Crítica | Dominic Fike, “Sunburn”

Dominic Fike diverte-se com os vários pensamentos que inundam sua cabeça em ‘Sunburn’

Um estilo musical único, com trabalhos plurais que, ao mesmo tempo, conversam e ficam mudos entre si. Dominic Fike, cantor e compositor de uma das músicas preferidas do ex-presidente estadunidense Barack Obama e ator de Euphoria, diverte-se com os vários pensamentos que inundam sua cabeça. Sua vontade de passear por diversos ritmos é perceptível em “What Could Possibly Go Wrong”, seu primeiro disco, e fica mais evidente em “Sunburn”, seu mais recente trabalho.

Embora álbuns que passeiam por vários ritmos possam ser desconfortáveis aos ouvidos — e, por vezes, ao coração —, isso não acontece em nenhum dos trabalhos de Fike. Seria a ordem das escolhas muito bem pensadas? Talvez não. Sua voz, mesmo que não seja tão emblemática, é de fato envolvente.

Dominic Fike para ‘SUNBURN’ por Bethany Vargas

Um mergulho em Sunburn

Sem muitas oscilações em seu jeito de cantar, Dominic mantém um estilo calmo que perpetua pela maior parte de suas composições. As alterações ficam por parte das melodias que, em seu segundo disco de estúdio, ficam no espectro do rock indie com um pé no surf rock. As guitarras funkeadas remetem ao clima quente de verão que, assim como o nome do disco diz, podem causar queimaduras.

Não porque seja explosivo — até mesmo porque não é —, mas por ser um disco que deixa o ouvinte envolvido sem que perceba que o álbum está sendo repetido após seu fim. Ou seja: é possível dizer que, mesmo com tantos gêneros diferentes em um mesmo disco, Sunburn é homogêneo. 

O mais recente trabalho de Fike agrada os fãs já dedicados, porém não os sustenta. “What Could Possibly Go Wrong” é um disco de estreia espetacular — isso sem contar os EPs que o precederam. Isso não significa que é um álbum ruim — só não é tão bom quanto seu melhor álbum. Independente disso, Sunburn entrega um som capaz de captar novos ouvintes que talvez tenham passado batido pelos primeiros trabalhos de Fike.

O sucesso de Euphoria pode ser um dos motivos para tal, porém também faz sentido pensar que se trata de um projeto menos experimental. Seja qual for a resposta para as mais diferentes hipóteses (se é que há respostas), Dominic Fike é indubitavelmente talentoso. 

80/100

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