Novamente, muitos programas de TV (ou melhor, de streamings) foram responsáveis por nos fazer esquecer por alguns momentos a chuva de energias um tanto negativa que esse ano trouxe – assim como 2020. E ainda bem que várias dessas obras forneceram conteúdos incríveis que souberam dosar algumas vezes o que a gente mais precisou: uma fuga da realidade.
E como de praxe, assim que chega dezembro, é hora de bater o martelo e eleger – seja em uma lista pessoal, para uma revista, um portal ou qualquer outro veículo – as melhores coisas que vimos durante o ano. E nessa lista, contemplamos séries e minisséries; curiosamente, esse último formato é o que mais pra gente, empenhou-se com conteúdos explêndidos. Já vale dar spoiler: a emissora que mais aparece aqui é a HBO com as produções feitas para o seu serviço de streaming.
Nossa lista com as 20 melhores séries do ano engloba principalmente o quesito qualidade de produção e investimento, mas um fator muito decisivo foi inovação e roteiro, itens essenciais que as destacaram dentre tantos projetos deste ano.
Hacks – 1ª temporada
HBO
Por Diego Stedile
Comédias ganharam seu espaço devido nesse ano. Um exemplo disso é a premiadíssima – com toda razão – Hacks, produção da HBO com a gloriosa Jean Smart, que divide a tela com a também incrível Hannah Eirbinder. Jean vive Deborah Vance, uma icônica comediante da TV que precisa se reinventar. Hannah dá vida à Ava, uma escritora iniciante que quer formar carreira na comédia e cai de paraquedas no colo de Deborah. Juntas as duas percorrem um caminho hilário, que se constrói a cada episódio com base em companheirismo e farpas afiadíssimas. Nomeada e vencedora de diversos prêmios, Hacks se consagra como uma peça fundamental na comédia moderna e merece estar por aqui.
Succession – 3ª temporada
HBO
Por Davi Brandão
Nos fazendo entrar em parque de diversões que traz a tona emoções como ansiedade e o frio na barriga de uma montanha-russa, os novos episódios sustentam a trama apresentada nas temporadas anteriores. Mas nessa, também vivemos a intensidade de uma caminhada na trilha de terror, onde nos deparamos com sujeira e ganância cada vez mais cruéis, no qual não existe espaço para paternidade de nenhum dos lados, pois no novo ano da série original HBO Max a gente tem certeza de uma coisa: Kendall, Shiv e Roman são praticamente órfãos. Não tem como, a história da problemática famíla Roy parece a cada temporada se firmar como uma das melhores obras dessa nova década.
The Other Two – 2ª temporada
HBO
Como se não bastasse ter mostrado ao mundo uma primeira temporada excelente e que fez muita gente ficar de olho no que vinha em seguida, o segundo ano do programa, que tornou-se original HBO Max, é irreverente e dono de um tipo de humor rico e estranhamente excepcional. Não falta artíficios para elogiar, sejam as subtramas, o elenco, os debates nada comuns, e outras habilidades que o show entrega com maestria.
Arcane (Ato I), Maya e os Três Guerreiros (série limitada) e Invencível (1ª temporada)
Netflix/Prime Video
Dentro do ramo da animação, 2021 nos proporcionou três obras que possuem o visual como sua maior força, mas também vão além disso. Em “Arcane” (série da Netflix baseada no jogo League of Legends), a estética 3D e 2D é apenas absurda, e isso ainda é regado por uma uma narrativa fácil e instigante. Já “Maya e os Três Guerreiros“, também da gigante de streaming, tanto a história quanto o visual são dignos de presenciar se possível na maior tela que houver; a trama é uma das melhores do ano (em categorias gerais), e a animação que vezes salta da tela é simplesmente mágica, ainda mais nos momentos de tensão, é de fazer gritar e ficar apenas “uau”. Com “Invencível“, do Prime Video, o programa constrói uma linha de clímax incrível e que nos deixa em uma busca constante por mais. Quanto ao estilo do desenho, a priorização com clamor das cenas mais brutais do enredo mostra o apreço por alguns detalhes que a tornam uma das melhores produções do ano. Leia nossa revivew do Ato I de “Arcane”.
The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade – série limitada
Prime Video
Barry Jenkins promove mais uma vez que é um dos cineastas mais notáveis vivo. A minissérie do Prime Video toca em feridas, que infelizmente machucam muitos ainda hoje, de maneira brutal e chocante, como de fato aconteceu e acontece. A composição tanto do som, quanto de imagem devem obrigatoriamente aparecer em premiações mundo afora, o mesmo precisa acontecer para as perfomances do elenco – Thuso Mbedu precisa ser exaltada por sua Cora.
Only Murders In The Building – 1ª temporada
Star+/Hulu
Por Davi Brandão
O enredo não poderia ser melhor: 3 pessoas de um condomínio com uma obsessão em comum por podcasts criminalistas se conhecem após uma morte no prédio. E como toda pessoa viciada em desvendar acontecimentos caóticos, eles se reunem para descobrir o que levou o morador do edifício à sua morte. Ao mesmo tempo que consegue ser atemporal por trazer temas atuais como saúde mental, audioséries e mostrar que a mídia tem sim o poder de transformar uma vítima em estrela, ela também é clássica, chique e sutil; onde ao utilizar incríveis metáforas do teatro musical da Broadway não parece ‘’trash’’ ou exagerada. É uma das séries do ano para mergulhar de roupa e sapato.
Maid e Missa da Meia-Noite – séries limitadas
Netflix
Ambas são da Netflix, mas uma delas é a melhor coisa que tivemos em 2021: “Maid“. Com a talentosa Margaret Qualley que deve aparecer na temporada de premiações para a TV, a minissérie é crua e aborda a violência psicológica de um jeito astuto, onde desde o seu começo preza com amor e respeito a história de pessoas reais. “Missa da Meia-Noite“, de Mike Flanagan, criador de “A Maldição” (também da Netflix), é quase como um conto que saiu direto dos lados mais profundos da mente de seu criador. Aqui, cada motivação para se contar a história não parece um mero fato, mas sim uma verdade insanamente real. Os três episódios finais assustam pela coerência e meditação de tudo que se põe em tela – já o último, trata com veemência o ato máximo do humano na Terra: amar.
Ted Lasso – 2ª temporada
Apple TV+
O primeiro ano do programa Apple TV+ conquistou o coração de muita gente, e tendo notado nisso, provalmente houve um consenso geral em ampliar tal sentimento nos novos episódios. Temos uma melhora em tudo que torna a série doce e fascinante através de um aprofundamento que acerta direto na mira. Leia nossa review.
It’s A Sin – série limitada
HBO
Como uma carta carinhosa para todos aqueles que perderam pessoas devido ao vírus HIV, temos apenas 6 episódios que vão direto ao ponto, e machucam. Isso porque a explanação de fatos chega com rapidez para alertar, mas também informar. Tudo parece ainda mais solene devido a como tais informações chegam, seja pelo elenco ou o humor volátil que acerta ao não ser espinhoso, e sim dócil. Leia nossa review da série.
Scenes From a Marriage – série limitada
HBO
Jessica Chastain e Oscar Isaac realizam na minissérie da HBO Max os papéis de suas carreiras. Tudo se possibilita e expande-se de acordo com um roteiro minimamente trabalhado para que a cada episódio que mostre as cenas de como o casamento de Mira e Jonathan acabou, entenda-se como sempre foi: explosivo. São diálogos minuciosos, ações e intensões explicadas na tela que idealizam perfeitamente a sensanção em colar um pedaço de fita pela primeira vez e reparar que ao tentar colá-lo de novo, o pedaço não será mais o mesmo.
Genera+ion – 1ª temporada
HBO
Por Diego Stedile
Infelizmente cancelada já em sua primeira temporada, “Genera+ion” chegou para suprir os viúvos de produções como “Skins” e “Euphoria” combinadas. Criada por Zelda Barnz & Daniel Barnz, com supervisão de Lena Dunham, a série abordou temas que rodeiam a comunidade LGBTIA+, pautas polêmicas como alunos apaixonados por professores, gravidez na adolescência e também os mais variados tabus sobre sexo. Mesmo com um final aberto e a certeza eminente do fandom pela renovação no streaming, o cancelamento da série chegou devastando muitos. Contudo, é uma ótima dica pra quem procura algo do gênero, já que cada episódio é algo de se apreciar por seu humor atual, nada forçado, e uma carga dramática capaz de causar imersão total na história. Leia nossa review.
The White Lotus – 1ª temporada
HBO
Se “Mood Ring” de Lorde pudesse ter uma adaptação televisa, seria essa. A sátira que é uma comédia desconfortável sobre pessoas brancas ricas e como o complexo do salvador branco parece estar sempre disponível descaradamente para tais, é apenas irresistível de acompanhar. E ainda oferece ao telespectador discussões sobre desigualdade, racismo, o que é politicamente correto e outros temas usando uma técnica absurda que se finda de maneira brilhante. Murray Barllet e Jennifer Coolidge desenham personagens caricatos em performances estonteantes e cirúrgicas.
Mare of Easttown – série limitada
HBO
O primeiro drama imperdível do ano trouxe aquela típica problematização de “cidade pequena, grandes segredos” (que em 7 episódios traduz expressivamente horror, intrigas e suspeitas), e quando esse é o assunto, a HBO sabe muito bem o que construir, e não é diferente aqui. A minissérie feita para a HBO Max idealiza com um enfoque cativante tudo que permeia a protagonista, e ainda oferece uma Kate Winslet que chega com poder ao seu ápice de atuação.
Feel Good – 2ª temporada
Netflix
Os episódios finais da dramédia da Netflix resultam em uma condensação de história sublime e que soube muito bem onde colocar o pé. E mesmo após o final incrível e muito bem resolvido, a ideia de ter mais capítulos dessa história parece não ser algo ruim, porém, mesmo isso não se concretizando, o que resta é agradecer pela última leva perfeita de episódios. Leia nossa review.
WandaVision – série limitada
Disney+
Sendo a primeira obra em formato de série para a nova Fase da Marvel, o programa que chegou no Disney+ foi capaz de mexer com a internet de um modo muito único. Ver uma das melhores personagens da história do MCU pareceu apenas alucinante – e foi. O que deve ser considerado o máximo da produção é tudo que gira em torno da personagem, e o modo que nos é contado por algumas linhas tortas que Wanda é o ser mais poderoso da história. Leia nossa review.
The Sex Lives of College Girls – 1ª temporada
HBO
Por Diego Stedile
Sendo uma grata surpresa de 2021, a série da HBO criada por Mindy Kaling e Justin Noble aborda os acontecimentos peculiares e rotineiros de 5 garotas da faculdade de HESSEX, que conseguiu – aos poucos, mas conseguiu – cativar o público da plataforma. Sua estreia foi tímida, mas ao longo de 10 episódios, Kimberly, Leighton, Whitney e Bela surpreenderam por um entrosamento fora do comum em cena. O destaque fica para o texto sensato e muito afiado do roteiro que prende punchlines gostosinhas de ouvir a cada diálogo.
Schmigadoon! – série limitada
Apple TV+
Por Diego Stedile
Ah os musicais! “Schmigadoon!” é praticamente uma homenagem disfarçada de paródia da famosa Golden Age dos musicais antigos, lá entre 1940 e 50. Com Cecily Strong e Keegan-Michael Key nos papéis principais, a produção mostra um casal que está em crise e decide viajar. Nisso, se perdem na mata e acabam indo parar numa cidade mágica chamada Schmigadoon, que está perpetuamente presa em um musical no estilo da Era de Ouro. O título e o conceito da série parodiam o musical de 1947, Brigadoon, e apresenta atos musicais envolventes e pra lá de inusitados, além de trazer para esse ano uma das melhores surpresas do gênero. A série tem criação de Cinco Paul e Ken Daurio, com todas as músicas escritas por Paul.