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Crítica | Lizzo, “Special”

Sempre com um sorriso brilhoso no rosto, o quarto álbum de estúdio da rapper aborda novamente a pura autoaceitação

O quanto algo que acontece agora, neste exato minuto, lhe causa mal? E o quanto você está disposto a ir atrás de uma resolução? O mais realista e importante a declarar é que já estava na hora de se dar conta dos maus momentos.

Em “About Damn Time“, primeiro single da atual fase de Lizzo, a artista parece compreender e reverberar aos ouvintes que parte desse trajeto foi difícil para ela, mas caso ele também esteja nessa jornada, ela oferece total apoio. Parte dessa mensagem é decifrada além da letra e vai muito por através da típica sonoridade capaz de levantar todo mundo.

O single, que viajou mundo a fora de uma maneira explosiva e viral, é o ponto perfeito para descrever o manifesto que “Special“, quarto álbum de estúdio da rapper, é. E mesmo que não dê pra negar que o hit tenha a mesma composição técnica de algo tirado da trilha sonora de algum dos filmes “Trolls”, as outras canções brilham melhor e cedem uma aventura de menos de 40 minutos com alucinantes e aceleradas marés de purpurina.

Lizzo/Atlantic (créditos/reprodução)

Em algumas vias de produção técnica, o trabalho soa como algo que o “Smile”, de Katy Perry, faria. Nos deparamos com sinapses e construções para as canções que abocanham exatamente como é a sensação de estar no topo de uma montanha russa e curtir com todo o corpo o momento com a máxima veracidade possível. O único instante para parar de apreciar é quando se aterriza na linha de início, e então, pedir para tentar mais uma vez. 

O lado mais complexo de um som contemporâneo visto por exemplo no seu mais explosivo álbum, o ótimo “Cuz I Love You”, traça algumas pontes aqui, mas logo somos induzidos para a positiva atmosfera conforme ele desvincula-se automaticamente da equiparação (que ela deixa claro que faz mal) ao seu outro irmão.

A naturalidade que Lizzo projeta usando sentimentos convidativos e acolhedores sobre autoaceitação e amor por parte de terceiro ainda se proclama de maneira extensiva e meticulosa, sendo novamente o principal gás. A artista de novo deixa claro porque é uma estrela brilhante, e o que devemos fazer é apenas gritar de alegria e nos juntar a ela.

Lizzo/Atlantic (créditos/reprodução)

2 Be Loved (Am I Ready)“, facilmente a melhor da tracklist inteira, é como balançar sinos e começar um baile. A faixa é cativante e engole um pop dos anos 80 de um jeito fresco e frenético. Com “Everbody’s Gay“, a cantora dita o ritmo como se tivesse na palma das mãos um jam de Michael Jackson, compondo uma bela condução de ritmo e ainda melhor velocidade de indução; a faixa corre pelos ouvidos com clareza e uma astúcia sensacional para nos fazer render aos calafrios da guitarra, que logo decidem parecer quentes.

Para os de fora que esperam um álbum puramente arquitetado para suprir as escolhas que algo conceitual precisa ter, é melhor não embarcar nas ondas de “Special“, ele não serve para suprir tal ideação. Mas sabe, às vezes, nada é melhor do que só parar, escutar um disco, entrar em seu caloroso clima e sair completo e feliz, sem adicionar, tirar ou muito menos por. 

Nota: 80/100

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