Crítica | Fernanda Abreu entrega um espetáculo intimista e sincero com AMOR GERAL (A)LIVE

Nada pode parar o amor. Fernanda Abreu adapta a gravação do show “AMOR GERAL”, enfrenta o desafio de se apresentar sem público e continua visceral.

Fernanda caminha entre o backstage e o palco, desejando bom show à equipe. Há bailarinos e músicos se aquecendo para a apresentação — e gravação — do projeto AMOR GERAL. Estamos no Imperator, no Rio de Janeiro, e é 13 de março de 2020. A artista, antes de pisar no palco em definitivo, faz uma pose para o fotógrafo.

(Foto: Alexandre Calladinni)

Tudo corria bem, se não fosse por um detalhe: duas horas antes do show, a equipe foi informada que o estado do Rio de Janeiro decretou a suspensão de eventos com aglomerações — em decorrência da pandemia covid-19. O alvará foi cancelado e o público não poderia entrar, sendo evacuado às pressas do local.

Mas com músicos, bailarinos e toda a equipe ali, trabalhando ativamente, por que parar? O grupo se reuniu, decidindo que a gravação deveria seguir normalmente. Fernanda renomeou o projeto para AMOR GERAL | (A)LIVE e temos o que pode ser considerado pioneiro no segmento de lives da pandemia, mesmo de forma involuntária.

O desafio de enfrentar uma gravação sem público, mediante essas circunstâncias, não abalou ninguém ali dentro.

Com o repertório trazendo músicas de seu disco mais recente (Amor Geral, de 2016) e grandes sucessos como “Rio 40 Graus”, “Kátia Flávia” e “Garota Sangue Bom”, Fernanda brilhou. É impossível não ficar impressionada com a sua performance, bem como as coreografias da Focus Cia de Dança — destaco aqui o casal que beija e dança sem parar ao longo da música “Saber Chegar”, foi de tirar o fôlego. Falando em coreografias, Neguebites e Hiltinho dão um show à parte com os passinhos.

(Foto: Alexandre Calladinni)

A atmosfera criada no ambiente — um palco limpo, mas com luzes e projeções — faz com que tudo seja muito íntimo, bem como os figurinos. Ver Fernanda ao vivo é sempre uma experiência incrível, mas dessa vez ela ressignificou tudo. Cantando e dançando sem parar, ela mostra sua imensa energia, sensibilidade e amor ao que faz.

Mesmo numa gravação, ela faz com que você se sinta ali dentro, colado ao palco, admirando tudo.

Sem saber o que poderíamos enfrentar nos meses seguintes, a escolha de continuar com a gravação foi certeira. Arrisco dizer que, se fosse planejada para ser dessa forma, talvez não ficasse tão boa e enérgica assim.

O AMOR GERAL é sobre liberdade, respeito, coragem, força e diversão. Ele existe, se faz presente e é necessário — porque nunca precisamos de tanto amor quanto agora.

Nota da autora: 90/100

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