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Crítica | “A Pequena Sereia” mergulha em novidades e surpreende

Com elenco de peso, o remake em live-action de “A Pequena Sereia” brilha muito além da animação

Se por um lado temos visto produções tentando se atualizar, reescrever sua mensagem para uma audiência mais nova e possivelmente ampla, do outro temos conservadores com argumentos infundados e lutando arduamente contra qualquer tentativa de progresso, recomeço ou mudança.

A história do remake de “A Pequena Sereia” (The Little Mermaid) começou nesse cenário, em que o anúncio de uma atriz negra interpretando a sereia ruiva causou um movimento na internet com discussões acaloradas e revoltas.

Crédito/reprodução: Disney Studios (2023)

Quando a primeira prévia do filme chegou ao YouTube, um verdadeiro bombardeio de deslikes aconteceu. Não porque a atriz não era talentosa, não por cantar mal ou por algum motivo que fizesse algum sentido – o número de desaprovação, na verdade, era quase quatro vezes maior ao número de pessoas que pareciam aprovar o vídeo.

Essa primeira avalanche pareceu comprometer a opinião pública, que de lá pra cá se queixou de quase tudo que foi visto: “o jeito que o cabelo se mexe”, “como o visual dos animais falantes ficou”, “como o filme parecia escuro e sem personalidade”. E em meio a tantas críticas, ainda existem pessoas que talvez estejam genuinamente curiosas para saber como o projeto é entregue. O que é exagero e o que vai emocionar?

O escutai conferiu o filme em uma sessão para a imprensa, e embora tenhamos segurado nossas opiniões até agora, mal víamos a hora de falar: praticamente todas as “críticas” negativas antes da exibição oficial estavam erradas. As prévias, teasers e trailers não fazem jus ao longa, mas vamos explicar em mais detalhes abaixo.

Começando pelo elenco, temos a primeira surpresa positiva. Halle Bailey faz uma excelente aparição nas telonas e está fenomenal como a sereia Ariel. Seu dinamismo representa muito bem o lado inocente da personagem que desconhece tanto, ao mesmo tempo que entrega a curiosidade, encantamento e energia em presenciar as novidades do mundo da superfície. Parece bobagem reafirmar que seu maior êxito é no canto: as cenas musicais com Halle são extremamente cativantes e emocionantes, e a cada minuto da atriz em cena entendemos ainda mais os motivos para sua escalação no papel. E detalhe: a versão dublada não perde em nada com a atriz e cantora Laura Castro emprestando sua voz para Ariel, os vocais nas versões em português são igualmente grandiosas à original.

Já o Príncipe Eric, interpretado por Jonah Hauer-King, entrega não apenas uma semelhança familiar com o seu personagem animado, mas também o carisma e magnetismo esperados de um príncipe. Nessa nova versão ele tem muito mais tempo de tela, o que ajuda a explorar sua personalidade, desejos e aspirações. Com duas novas músicas para interpretar — sendo uma solo —, o ator não decepcionou.

Melissa McCarthy, responsável por dar vida a vilã Ursula, é um dos maiores destaques do filme. Com uma interpretação genial e que dá à personagem seus traços tão conhecidos e adorados, Melissa brilha em seu número musical e quase rouba toda a atenção nas cenas que aparece. Passamos o filme inteiro querendo mais e mais da bruxa dos mares! Para os fãs do teatro, a versão dublada ganhou a Andrezza Massei dublando a personagem. Massei foi a Úrsula duas vezes em uma produção do musical oficial da Disney de “A Pequena Sereia” em São Paulo, e sua interpretação de “Escravos da Dor” foi um sucesso de crítica. Ela volta agora para o live-action dublando essa nova versão da personagem. 

A duração do filme atual, de 2h15, permite que tenhamos algumas músicas novas e muito mais desenvolvimento dos personagens. As questões apontadas como mais problemáticas por quem vê a versão animada de 1989 foram corrigidas e, para quem nunca viu a animação, a atualização é satisfatória e suficiente. Os efeitos e visuais do filme também não decepcionam: diferente do que vimos em teasers e trailers, o filme é vibrante, colorido e realista, permitindo encanto nos momentos certos e servindo um deleite imagético — tanto no fundo do mar quanto na superfície.

Ainda nessa nova versão, Lin-Manuel Miranda se juntou à equipe criativa, que inclui o compositor original, Alan Menken, para atualizar as clássicas músicas, como “Kiss The Girl” e “Poor Unfortunate Souls”, além de adicionar novas composições. Embora todas as mudanças sejam muito bem-vindas, para aqueles que acompanham o teatro musical há algum tempo, é possível notar um padrão bastante semelhante (para não dizer idêntico) em todas as produções de Lin-Manuel, o que pode acabar soando repetitivo.

Crédito/reprodução: Disney Studios (2023)

Saímos da sessão muito satisfeitos com tudo que vimos e loucos pela próxima chance de rever o filme. Sem dúvidas, “A Pequena Sereia” faz o que todo live-action deveria fazer: atualiza a história, acrescenta dinamismo a seus personagens, insere novas e ótimas músicas e honra aquela trama com muito mais tecnologia e carisma. Podemos dizer que esse é tranquilamente um dos nossos live-actions favoritos, dando um filme delicioso para quem já gostava da animação, e uma obra que se sustenta muito bem para quem nunca teve contato com o original (1989). Fica difícil dizer onde podem ser apontados erros substanciais, então, apenas recomendamos que você compre seu ingresso e aproveite uma sessão o quanto antes.

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