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Crítica | Harley Quinn trata de assuntos sérios com um toque cômico e leve

O subtexto de Harley Quinn é incrível justamente porque trata sobre traumas, relacionamentos, e pessoas que, apesar de ter poderes, são bem similares a pessoas reais

O embate entre DC vs Marvel continua a todo vapor. Mesmo que pareça ser assunto antigo, a comunidade nerd e os fãs das empresas costumam debater sobre quem é o melhor na cultura pop. Mas o que pode-se afirmar com certeza é que os personagens já estão fixados no imaginário popular.

É bem nítido que as formas de mídia são diferenciais nas empresas. A Marvel — e Disney — atingiu um patamar lucrativo e de cultura popular que será difícil alguém alcançar no cinema. Em termos de histórias em quadrinhos, as duas se equilibram. Mas, se tem uma coisa que a DC é melhor, essas são as animações.

Créditos: reprodução/HBO Max/DC

Desde os arcos famosos como Piada Mortal, Injustice ou até mesmo Flashpoint, a DC tem adaptações incríveis e muito bem-feitas. Entretanto, a maior surpresa é que a animação que mais tem saído do nicho e alcançado o público geral seja a de uma personagem relativamente recente e que foge dos personagens mais clichês.

Com a adaptação de Esquadrão Suicida para as telonas, tivemos mais uma representação do Coringa. Contudo, a inovação que o filme trouxe foi justamente a introdução da sua “namorada”: Arlequina, ou Harley Quinn. Com atuação de Margot Robbie, a fantasia da palhaça se espalhou pelas festas do mundo, puxando a atenção para uma personagem que, até então, não tinha tanta expressividade.

Sendo assim, a personagem, que se tornou representante da nova leva dos quadrinhos da DC, especialmente no que diz respeito a inclusão, teve um debut esplêndido em sua animação. Mas o que é mais interessante sobre o desenho não é exatamente a Harley, e sim a releitura dos nossos conhecidos vilões e heróis.

Créditos: reprodução/HBO Max/DC

Bane é o alívio cômico. Coringa se mostra mais complacente e até empático de certa forma. Batman, pelo contrário, é egoísta. Jim Gordon é um bêbado desequilibrado. Ivy, uma vilã extremamente insegura. E Harley, de vilã passa a anti-heroína, com uma construção que chega perto de ser puramente bondosa.

O relacionamento abusivo entre os dois palhaços é retratado de forma escancarada, trazendo o passado de psiquiatra da Harley de um jeito em que se aplica uma autoterapia. Assim, aos poucos, a nossa personagem principal recupera sua própria identidade, roubada pelo Coringa. É justamente essa a parte mais forte da série: a representatividade.

A própria animação faz piada com isso. O fato da Harley e Ivy serem um casal canon* nas HQs traz reclamações de nerds desde o começo, visto que a palhaça foi feita para ficar com o Coringa. Entretanto, felizmente a personagem cresceu mais do que isso e tornou-se, por si só, alguém tão importante pra DC que não precisava mais ser somente a parte de um casal.

Créditos: reprodução/HBO Max/DC

Além disso, há de se exaltar o trabalho de dublagem. Kaley Cuoco, a Penny de The Big Bang Theory, dubla de forma perfeita a Harley. Boa parte da personalidade da personagem está intrínseco na maneira como ela fala e até dá risada, e isso é passado quando ouvimos a voz da Kaley. Definitivamente (mais) um dos pontos fortes da animação.

Por fim, é necessário que o mundo nerd de uma forma geral se reestruture para acompanhar os avanços nas narrativas. O subtexto de Harley Quinn é incrível justamente porque trata sobre traumas, relacionamentos, e pessoas que, apesar de ter poderes, são bem similares a pessoas reais. Inclusive, essa é a parte que a DC tem de melhor: a facilidade em ter histórias que se aproximam do comum.

O que se espera é que aconteça mais aceitação para que possamos ver mais personagens incomuns crescendo em nós. Harley Quinn foi um ótimo ponto de partida.

Todas as temporadas de Harley Quinn estão disponíveis na HBO Max.

*Canon: algo que acontece na história original, que não é obra de fã.

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