Uma viagem inesperada com ingressos VIP para o Coachella: esse pode ser o sonho de muita gente, mas não o de Solène, que cai de paraquedas na situação e precisa encarar para satisfazer a filha. Em uma surpresa do destino, a proprietária de uma descolada galeria de arte acaba sem querer parando no trailer de Hayes, um dos integrantes da descolada banda August Moon. Bonito, carismático, educado e galanteador, Hayes espalha seu charme por Solène, que se vê tentada a viver um “lance” nada convencional — afinal, o que o flerte entre uma mulher comum e um astro da música muito mais novo que ela, pode trazer de ruim?
Com essa premissa base e inspirado no livro de mesmo nome, “Uma Ideia de Você” (ou The Idea of You) é o novo filme a integrar o catálogo do Prime Vídeo. A adaptação traz uma roupagem mais ‘fofa’ do livro apimentado, e as poucas cenas mais quentes do filme trazem quase uma “quebra” à vibe “sessão da tarde” dos minutos iniciais, mesmo sem parecer apelativas.
A calmaria e o clima de “sonho” acompanha boa parte do filme, afinal, se é difícil para Solène resistir aos charmes de Hayes, é difícil também para nós, espectadores, passarmos indiferentes à química de Anne e Nicholas. A distância de idade é proposital, e provoca um debate atual e interessante sobre o etarismo, sendo um dos diferenciais do filme.
Isso porque quando a mídia descobre do affair do jovem cantor com a mulher de mais de quarenta anos, todo o ódio virtual é representado na trama, mostrando com verossimilhança os comentários cruéis e desregrados que se espalham na internet sempre que um assunto desagrada as massas, em contraponto com o impacto de tais caracteres na vida de uma pessoa.
Embora o longa pareça “simples” ou “calmo”, esses elementos são parte do triunfo de um filme quase raro nos dias de hoje: um romance quase convencional (a não ser pela relação famoso/mulher comum) e dilemas também quase cotidianos. Tais filmes de romance parecem em extinção, logo, é um frescor poder descansar em “Uma Ideia de Você”.
Mesmo sem grandes propostas e desafios técnicos, é legal perceber o esforço na criação de uma trilha sonora original, para dar mais vida à banda inventada, e a trilha sonora adicional que conta com canções de St Vincent e Fiona Apple, por exemplo.
Se você precisa de algo leve, mas que ainda consegue trazer potência e provocações sociais como etarismo, feminismo e problemas causados pelo ódio cibernético, esse play pode ser uma ótima pedida. Se você só precisa de uma desculpa para abstrair enquanto se delicia em mais um filme com Anne Hathaway, também.
