Os 28 clipes mais criativos de 2022

Listamos os clipes mais criativos do ano, com direito a muita originalidade, ousadia, personalidade e sensibilidade artística

Muitas nuances, mudanças, amadurecimento e inspirações rodearam o ano de 2022 na música. Tudo parece ter desabrochado em um nível acima do que foi o ano passado, que com certeza teve clipes marcantes por si só.

Com mais liberdade criativa e de quipe no mundo”pós-pandêmico”, artistas, diretores e produtores conseguiram explorar ainda mais a imersão que um visual pode ter dentro do contexto de uma era ou até mesmo de singles isolados — menos a Beyoncé.

Para celebrar toda essa carga criativa que 2022 trouxe junto de um refrescante senso de renovação, listamos os 28 clipes mais criativos do ano que contam com muita originalidade, ousadia, personalidade e sensibilidade artística.

“Cardboard Box”, FLO

Direção: Avesta Keshtmand

Por Diego Stedile

O trio britânico FLO fez sua estreia em grande estilo com o single “Cardboard Box”, que trouxe um clipe igualmente recheado de nostalgia aos clássicos. Com movimentos fluídos e uma simplicidade enganosa, Avesta Keshtman assina uma das peças mais divertidas do ano, e de cara homenageia meia dúzia de artistas da década de 90 que pavimentaram um percurso hoje sendo talentosamente redescoberto. O sabor de quero mais é inevitável e felizmente existente.

“Idiota”, Jão

Direção: Pedro Tofóni

Por Lucas Fagundes

Todo mundo ama uma referência e isso é um fato. Depois de hitar no TikTok, “Idiota” se mostrou um hit nacional e Jão nos presenteou com um clipe cheio de referências nacionais e internacionais de filmes (e até mesmo pessoas) ícones da cultra pop. Temos referências de Titanic, O Segredo de Brokeback Mountain, 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você, Homem Aranha, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Ayrton Senna e até para a Xuxa. Referências que não aparecem de forma vazia no clipe, mas também fazendo jus a mensagem da canção, já que todas tem o amor em comum, e tudo ainda acompanhado de uma ótima direção e fotografia. Jão, além de entregar um hit, também entregou um vídeo à altura de uma de suas melhores canções.

“Konoha”, Thiago Pantaleão

Direção: Lucas Paixão

Por Thiago Santos

Unir a favela carioca ao universo de Naruto foi uma decisão extremamente acertada e criativa de Thiago Pantaleão e equipe. O artista, que ascendeu em 2022, lançou o clipe na CCXP e entregou uma animação que caiu como uma luva para a música ‘Konoha’, presente em seu primeiro álbum de estúdio. Transformar o universo do Rio de Janeiro em um anime para contar uma história de amizade e amor, trouxe camadas de beleza e dramaticidade perfeitas para narrativa. O clipe é criativo, tocante e muito bem construído, com ares muito brasileiros, mas pequenos detalhes (como o cair de folhas durante a caminhada de um personagem) que transformam o Brasil e o Japão em um só lugar.

“Dreamcatching”, Magdalena Bay

Direção: Felix Geen e Max Kreis (AI)

Por Luis Hora

É difícil dizer qual é a cena mais bonita do vídeo de ‘Dreamcatching’, mas a dificuldade vem quando se percebe que é preciso pausar o vídeo para analisar exatamente a cena do momento. O que começa com tons claros e parecendo uma pintura simples infantil vai se moldando, colorindo e se abrindo para momentos inesperados. Ao final do vídeo a sensação que fica é de total desnorteamento: seja de um modo ruim (já que tantas cores, texturas e camadas visuais podem causar até dor de cabeça) ou de euforia após presenciar algo tão grande e bonito. Luzes de néon pulsantes e sequências espaciais finalizam o show de inteligência artificial utilizado para compor o videoclipe, mostrando que para um uso artístico a tecnologia polêmica se mostra muito convincente.

Direção: 

“Save Me”, Kimbra

Direção: Yvan Fabing

Por Eduardo

O mundo do clipe do vindouro novo álbum de Kimbra parece ter as mesmas camadas de “Death Stranding”. A idealização de uma atmosfera visual para a canção é mística, rochosa e primordialmente, humanoide, trazendo a estrutura grandiosa da faixa ganhando vida com um primor irreal. Kimbra caminha por espaços imensos, cinzas e verdes como um elfo que se transformou em um robô. O vídeo é a junção de umas das melhores músicas do ano com uma imagem avassaladora e marcante, não só na carreira da artista como dentre os visuais do ano.

“Hideous”, Oliver Sim

Direção: Yann Gonzalez

Por Eduardo

O contexto narrativo de “Hideous” parece simples, mas ao encontrar a verdade por trás do que a canção fala em seu escopo, o espectador sem dúvida vai encontrar outra verdade. O mundo de criaturas é muito bem feito, a ideia de amor é exuberantemente bonita e o universo criado por Oliver Sim não só para o vídeo, mas também para o álbum “Hideous Bastard”, é espetacular e repleto de delicadeza. Leia nossa crítica do álbum do artista.

“AMEIANOITE”, Pabllo Vittar e Gloria Groove

Direção: Fernando Nogari

Por Eduardo

Em “AMEIANOITE”, recente single das gigantes nacionais Pabllo Vittar e Gloria Groove, falta sim contar uma história um pouco mais verossímil e conforme o que a música canta; porém, todo o contexto que falha em história é explicitamente compensado em visuais exuberantes. A direção é prestigiosa para o que decide mostrar e praticamente todas as sequências são enfeitiçantes, com frames belíssimos, ricos e extremamente bem idealizados para que aqui criem uma atmosfera única.

“Tocar Você”, Duda Beat

Direção: Cris Streciwik

Por Eduardo

O mundo gótico do “Te Amo Lá Fora” continua a ganhar pedaços cinematográficos fenomenais. Em “Tocar Você”, Duda Beat mais uma vez marca um score altíssimo no que diz respeito à dar vida a sua própria arte. A proposta em fazer diferentes comerciais é intrigante e autêntica no seu modo de contar. Hipnotizante é a melhor palavra para descrever a estranheza que Duda entrega com o clipe da faixa “Tocar Você” — uma das faixas mais segmentares do álbum —, seja com uma moça de olhos verdes ou como uma aranha que espera para colocar uma presa em sua teia.

“dollar signs”, Nemahsis

Direção: Crowns & Owls

Por Diego Stedile

Nemahsis, em seu nome verdadeiro Nemah Hasan, é uma cantora, compositora, modelo canadense-palestina. Você talvez não a conheça, mas ela é responsável por um dos clipes mais legais do ano — de longe. Além de mostrar seu incrível talento como cantora fazendo covers de músicas famosas, Nemah intensifica o jogo criando suas próprias músicas. A artista passou recentemente, inclusive, pela Color Studios e fez uma versão incrível de “criminal”.

“NO HAY LEY”, Kali Uchis

Direção: Torso

Por Eduardo

Há uma beleza excêntrica no que Kali Uchis faz no vídeo de “NO HAY LEY”. É simples, mas funcional e muito divertido. A artista correndo pela cidade pode não gerar outra sensação além de rotineira, mas o apelo cômico é essencial, o que torna tudo muito delicioso. A vontade que fica é acelerar e sair correndo com ela. É gostoso quando vemos algo que beira o básico mas vai além do tradicional, sem muitas fantasias, direto e rápido, assim como Kali pulando a escada rolante ou aparecendo sob a tela de um evento.

“Wolf”, Yeah Yeah Yeahs

Direção: Allie Avital

Por Eduardo

Além de ser destaque em “Severance”, Britt Lower aparece como uma espécia de loba humana no clipe da banda Yeah Yeah Yeahs. Na verdade, a história aqui parece ser um pouco bizarra, assim como a série da Apple TV+. A fotografia marcante da peça impulsiona o modo que a narrativa é contada e em como a metáfora é implementada com acidez por Lower. “Wolf” além de tudo é revigorante e seu visual é como assistir o decorrer da ideia de sociedade em um ser individual. 

“Fé”, Iza

Direção: Felipe Sassi

Por Diego Stedile

Seguindo a parceria de longa data com o diretor Felipe Sassi, já conhecido na cena visual brasileira, Iza retorna com uma peça que somente ela poderia ter criado. Com “Fé” temos uma força brutalmente artística a cada frame, sendo idealizada a dedo desde o enquadramento até aos olhares que a artista faz. Religião e lutas silenciosas aqui ganham gritos visuais que propagam uma ideia pesada e, mais do que nunca, necessária.

“N95”, Kendrick Lamar

Direção: Dave Free & Kendrick Lamar

Por Eduardo

A rapidez em que as cenas são mostradas no clipe é justamente como a proporção de atos pode nos atingir. Tudo parece servir para atingir e, simultaneamente, fazer refletir. Lamar aparece em determinados momentos e “N95” cercado por uma direção imensurável e resplandescente. Em momento algum o vídeo ousa ficar visualmente fraco, tornando essa uma das peças mais tradicionalmente revolucionárias do ano. Com a direção conjunta do artista e de Dave Free temos movimentos que aguçam os sentidos e os controlam como se estivessem manuseando com a própria mão.

“SAOKO”, Rosalía

Direção: Valentin Petit

Por Eduardo

Atemporal e como um delírio de verão, o clipe de “SAOKO” não é só um dos melhores do ano como um dos melhores da carreira de Rosalía. A acidez da música é totalmente revirada pelo apelo visual das motos, takes de câmera espetaculares com as garotas fazendo manobras radicais e uma Rosalía impiedosamente sexy. Tudo fica ainda perspicaz pela escolha a dedo de como entrosar as cenas alucinantes ao método que a canção se desenvolve.

“Tears In The Club”, FKA twigs e The Weeknd

Direção: @agjnyc

Por Eduardo

A energia revigorante em dançar e chorar no clube é aplicada com destreza o suficiente para machucar qualquer um no vídeo de “Tears In The Club”. FKA twigs e The Weeknd, juntos, possuem a dose certa de fantasia, seja pelas técnicas vocais alucinantes, paletas excêntricas ou escolhas visuais (insanas, por sinal) que vão um pouco além do que ambos estão acostumados a mostrar. Além disso, temos aqui uma FKA feroz em uma das melhores canções do ano. Tudo na apuração visual para a canção funciona em pleno êxtase. 

“Adrenaline”, James Blunt

Direção: Moon

Por Diego Stedile

Impossível não gostar do James Blunt. Além de taletoso, o artista ainda tem um senso de humor muito peculiar — que se prova mais uma vez no clipe da faixa “Adrenaline”. Repleto de vídeos aleatórios de pessoas fazendo coisas aleatórias, o rosto James foi digitalmente inserido no corpo de cada uma delas, gerando um efeito assustadoramente divertido de ver que vão desde à pular de paraquedas até se jogar de lugares altos ou praticar ginástica.

“Oh My God”, Adele

Direção: Sam Brown

Por Gil Mello

Quanta beleza cabe num clipe em preto e branco? Com Adele, definitivamente muita. Dirigido pelo talentosíssimo Sam Brown — mesmo diretor de “Rolling In The Deep”, o clipe sabe incorporar a intensidade vocal da artista e a transformar em algo visualmente deslumbrante. Com mistério e sensualidade simulando um plano sequência envolvente, o clipe se destaca primordialmente por sua fotografia quase analógica, repleta de simbolismos anacrônicos.

“Boys Don’t Cry”, Anitta

Direção: Christian Breslauer & Anitta

Por Diego Stedile

Sem prometer muito, Anitta entregou o que podemos chamar de clipe da carreira com os visuais de “Boys Don’t Cry”. Recheado de referências à grades clássicos do cinema como Bettlejuice, A Noite dos Mortos-Vivos, O Quinto Elemento, e até Harry Potter, Anitta estreia uma de suas músicas mais destoantes até hoje, uma mistura surpreendente de pop-rock flertando com o que hoje a gente conhece por post-punk moderno — assinada curiosamente pelo Max Martin. “Boys Don’t Cry” é excêntrica e seus visuais rossoam ainda mais sua originalidade dentro do catálogo imenso da artista.

“Brutal”, Terno Rei

Direção: Vira-Lata

Por Gilmar Mello

Talento nacional é algo que emociona, e a carga emocional em “Brutal” é realmente brutal, assim como o próprio nome da faixa da banda Terno Rei entrega. Filmado boa parte na Ópera de Arama em Curitiba, o clipe mostra um homem, sozinho em sua casa, tentando lidar com o sentimento de perda, e busando algum sentido de evolução a partir desse inevitável pesar. Nessa luta pra se sentir vivo e retomar o sentido da vida ele sai tentando encontrar um refúgio e chega ao show onde sua vida passa na tela do palco. O jogo de luz e sombra do clipe torna o visual ainda mais envolvente, praticamente imersivo na medida que se desenvolve. Com muita simbologia, Terno Rei não poupa esforços em apresentar algo completamente honesto e visualmente pessoal.

“Unholy”, Sam Smith e Kim Petras

Direção: Floria Sigismondi

Por Gil Mello

Sam Smith e Kim Petras prometeram tudo e entregaram muito mais com “Unholy”, uma faixa sensual, luxuosa, queer e repleta de desejos proibidos. Com uma letra que gruda e um ritmo que cativa, “Unholy” se apoia diretamente na simbologia religiosa para contar uma história de desejos profanos e fantasias reprimidas. O dedinho de Floria Sigismondi na direção dos visuais torna o clipe fabulosamente chique, exalando todo o poder que a canção carrega.

“Anti-Hero”, Taylor Switf

Direção: Taylor Swift

Por Diego Stedile

E falando em simbologias, temos a rainha dos que não dão ponto sem nó. Taylor Swift, nos 45 do segundo tempo de 2022 resolve liberar seu novo álbum de estúdio, abrindo o trabalho comercial com a incrível “Anti-Hero”.

“Late Night Talking”, Harry Styles

Direção: Bradley and Pablo

Por Diego Stedile

O clipe traz Harry em uma espécie de sonho, viajando entre cenários em cima de uma cama e cantando sobre “falar sobre o que quiser, até de manhã”, criando uma atmosfera bastante relacionável. Assim como o primeiro single, “As It Was”, “Late Night Talking” logo se tornou uma das favoritas dos fãs de Styles com o lançamento do disco “Harry’s House”. Apesar de sua antecessora ter um clipe repleto de conceitos, este segundo apresenta uma gama imagética um pouco mais criativa e energética, ocupando assim um lugar na lista dos visuais mais criativos de 2022.

“Kill For Your Love”, Labrinth

Direção: Ernest Desumbila

Por Diego Stedile

Estrelado pela incrível Nathalie Emmanuel (de Game of Thrones) e o próprio Labrinth, “Kill For Your Love” nos dá visuais vibrantes, fluorescentes, beirando o cinematográfico. Inspirado em grandes clássicos de ficção científica, com efeitos especiais e sequências eletrizantes que envolvem quem está asisstindo do início ao fim, o artista, ao lado do brilhante diretor Ernest Desumbila, cria uma atmosfera visual marcante e honestamente inesperada.

“No One Dies From Love”, Tove Lo

Direção: Alaska

Por Diego Stedile

Servindo de início para a nova era da artista, “No One Dies From Love” dá sequência na parceria de sucesso entre Tove Lo e os diretores do grupo brasileiro Alaska assinando mais uma peça de seu repertório visual. Explorando o sentimento emocional de se apaixonar e as reverberações que o corte dele podem causar, Tove Lo cria instantaneamente uma direção alternativa dentro dos clipes mainstream do ano. Direção de fotografia, atuação e até os robôs humanóides roubam a cena e marcam definitivamente a fase “Dirt Femme” que tem gerado apenas lucros positivos — agora e para o futuro.

“Slow Song”, The Kocks e Dragonette

Direção: Austin Peters

Por Diego Stedile

“Slow Song” é uma daquelas canções que chega de mancinho e vai te conquistando aos poucos. Característica já natural do duo The Knocks, que aqui conta com os vocais excêntricos de Dragonette (lembra dela daquela música do Martin Sovereign?). Estrelado pela Aquaria, nome conhecido da franquia RuPaul’s Drag Race, o clipe, lançado no começo do ano, acompanha a trajetória noturna da personagem em busca de se libertar de diversas amarras divisivas. É imersivo, tocante e termina com um sentimento gostoso em cada um que assiste.

“We Go Back”, Animal Collective

Direção: Winston Hacking & Michael Enzbrunner

Por Diego Stedile

A banda Animal Collective tem uma pegada bastante criativae não resta dúvidas de que eles sempre buscam lançar coisas diferentes. Assinado pela dupla de criativos Winston & Michael, o clipe de “We Go Back”, presente no recente disco “Time Skiffs”, é composto de locações digitalizadas, cenários em miniatura com várias fotos dos integrantes em situações diferentes, e recortes de colagem que abraçam a estética 3D low-fi inerente à fotogrametria. A receita certeira para ter um visual excêntrico e gostoso de consumir.

“The News”, Paramore

Direção: Mike Kluge & Matthew DeLisi 

Por Diego Stedile

Paramore está de volta e não voltaram apenas por voltar. Com o álbum “This Is Why” a banda já deixou claro que sua estética sonora mais marcante retornou, mas que também seu diálogo afiado continua ainda melhor. No primeiro single, que leva o nome do disco, a banda liderada por Hayley Williams brincou com o efeito “pós-pandêmico” de maneira assertiva, mas foi no segundo single, “The News”, que recebemos a real dose do retorno. Criticando a mídia e o abuso constante que o efeito dela causa na mente de pessoas, especialmente públicas, Paramore entrega um clipe claustrofóbico e nada sazonal, resultado de uma direção aliada ao contexto da canção.

“Get Into It (Yuh)”, Doja Cat

Direção: Mike Diva

Por Diego Stedile

No que é facilmente a faixa mais voltada para o hip-hop do “Planet Her”, Doja dá um novo sentindo ao icônico meme viral e transforma o contexto em uma de suas melhores músicas, que antes mesmo de ser single viralizou no TikTok. “Get Into It (Yuh) é uma celebração de sua jornada até agora e uma reflexão do que essa nova fase da carreira significa a ela. Com muitos efeitos especiais e uma camada quase surreal, Doja entrega um dos clipes mais divertidos do ano — coisa que a artista já fez outros lançamentos, sustentando a cada um deles uma dose diferente de entretenimento.

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