Crítica | Miley Cyrus, “Endless Summer Vacation”

O “Endless Summer Vacation” é o projeto mais bem cadenciado dentre todos os álbuns que Miley Cyrus já pôs na pista

O que o próximo álbum de Miley Cyrus seria após um projeto tão aprimorado como o “Plastic Hearts“? Aquela soturnidade encaixou feito luva em sua nova imagem — mérito totalmente seu por vestir tão bem a “personalidade”. Passados menos de 3 anos, a nova fase surge em formato de um projeto que contempla férias de verão elegantes que ela nunca quer ver o fim.

No “Endless Summer Vacation“, seu novo e 8ª disco de estúdio, a densidade rock do registro anterior é drasticamente reduzida, porém, o resultado é experimentalmente bem ajustado e afiado ao ponto de ser suficiente para suprir parte daquela substância nos dispostos a abraçarem tal nova concepção.

No fim de qualquer idealização, seja ela sonora e técnica ou psíquica, as 13 faixas divididas em 2 turnos, manhã/tarde e noite, expõem com vigor um estágio de maturidade que Cyrus certamente nunca esteve antes. Ela se encontra na cidade, na ilha, nas férias, no verão, naquela versão de cabelo molhado e na mulher de óculos escuros que exprime confiança.

Flowers” é incontestavelmente um hit, mas unida ao todo, é “básica”, sendo um personagem prestes a romper a superfície da água. A sua versão demo, ato de encerramento, é mais que isso, é descartável.

You” é um pouco mal centralizada, principalmente nas camadas de produção no encerramento. Já a carregada “Handstand” é o oposto, mesmo estando no lado AM do projeto, a desordem é balanceada. Além de não ser nada sorrateira nos tons noturnos, idealiza correr sob as luzes negras da cidade ao lado da liberdade. No mesmo compasso, “River” e “Violet Chemistry” são inestimáveis. As canções se misturam em vários fios e o resultado é uma diversão atordoante.

Há peças condensadas que mixam formas que não agregam muito, mas que compram parte do conceito sonoro de toda a piscina reluzente que Miley esbanja no disco inteiro, e 85% dessa água é viva e incapaz de não nos fazer dar um salto; seja para nos lavarmos ou como um preparo para sair mais tarde.

Diminuindo as excitações para fechar as férias, encontramos “Island“, um som tropical simples e cativante como o vai e vem de uma onda. A ilha inóspita que Cyrus criou/frequenta gera belas contestações em ser de fato o seu paraíso: “So close to heaven, but so far from everyone / Yeah, I’ve got treasures buried underneath the sand / But I’m still wishing for the love that I don’t have” são linhas nunca descritas tão bem por Miley.

Quando percorre por nuances tempestuosas e que não se mostram cansadas em estágio algum, o projeto inteiro se escorre por uma caminhada dançante. O ouvinte pode estar embriagado ou não, as músicas vão desempenhar um papel de ligar os botões com sintetizadores multicoloridos.

Notas de rock, tons psicodélicos, e uma grande parte do esqueleto de sua discografia parecem resumidas no “Endless Summer Vacation“, o álbum se embriaga nas ondas de tudo que tornou Miley Cyrus uma estrela e verbaliza isso em um som que é praticamente o melhor que ela poderia vestir agora.

80/100

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