Quando Olivia Rodrigo surgiu, o apelo era pop, mas desde o início, e principalmente com o lançamento de “good for u”, já era notável que esse gênero não seria mais a melhor definição para a artista. Até então, isso poderia parecer apenas uma impressão do público, e muitos que torciam o nariz para o sucesso estrondoso de Olivia duvidavam do que ela era capaz. Mas agora, após o sucesso da Guts World Tour: Spilled e sua passagem por Dublin na leg européia da turnê, é possível afirmar que estamos lidando com uma estrela do rock.
O gênero rock é conhecido por muitas características, e uma de suas controvérsias gira em torno do que é, de fato, considerado “rock” por quem consome o estilo. Olivia se arriscou e acertou ao lançar seu segundo disco. GUTS foi uma evolução marcante, que consolidou seu território ao mostrar que sua transição sonora foi natural e bem-sucedida.
Hoje, é visível o quanto a geração atual se espelha na atitude e no comportamento da cantora. Olivia Rodrigo não tem medo de defender o que acredita nas redes sociais, tornando-se um modelo a ser seguido pelo público adolescente, que compõe a maior parte de sua base de fãs. Apesar de chamar a atenção de meninas jovens, seu som é bem recebido por todas as idades e gêneros. Comentários elogiosos vindos de pessoas mais velhas refletem o fato de que ela vai além e dialoga com quem simplesmente gosta de boa música.
O show da Guts Tour: Spilled tem um forte apelo na intensidade. Trocas de figurino e efeitos especiais acabam sendo esquecidos pelo público, que mal tem tempo para recuperar o fôlego. Mesmo em performances mais intimistas, como a de “drivers license”, ou mais leves, como em “pretty isn’t pretty”, ainda é possível sentir a energia que, nesses momentos, se concentra nos vocais. Olivia teve seu primeiro contato com o sucesso por meio de uma série de TV musical, então nunca houve dúvidas quanto às suas habilidades técnicas nesse aspecto. Ainda assim, é sempre bom ter um lembrete sonoro de que ela também é uma das melhores vocalistas de sua geração.
A construção rumo a um show de rock ‘n’ roll é bem planejada, e, durante o encore, o público se depara com o ponto alto da turnê. A sequência composta por “brutal”, “all-american bitch”, “good for u” e “get him back!” representa o clímax da apresentação, fazendo com que todos fiquem atentos, torcendo para que aquele momento não termine. A surpresa para a sua passagem no Marlay Park tocando para um público de cerca de 35 mil pessoas acabou sendo um cover para “I Love You” da banda irlandesa Fontaines D.C. Olivia Rodrigo focou em fortalecer seu nome da melhor maneira possível para qualquer ouvinte: estando em turnê.
Após carimbar seu lugar como headliner em diversos festivais ao redor do mundo, a cantora se consolidou como um dos nomes mais desejados por quem busca experiências musicais de qualidade. Por um lado, conquistava públicos que talvez estivessem ali para ver outros artistas; por outro, provava aos seus fãs que, quando o assunto é presença de palco, não há do que reclamar.
Olivia Rodrigo tem pouco tempo de carreira e, como conquistar uma audiência não parecia suficiente, ela vem colecionando participações com grandes artistas também. A presença de Robert Smith durante seu set no famoso festival britânico Glastonbury (em 2025) é uma lição sobre como o rock consolidado pode dialogar com o toque contemporâneo do gênero.Após tantas demonstrações de poder, é possível perceber que a cantora tem nas mãos uma das melhores turnês de 2025.
A Guts World Tour: Spilled se consagra como seu maior acerto até o momento, entregando coesão à sua setlist e fazendo com que seus álbuns se tornem produtos ainda mais fortes em sua discografia.