa faixa como a última do disco deve ser a forma do cantor dizer que deve ser por isso que ele não tenta ir muito além dos próprios limites.

Em geral, Chama Meu Nome é morno, quase frio. Mesmo que do começo ao fim ele seja uma overdose de energia e animação, isso não é o bastante para camuflar o quanto ele soa inexpressivo. O resultado é vazio, superficial e moldado apenas para mentes que não exigem tanto até do próprio artista.

Nota do autor: 23/100

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