O começo de uma das vozes emergentes — e mais cativantes — da Londres contemporânea é bem comum a tantas outras histórias que já ouvimos sobre a origem de grandes ícones: tudo começa em um quarto, com um violão e um aplicativo para gravar canções. Foi assim que Hope Tala, nascida Hope Natasha McDonald, gravou o seu primeiro single em 2016 e criou, aos 18 anos, um espaço para si no universo da música independente.
De origem britânica e jamaicana, Tala sucedeu o sucesso de ‘Peace Freestyle’, sua primeira empreitada no SoundCloud, com uma sequência de EPs. ‘Starry Ache’, ‘Sensitive Soul’ e ‘Girl Eats Sun’, lançados entre 2018 e 2020; todos trazem narrativas sentimentais, vocais melodiosos e até ternura ao mostrar seu tato para composição acústica e lírica, o que ajudou a consolidar a artista de 26 anos dentro do meio R&B.
Mas um gênero só não contém os talentos de Tala — com facilidade em transitar entre sons, ela se aventura em influências pop, neo soul e até de bossa nova para traduzir o que sente de um jeito único. Assim, a sua discografia não é só cordas de violão: tem calmaria, claro, mas isso coexiste com ritmo, movimento e trechos chiclete, ideais para dançar e cantar junto.
“Minha maior prioridade é fazer a melhor arte que eu consigo e ser o mais fiel a mim possível. Enquanto eu estiver fazendo isso, estou no caminho certo”, compartilhou Tala, em entrevista à Hunger Mag. “Eu nunca penso demais sobre o meu processo criativo. Eu só sento com o meu violão e vejo onde uma palavra, uma frase ou um sentimento me levam. Tem faixas que são terapia para mim.”
E, para quem já ouviu um pedaço do seu som, isso é perceptível. Seu último single, ‘I Can’t Even Cry’, lançado no começo de junho, mostra justamente esse lado mais emocional, onde a cantora narra suas turbulências após um relacionamento que deu errado. Hope foi, inclusive, inspirada na vulnerabilidade de ‘The Miseducation of Lauryn Hill’ para escrever a canção.
“O que me faz voltar nele é que as histórias descritas no álbum são muito universais, mas ao mesmo tempo específicas à Lauren. Tem algo sobre [esse álbum] que o torna tão descompromissadamente autêntico e especial, como se tivesse uma mágica nele”, pontua.
Além de Lauryn Hill, outras referências que compõem a paleta versátil da musicista são Erykah Badu, D’Angelo, Beyoncé, Stevie Wonder e muito neo soul. Já no quesito de composição, ela traz influências de seu diploma em literatura inglesa pela Universidade de Bristol e experiências na música clássica, incluindo um dom na clarineta.
Enquanto Tala ainda não tem um álbum completo lançado, ela planeja há três anos a construção de seu debut, que começará por uma faixa já não divulgada, ‘Leave It On The Dancefloor’. Além dela, ‘Bad Love God’ e ‘Thank Goodness’ — esse último lançado no dia 16 de agosto, com instrumental veranil e letra que lembra ‘Feather’, de Sabrina Carpenter — também integram a futura setlist.
E o seu futuro musical com certeza deixa os ouvintes ansiosos: recomendada por Barack Obama em sua famosa playlist de verão (duas vezes), acumulando quase um milhão de ouvintes mensais no Spotify e com uma potência em contar histórias, o som doce de Hope Tala cresce além de seu quarto em Londres e seu estúdio em Los Angeles, dando partida internacional.
“Eu tenho tantas músicas prontas que todo mundo vai ficar totalmente cansado de mim,” complementa, à DORK Magazine.