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Coringa | A cada geração uma nova concepção

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A mais recente premiação do Oscar mais uma vez provou, em diversos momentos e escolhas, que já passou da hora de boicotar um evento tão incoerente na premiação do cinema. Parece que ninguém assistiu a atuação de Lupita Nyong’o em mais um filme forte de Jorda Peele (mais um esquecido nesse Oscar). Sendo que esse ano, apenas uma concorrente Negra presente, de um filme que fala sobre… escravidão.

O ano é 2020 e a concepção da academia é mais uma vez muito desconexa da atualidade. Assim como a sensação de Todd Phillips sobre a concepção de Coringa.

Um personagem insano, dentro de um filme que foi muito bem descrito por Melissa Villaseñor em Saturday Night Live’s: White Male Rage.

Mas apesar das polêmicas, Joaquim Phoenix conseguiu dar seu tom ao personagem e apresentar mais um coringa polêmico e marcante. Ainda sim é importante dar uma volta pela história do personagem e relembrar quem já interpretou o louco vilão de Gotham. Cesar Romero estabeleceu seu legado como palhaço do crime na série de TV e no filme.

Adam West viveu o Homem-Morcego e Burt Ward Robin. O ator se recusou a raspar o bigode para o papel e manteve a “marca” por baixo da maquiagem branca do vilão. Essa versão foca mais no lado “zoeiro” do personagem, que tem como história de origem apenas a menção de que foi um hipnotizador na juventude. Mark Hamill também emprestou a sua versão do Coringa.

Hamill é praticamente o dublador oficial de Coringa no Universo Animado da DC, começando sua história com o personagem em Batman: A Série Animada e no longa Batman: A Máscara do Fantasma (1993).

Mark Hamill retorna o personagem no longa animado Batman do Futuro: O Retorno do Coringa, que também ganhou um game para Game Boy Color, PlayStation e Nintendo 64.
Na série animada da Liga da Justiça o vilão ganha espaço em uma série de episódios, sendo mais uma vez dublado por Mark Hamill. Jack Nicholson seguiu o fio estrelado do personagem e interpretou a segunda versão do Coringa nas telonas.

Misturando o tom sombrio de Tim Burton com homenagem a interpretação de Romero. Nesse retrato, o vilão, antes conhecido como Jack Napier, é um mafioso transformado ao cair em um reservatório de produtos químicos durante um conflito com Batman. Um Coringa bastante caricato, assumindo sua loucura de uma forma mafiosa e artística, tudo dentro de uma atuação forte e inesquecível de Jack Nicholson.

Enlouquecido pelo seu novo visual desfigurado, ele assume o controle da máfia e inicia uma onda de crimes por Gotham. Em uma nova luta com Batman é revelado que Jack Napier é o criminoso que matou os pais de Bruce Wayne – o vilão fez o herói e vice versa. Passaram-se anos até Heath Ledger surgir como a polêmica figura do palhaço nas telonas.

Vítima de críticas no momento da sua escalação como o vilão de O Cavaleiro das Trevas, Heath transformou a ideia do Coringa com um toque insano e realista, influenciado pela arte de Francis Bacon e o clima anarquista de Laranja Mecânica.

No longa, o vilão é um agente do caos, manipulando tanto Batman como a máfia apenas para ver Gotham pegar fogo. A interpretação também marcante, reforçou um coringa insano, que vive para e pelo caos, sem apresentar uma conexão clássica com Batman. O processo intenso de preparação para o papel levou a especulações sobre uma possível ligação com a sua morte prematura, mas o fato é que Ledger criou uma personificação marcante, digna do Oscar póstumo que recebeu.

Penúltimo a figurar o Joker, o coringa, o palhaço e recém lembrado por um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Clube de Compras Dallas, Jared Leto foi recebido com boa vontade pelos fãs.

As notícias sobre a sua preparação “do método” para o papel , com direito a presentinhos inapropriados para os colegas de elenco, ecoaram e aumentaram expectativas para o filme.

Pelo método de Strasberg, o ator decidiu desenvolver em si mesmo os pensamentos e emoções do personagem. Objetivo que pode ser cumprido resgatando memórias similares, buscando em si as motivações para o comportamento descrito no roteiro.

Contudo, como se trata de uma técnica baseada em experiências pessoais, muitos atores, como Leto, escolhem replicar nas suas vidas as situações da ficção para ganhar o conhecimento prático exigido pelo papel. Para interpretar Coringa, ele se transformou no príncipe palhaço do crime.

Fiz muitas coisas para criar uma dinâmica, um elemento de surpresa, de espontaneidade e realmente quebrar quaisquer tipos de paredes que pudessem existir. O Coringa é alguém que realmente não respeita coisas como espaço pessoal ou limites”, assim justificou o ator sobre as brincadeiras.

O desfecho foi catastrófico. Um filme repleto de problemas exaltou apenas o pior da atuação de Jared Letto, fazendo essa interpretação ser lembrada como algo horrível. E por fim,  Joaquin Phoenix foi oficializado pela Warner Bros. em um filme solo do Coringa.

O projeto com direção de Todd Phillips gerou repercussão consideravelmente barulhenta e polêmica. A escolha de uma narrativa ousada e considerada arrogante por muitos expectadores, rendeu indicações ao Oscar, com premiação para Joaquin Phoenix como melhor ator. 

No fim, Coringa é de fato um personagem de forte repercussão e que demanda muita atenção ao ser roteirizado e interpretado. E Todd Phillips certamente não respeitou essa noção ao desenvolver sua própria visão do personagem. E a DC segue consideravelmente perdida no que faz com seus heróis e vilões.

 

Foto principal, créditos para Tam Tam the Destroyer.

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