Crítica | “Casamento em Família” decepciona com mais do mesmo

Com estreia marcada para quinta-feira (16) e promessa para os que preferem aproveitar o carnaval no cinema, “Casamento em Família” decepciona com enredo morno e obviedades

Com estreia marcada para esta quinta-feira (16) e promessa para os haters da folia que preferem aproveitar o carnaval para dar um pulo no cinema, Casamento em Família (Maybe I Do, em inglês) decepciona com enredo morno e obviedades.

É triste ter que dizer que Michael Jacobs errou tanto. O diretor que atua há mais de 40 anos em Hollywood, com direito a indicação ao Oscar de Melhor Filme por Quiz Show – A Verdade dos Bastidores (1994), alavancou uma nota de 5,6 no IMDB e 31% de aprovação no Rotten Tomatoes por Casamento em Família

O elenco também prometia um melhor desempenho da obra como um todo, com grandes nomes como Richard Gere, Susan Sarandon, Diane Keaton e William H. Macy, além de Emma Roberts e Luke Bracey, as atuações são o ponto alto do filme, em especial as cenas de discussões, mas ainda assim incapazes de salvá-lo do abismo de sua falta de carisma.

Em um ato de desespero, Allen (Bracey) salta para pegar o buquê jogado pela noiva no casamento de seu melhor amigo, na expectativa que sua namorada Michelle (Roberts) não arremate a peça e assim se sinta, mais do que nunca, pronta para dar um próximo passo. A situação gera um conflito que será resolvido em um jantar com a presença de ambos os pais do casal. O que eles não esperavam (só o público) é que cada cônjuge tem um caso conjugal com o outro. Isto é, o pai de Allen (Macy) está tendo um caso com a mãe de sua namorada, Grace (Diane Keaton), e vice-versa.

Sem grandes surpresas, Casamento em Família se propõe a ser uma comédia romântica mas não entrega a comédia e de certa forma, nem o romance. Nenhum dos casais conseguem de fato cativar o espectador e fazer nos apaixonarmos por eles, o casal com mais potencial para isso (os personagens de Diane Keaton e William H. Macy) fica de lado ao longo do filme, deixando apenas as cenas iniciais que exalam química entre a dupla.

A comédia também é praticamente nula, os comentários ácidos da personagem de Susan Sarandon dão uma pitada de humor mas ainda assim são ofuscados pela carga dramática do filme.

No geral, o filme se mostra uma divagação sobre os dilemas de sustentar uma relação mas não oferece grandes reflexões e nem nos emociona com essa proposta, justamente por sua superficialidade e obviedade. Até mesmo a trilha sonora é genérica, a canção “Always You” da cantora Ruth B. explora pouco a emoção da voz da cantora com uma letra recheada de clichês amorosos como “It´s always you” e “Loves comes and loves goes”, que somada a falta de vivacidade do filme são incapazes de trazer aquele sentimento melancólico ou mesmo esperançoso de comédias românticas.

Casamento em Família é uma obra cem por cento reaproveitada, em diversos quesitos, tanto em sua fórmula de comédia romântica, quanto sua construção repartida que supostamente esconderia um conflito que seria revelado só lá na frente, mas que ficam óbvios para quem assiste, seus clichês românticos, como a noiva jogando o buquê e as típicas cenas idílicas do Central Park – que tem seu valor desaproveitado – e até mesmo suas parcerias, Emma Robberts e Luke Bracey fizeram par romântico em “Amor com data marcada” e Sarandon já fez par com Keaton em “O Casamento do Ano” (2013), Gere em “A Negociação” (2012) e Macy em “O Cliente” (1994).

Caso você seja um fã assíduo de comédias românticas ou esteja em busca de uma obra que fale sobre angústias existenciais amorosas, especialmente aos sessenta, talvez o longa seja pra você. Caso contrário, vale mais a pena dar um check no bloquinho da esquina.

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