Além do talento interdimensional, longevidade passa a se tornar marca registrada de SZA ao lançar o tão aguardado “SOS Deluxe: Lana“. O disco que, mesmo dois anos após o lançamento de seu primogênito, é completamente repaginado numa versão especial e carrega como título, a abreviação e apelido de seu nome de batismo: Solana.
Numa transformação radical, a cantora e compositora estadunidense abandona os oceanos da primeira versão e se joga na floresta com visuais exóticos, mas de extremo bom gosto. Desta vez, com um acréscimo de 15 músicas inéditas, SZA se mantém no R&B contemporâneo sem se limitar, enquanto se diverte na produção de cada faixa, como de costume.
Em conceitos teóricos, não é tão dificil afirmar que cada uma das canções da artista, desde 2014, são completamente atemporais e não parecem envelhecer um dia sequer. Nesta nova versão não poderia ser diferente. O clima que se desenvolve logo no começo com “No More Hiding” e “What Do I Do“, te transporta para um lugar pacífico e não te deixa sair até que chegue ao último minuto das 38 faixas que totalizam o deluxe.
A verdade é que SZA reconhece seu talento e se esforça para entregar trabalhos cada vez mais impecáveis. A canção “BMF” recebe interpolação da famosa “The Girl From Ipanema” de Tom Jobim, assim como “Get Behind Me (Interlude)” é energizada com ritmos de samba dificeis de passarem batido.
Durante a primeira escuta, faz-se perceptível a atenção e cuidado da artista ao adiar o lançamento para que o álbum recebesse novas mixagens e remasterização. Todos os detalhes de produção são extremamente cautelosos, como sempre, e quando acompanhados pelas composições meticulosas de Solana e seus parceiros, tudo fica ainda mais espetácular.
“Scorsese Baby Daddy” e “Love Me 4 Me” caminham lado a lado de forma divertida, enquanto “Kitchen“, totalmente transcedental, é uma daquelas faixas melancólicas que apenas ela poderia fazer. Além disso, “SOS Deluxe: Lana” foi oficialmente apresentado ao mundo com a imagem do ator Ben Stiller (Uma Noite no Museu) no videoclipe de “Drive“. A versão deluxe chega ao fim com “Saturn“, faixa lançada em 22 de fevereiro deste ano, que agora podemos dizer que abriu as portas para que este projeto chegasse onde chegou.
SZA e sua carreira promissora, cheia de talento e com cada vez mais reconhecimento, caminha para um patamar quase inalcançável, com uma discografia invejável e quatro gramofones na prateleira. Apesar de entregar mais um disco coeso e bem produzido, o único questionamento que nos resta, é se o atrelamento ao lançamento de dois anos atrás realmente se faz necessário, já que 15 composições inéditas foram o suficiente para formar uma coletânia harmônica e satisfatória.