O funeral do Jane’s Addiction virou um festival

Décima edição do Lollapalooza no Brasil celebra o retorno de Jane’s Addiction ao festival, criado pela própria banda.

A banda californiana Jane’s Addiction, uma das principais do movimento L.A. Scene (cena de Los Angeles), foi criada em 1985. Seis anos depois, em 1991, Perry Farrell, vocalista da equipe, decidiu fazer uma turnê de despedida para a banda, que estava prestes a encerrar suas atividades. Aquela turnê fez parte de um festival: o Lollapalooza. De lá pra cá, outras edições aconteceram, foram exportadas para outros países e passou a ser realizada anualmente.

Por aqui, o Lollapalooza aterrissou há dez anos (este ano, inclusive, o festival comemora sua primeira década em terras brasileiras). Em sua primeira edição tupiniquim, uma das atrações confirmadas era o Jane’s Addiction. Afinal, como dar o pontapé inicial de uma “filial” de seu próprio festival sem estar nele para comemorar? 

Entre idas, hiatos e vindas, o Jane’s Addiction continua em atividade. Fundada pelo já mencionado Perry Farrell nos vocais, Dave Navarro (ex-integrante do Red Hot Chili Peppers) na guitarra, Eric Avery no baixo e Stephen Perkins na bateria, o grupo influenciou diversas bandas de rock alternativo nos anos 90. Afinal, a L.A. Scene foi marcada por ser autossuficiente – alimentava-se não apenas de estilos e influências, mas também de integrantes. Era como um diagrama de Venn-Euler.

Jane’s Addiction: o vício de Jane

Suas influências iniciais são o rock, e de lá envergam para suas ramificações: psicodélico, punk, alternativo, metal e funk. Além de sua sonografia, as letras da banda são muitas vezes reflexivas e introspectivas e abordam temas como amor, sexo, espiritualidade e vício, o que pode ressoar com os fãs. Falando em vícios, a tradução do nome da banda seria “o vício de Jane”. Farrell explica sua origem:

O nome da banda surgiu a partir de uma combinação de elementos. “Jane” é um nome genérico que pode ser aplicado a qualquer pessoa, e “addiction” (vício) foi adicionado para sugerir uma atração irresistível, tanto para a música quanto para o comportamento autodestrutivo. O nome também tem uma conotação sexual, fazendo alusão a uma dependência de experiências prazerosas.

Perry Farrell

Os principais discos do Jane’s são “Nothing’s Shocking”, álbum de estreia do grupo, e “Ritual de lo Habitual”, seu sucessor. Após seu lançamento, os conflitos e brigas entre seus membros se intensificaram. O primeiro evento da turnê de lançamento do disco – aquele mesmo, que culminou no primeiro Lollapalooza da história – foi um dos últimos que a banda fez antes de entrar em hiato pela primeira vez. Navarro, o guitarrista, viria a se desconectar da banda durante seu comeback de 1993. 

Substituição dos jogadores

Por falar em Navarro, ele não se apresentará no Lollapalooza de 2023. Mas calma: os integrantes do Jane’s Addiction não tiveram dissabores. Pelo menos não que tenham ido a público. A questão da vez envolve o estado de saúde de Dave Navarro. Contudo, dados adicionais não foram comunicados. Quem o substituirá será Josh Klinghoffer.

Klinghoffer é amigo próximo dos integrantes da Jane’s Addiction, principalmente de Navarro – ambos já foram guitarristas dos Chili Peppers. Seu currículo é extenso: já foi guitarrista da equipe de Beck e da artista PJ Harvey, com quem se relacionou por alguns anos. Ademais, liderou as teclas de Gnarls Barkley. Atualmente, segue com seu projeto solo transmidiático Pluralone e é guitarrista da banda Pearl Jam. A última vez que Josh esteve no Brasil foi em 2019, quando se apresentou com o RHCP no Rock in Rio. Além disso, passou pelo Lollapalooza Brasil no ano anterior e fez um cover – em português mesmo – de “Menina Mulher da Pele Preta”, canção de Jorge Ben

Em razão da amizade de Klinghoffer com os membros do Jane’s Addiction, essa combinação (que já se encontra em turnê pela América Latina) promete que a apresentação da banda seja coesa. Juntamente à presença do fundador do Lollapalooza, é provável que essa harmonia seja eletrizada, tal qual o disco “Nothing’s Shocking”, que colocou o grupo na cena fonográfica.

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