O sucesso do álbum Caju é um feito inegável: aclamação de público, sucesso de crítica e uma demanda sem precedentes colocam Liniker em um patamar inigualável e nunca antes atingido nem mesmo pela artista. Ela, independente, está em seu segundo álbum solo e quinto disco da carreira, se contarmos os lançamentos com os Caramelows (com o lançamento do ep em 2015 até o ótimo “Goela Abaixo”, de 2019).
Considerando as manchetes dos últimos anos e os lançamentos da artista, não foi de se espantar a fila que crescia em volta do Befly Hall no último final de semana (25 e 26/01). Fãs apaixonados esgotaram os 5.000 ingressos disponíveis para cada noite em menos de 10 minutos na abertura das vendas, e uma terceira data possivelmente inviabilizada pela apresentação de Fábio Júnior no dia 24 impediu que muitos fãs da artista esgotassem mais uma noite.
Mesmo assim, 17 minutos após o horário previsto para o começo do show, o telão deu início a mais uma das apresentações da turnê Caju, enquanto o espaço lotado vibrava em gritos e aplausos para a artista. De rosa, Liniker pareceu vibrar de volta com uma plateia tão ávida pela presença da cantora, que de cara apresentou “Caju”, Tudo”, “Veludo Marrom” e “Ao Teu Lado”.
Acompanhada de quase 10 músicos no palco, o show seguiu os moldes do espetáculo que vimos na estreia em São Paulo: o globo de espelhos em formato de Caju, o palco branco e com estrutura metálica reflexiva e as projeções inebriantes que completam a apresentação foram quase idênticos, exceto pela ausência de 4 músicas: “So Special”, do disco novo, “Caeu” e “Zero”, do primeiro trabalho e “Devotion”, cover da banda americana Earth, Wind & Fire.
Sinceramente, os cortes não prejudicaram: talvez a ausência mais sentida fora a de “So Special”, sendo a única do disco recente a não estar no show. Se na abertura da turnê a música ganhou uma roupagem vibrante com lasers e o caju espelhado refletindo por todo o espaço, em Belo Horizonte teria causado também o frisson.
Mesmo com os cortes, a energia da apresentação seguiu inabalada durante toda apresentação, que resgatou músicas anteriores (“Baby 95”, “Psiu”, “De Ontem” e “Sem nome, com endereço”) e emocionou a plateia do início ao fim. Além da banda impecável que soma talentos a um coral magnífico e a presença de palco inigualável da cantora, foi em “Pote de Ouro” que um dos melhores momentos do show aconteceu: a cantora conseguiu dividir todo o público da pista em dois lados, criando um mosh energético e carnavalesco ao som de uma das melhores músicas do disco. Em “Deixe Estar” o público seguia elétrico, e a cantora até foi até a barricada para ter um contato mais próximo dos fãs.
Finalizada a apresentação, era palpável a alegria da plateia que saía em êxtase da casa de shows. Muitos falando sobre estarem ansiosos para a próxima apresentação, ficou comprovado não apenas a força e o talento de Liniker, mas sua capacidade em criar noites inesquecíveis. A turnê do Caju não é só uma apresentação musical, é um evento imprescindível para todo fã de música, que consegue se deleitar com arranjos caprichados, vocais luxuosos, cenografia de ponta e a presença de uma das maiores artistas nacionais, que pode lotar todos os shows e ainda deixar as pessoas querendo muito, muito mais.