Crítica | ‘Wonka’ emula o clima natalino em produção colorida e refrescante

Refrescante e divertido como um ótimo filme de domingo, ‘Wonka’ ganha vida por Timothée Chalamet em performance questionável.

Diferente de qualquer outra coisa, o chocolate, em si, possui uma magia intrínseca. Sua capacidade de gerar endorfina e serotonina, faz com que a experiência vá muito além dos meros ingredientes. Em ‘Wonka‘, filme protagonizado por Timothée Chalamet, é possível entender, com riqueza de detalhes, toda a sensação causada pelo alimento em nosso corpo em músicas e cores vibrantes.

A versão ressignificada do clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (1971 e 2005), conta a história do pequeno Wonka, aos trancos e barrancos, lutando para alcançar seu maior sonho. A jornada que, por ora, parece conturbada, acaba sendo preenchida por amizades improváveis e um Oompa-Loompa um tanto inconveniente.

Se engana, porém, quem pensa que sua única novidade é o enredo, muito mais do que ele, o filme nos oferece um espetáculo musical com uma ambientação única e a personificação do personagem de uma forma jamais vista. É um momento de muito saudosismo ao clássico que originou a franquia.

Apesar das cenas musicais serem um grande deleite, a performance de Timothée Chalamet reafirma que, talvez, essa não tenha sido a melhor escolha de elenco para dar vida à um personagem excêntrico e cheio de personalidade. Apesar de nítido o esforço, ainda falta uma boa dose de carisma para que a essência extravagante, estabelecida por seus antepassados, seja alcançada.

Os novos personagens que chegam para compor a narrativa de Willy são essenciais a esse frescor. Os vilões, Scrubbit e Slugworth, interpretados respectivamente por Olivia Colman e Paterson Joseph emprestam sua genialidade para peças completamente distintas que se complementam em suas ambições desenfreadas. Os famosos Oompa-Loompas, tão ilustres em suas participações, agora aparecem de forma mais singela, mas que ganham grandiosidade com a performance de Hugh Jackman.

Tendo em vista as recentes catástrofes dos estúdios da Warner, a comercialização da produção pode acabar sendo um fator prejudicial para seu desempenho, já que boa parte de seu marketing, não revela o filme como um musical.

Deixando de lado essa informação, todo o conjunto de cenas, de fato, são capazes de arrancar boas lágrimas dos mais sentimentais. Assim como uma ótima forma de encerrar o ano em família, A direção de Paul King, emula perfeitamente a energia dos filmes natalinos – sem sequer mencionar a época, e os clássicos da Disney que aconteceram entre as décadas de 60 e 70.

É colorido, muito nostálgico e resgata a magia cinematográfica que parecia adormecida nos últimos tempos, embarcando completamente na sofisticação oferecida pela tecnologia, sem deixar de lado o encantamento natural das super produções. ‘Wonka‘, muito mais do que por seu rigor estético, nos emociona com sua capacidade de nos fazer sonhar.

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